Plinio Corrêa de Oliveira

O Escorial

Símbolo do gênio, da grandeza

e da alma do espanhol

 

"Catolicismo" nº 791, novembro de 2016 [*]

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A fachada do Escorial [**] apresenta alguma semelhança com a fachada de Versailles: longa, enorme, com motivos que se repetem. Mas na fachada do Escorial há uma nota de simplicidade, de sobriedade e de serenidade que Versailles não tem. Versailles é um edifício festivo; o Escorial é um edifício pensativo. Versailles convida à exibição das grandezas do mundo; o Escorial convida à concentração e a pensamentos das grandezas do Céu.

Nos pavilhões do Escorial há uns tetos esguios que apontam para o céu, com umas esferas em cima que dão a impressão de que algo pegou a terra, meteu um garfo e a levantou para o céu. A terra é espetada e conquistada em ordem ao céu.

É o que não se vê em Versailles, onde tudo é horizontal, nada aponta para o céu, os troféus indicam a glória terrena dos Bourbon e de Luís XIV.

Há qualquer coisa de um pouco monótono nas fachadas do Escorial. Numa delas só há janelas que se repetem; não há um portal ornamental, não há uma consolação para a alma dentro da monotonia invariável das janelas. Mas quando se sabe analisar, nota-se algo da grandeza espanhola.

É certa forma de austeridade, de segurança de si, sem enfeite. Há certa pertinácia na monotonia, como quem diz: “Sou eu. Sou assim e assim está bem. Eu desafio!”. E há qualquer forma da grandeza de gentil-homem combatente, que é preciso saber interpretar para se entender o sabor desse palácio espanhol.


NOTAS

[*] Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 21 de fevereiro de 1970. Sem revisão do autor.

[**] Palácio de San Lorenzo de El Escorial, da época de Felipe II, foi construído entre 1563 e 1584. É considerado um dos principais monumentos do Renascimento espanhol.