Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

Sala de Conselho de Luís XV no

 

castelo de Fontainebleau

 

 

 

 

 

Catolicismo, N° 784, Abril de 2016 (1)

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O gênero de beleza evoluiu do tempo de Luís XIV para o de Luís XV. Enquanto a nota do raffiné [requintado] de Luís XIV era o imponente, na época de Luís XV o raffiné é o gracioso. Um esplêndido gracioso, mas é um valor menor que o imponente.

Nesta sala do castelo de Fontainebleau (2) notem as formas arredondadas em tudo. Entretanto, os ângulos retos exprimem muito mais a força do que o arredondado, o qual exprime o jeito, a conciliação, o sorriso.

Por outro lado, as cores se tornam mais delicadas. O ar triunfal, que manifestavam as salas de Luís XIV, desapareceu. Não é uma sala para um Rei vencedor do mundo — como Luís XIV pretendia ser, e em certa medida o foi —, mas para um Rei que leva uma vida gostosa e, nas horas vagas, realiza uma reunião de seu Conselho.

Desta sala não resulta a conquista do universo nem a prevenção da Revolução (3). O ambiente é otimista, de quem não deseja ver o processo revolucionário se formando e adensando. Considerado sob o prisma do maravilhoso, ela o exprime com uma nota de gracioso. Neste sentido, o faz magnificamente. A linha da feeria está inteiramente afirmada. Dir-se-ia que, de algum modo, ela é até mais refinada que os salões de Luís XIV.

Dentro desse gracioso há qualquer coisa de tristonho. Não está presente aquela alegria matinal dos ambientes de Luís XIV. É uma beleza e um gracioso crepuscular, mas com todos os encantos do crepúsculo.

Numa monarquia com uma rainha regente, esta sala estaria adequada — mas não para uma rainha da têmpera de uma Branca de Castela. O ambiente, em todo o seu maravilhoso, poderia servir para lazer num palácio real. Mesmo assim, há algo de perigoso, porque ficando muito tempo aqui, não se tem vontade de passar para outros salões. Ela contém qualquer coisa do anestésico do otimismo, na linha da cançãozinha “Tout va très bien, Madame la Marquise”. 

 

(1) Excertos da conferência proferida em 31 de outubro de 1966. Sem revisão do autor.

(2) O Castelo de Fontainebleau, na França, foi construído no século XVI pelos monarcas da dinastia de Valois. Quando ela se extinguiu, passou para a dinastia dos Bourbons. Foi ininterruptamente residência real até a Revolução Francesa. Napoleão I e Napoleão III também habitaram o castelo. Depois de Versailles, Fontainebleau é o mais importante dos castelos franceses.

(3) As palavras “Revolução” e “revolucionário” são aqui empregadas no sentido que lhes atribui Plinio Corrêa de Oliveira em seu livro Revolução e Contra-Revolução, publicado primeiramente em Catolicismo, nº 100, abril/1959.


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