Plinio Corrêa de Oliveira

 

Loreto analisada por Santa Teresinha do Menino Jesus:
relação entre ambiente,

organização social e virtude

 

 

 

Santo do Dia, 10 de dezembro de 1970

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A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério tradicional da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.

 

Clique acima para ouvir a gravação original do presente "Santo do Dia"

Santa Casa de Loreto

Hoje é festa da transladação da Santa Casa de Loreto.

A esse propósito, leio uma ficha extraída dos “Manuscritos autobiográficos de Santa Teresinha do Menino Jesus”. Ela escreve que estava contente de tomar a estrada de Loreto numa peregrinação que fez à Itália com sua família, quando tinha cerca de 15 anos (em novembro de 1887): 

Não me admiro que a Santíssima Virgem tenha escolhido esse lugar para transportar a Sua casa bendita. A paz, a alegria, a pobreza reinam ali como soberanos. Tudo é simples e primitivo. As mulheres conservam o seu gracioso traje italiano e não adotaram, como em outras cidades, a moda de Paris.

     

Trajes típicos lauretanos à época da visita de Santa Teresinha

"Enfim, Loreto encantou-me! Que direi da Casa Santa? Ah, minha emoção foi profunda achando-me sob o mesmo teto que a Sagrada Família!

 Os senhores vejam que interessante o comentário de Santa Teresinha todo na linha da secção de “Catolicismo” dos “Ambientes e Costumes”! Ela faz sentir a adequação que tem aquela paisagem às virtudes que uma tal relíquia como a Santa Casa deveria disseminar em torno de si. E depois observa como aquela paisagem, mais a Santa Casa com as graças que trazia, modelaram a alma e os costumes dos habitantes.

Ela tece um comentário de caráter essencialmente tradicionalista – no sentido bom do termo – mostrando como as mulheres do lugar fizeram bem em ter conservado seus costumes, seus trajes antigos. Os senhores sabem que no tempo de Santa Teresinha (séc. XIX), havia muitas regiões da Europa onde se conservavam os trajes típicos.

Então, Santa Teresinha observa isto e mostra como era bom e faz uma censura ao cosmopolitismo elogiando o regionalismo: como procediam bem as mulheres de conservarem seus cândidos trajes de outrora em vez de usarem a moda de Paris, que a Revolução impunha a todos como processo para massificar o mundo e para acabar com todas as características regionais.

Santa Teresinha, pouco tempo antes de entrar no Carmelo

Os senhores podem calcular, através dessa narração, quanto havia de contra-revolucionário na alma de Santa Teresinha e quanto seu espírito era afeito à observação das circunstâncias da vida temporal e sensível ao princípio – tão caro a nós! – da correlação entre vida temporal e vida espiritual, de um lado. E, de outro, de como uma sadia organização social favorece a prática da virtude e a santificação. Tudo isso está contido nesse trecho tão simples, tão sintético, tão cheio de suco, tão denso!

A gente não pode deixar de sorrir ao considerar que ela mesma estava vestida conforme o que chamava “a moda de Paris”. Pois Santa Teresinha não usava os trajes de sua região porque só os camponeses continuaram fiéis aos trajes regionais e ela não era uma camponesa. Portanto se trajava segundo a moda parisiense que ainda era – naquele tempo – decente, que correspondia ao pudor, na qual não havia imoralidade. Mas em que ela discernia o mal muito grave do cosmopolitismo. Os senhores estão vendo como está, portanto, filosoficamente bem pensada sua atitude.

Podemos, então, fazer uma outra consideração: a resignação com que Santa Teresinha portava seu próprio traje. É essa a resignação com que devemos carregar  esse paletó, essa gravata – reputados hoje tão reacionários... – e que não satisfazem a fome e sede de Contra-Revolução que há em nossas almas; nós sentimos que eles são uma libré da Revolução e gostaríamos de nos ver livres disso. Nossas almas sonham com outros trajes, sonham com outras coisas, não é verdade? Está bem, mas devemos ter – debaixo de uma libré que nos é imposta – a firmeza de sermos fiéis aos princípios opostos a essa libré! E aqui está a nossa posição!


Nota: Para aprofundar mais o tema relativo à Santa Casa de Loreto, vide o documentado blog abaixo:

https://cienciaconfirmaigreja.blogspot.it/2012/04/transladacao-da-santa-casa-de-nossa.html


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