Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

Família Imperial austríaca:

o fardo do luxo para o bem do povo

 

 

 

Catolicismo, N° 684 - Dezembro de 2007 (*)

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Pintura representando a família da imperatriz Maria Teresa (1717 – 1780), da Casa d’Áustria, casada com Francisco I (1708 - 1765) da Casa de Lorena

O quadro representa a família imperial austríaca na época da imperatriz Maria Teresa (século XVIII), em trajes da vida de corte.

O traje do imperador é todo dourado. Ele está sentado numa poltrona de um veludo purpúreo, encimada com a coroa imperial. Note-se a posição de seus braços, do corpo, das pernas, dos pés, todo ele numa posição elegante, leve, mas de um homem habituado a dominar, e a fazê-lo sem esforço.

A imperatriz ocupa uma posição mais saliente no quadro, porque ela era propriamente a herdeira da casa d’Áustria. Ele era o imperador-consorte. É digna de nota a grande pompa e a atitude nobre de Maria Teresa, com a cabeça levantada e séria, de uma soberana habituada a comandar multidões.

O menino, vestido como capitãozinho, está portando uma espada. Todos os nobres usavam espada naquela época, e ele assume a atitude de um homenzinho. Não é o herdeiro da coroa. O arquiduque herdeiro, José II, está bem no meio da estrela localizada no solo.

As princesas, graciosas, apresentam-se em grandes trajes de veludo, com brocados, bordados, num terraço do palácio.

Pode-se perguntar o que representam no quadro os dois cachorrinhos brincando. O século XVIII não concebia manifestação de grandeza sem um suplemento de graça. Era preciso que houvesse um complemento de leveza, para a grandeza verdadeiramente manifestar-se. E o que há de muito nobre, de muito elevado nas pessoas, compensa-se com o divertimento dos cachorrinhos. Fica insinuado que essas pessoas tão poderosas, tão importantes e tão nobres, são capazes de compreender os aspectos miúdos da vida, os aspectos requintadamente graciosos.

Constatamos nisso um pouco da douceur de vivre (doçura de viver) de Viena. Devemos imaginar a família imperial passando pelas ruas da capital, em esplendorosas carruagens, mas em consonância com esse estilo gracioso de vida. E o povo gostava da família imperial. Era um povo que ainda praticava a virtude cristã da admiração. Sabia admirar humildemente, desinteressadamente, uma coisa que não era para ele, mas que refletia a glória de Deus e engrandecia o gênero humano. Era um patrimônio comum da população.

* * *

Em suas memórias, Luís XIV comenta o peso que a nobreza suportava: “A nobreza tem de aguentar o fardo do luxo para o bem do povo”. Ele assim exprime o conceito de que é um bem para a população a nobreza aguentar o fardo do luxo, para produzir esplendor. Assim como uma grande desgraça, recaindo numa pessoa, deve tornar sensíveis a ela todos os homens, pela solidariedade humana, um grande estado de esplendor e de felicidade, recaindo sobre alguns, é igualmente benfazejo para todos. É isto que o homem revolucionário de hoje não admite e não sente mais. 

(*) Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio em 25 de junho de 1970. Sem revisão do autor.


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