Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

Rotemburgo: bom gosto e dignidade

na vida popular medieval

 

 

 

Catolicismo, N° 616 - Abril de 2002 (*)

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A sociedade da Idade Média dividia-se em três classes. A mais alta das classes era o Clero, porque constituída por pessoas consagradas a Deus, integrantes da estrutura da Igreja Católica Apostólica Romana.

A segunda classe era a Nobreza — a classe dos guerreiros e dos proprietários de terras no interior. Em caso de guerra, eram eles que iam para a frente de batalha. Serviço militar obrigatório era só para os nobres. Para os plebeus, o serviço militar era muito restrito.

Por fim a Plebe — era a terceira classe, portanto —, à qual cabia a produção econômica.

Habitualmente, quando ouvimos falar em Idade Média, pensamos em catedrais suntuosíssimas, em castelos magníficos. E com base na realidade, porque na Idade Média construíram-se catedrais e castelos incomparáveis. Mas é natural a indagação: como seria então a vida da plebe — ou seja, do burguês e do trabalhador manual — nessa época?

A cidade cujas ilustrações vemos aqui oferece-nos uma resposta palpável de como era essa vida. 

Qual é a localidade? É a cidadezinha construída naquele período histórico, denominada Rothenburg ob der Tauber. Tauber é o nome de um riozinho que banha essa cidade. Em português: Rotemburgo sobre o Tauber.

A cidade era fortificada, porque poderia haver incursões de inimigos do Sacro Império Romano Alemão que quisessem tomá-la. Para essa eventualidade, havia uma muralha que a cercava e a tornava absolutamente fortificada, como uma fortaleza.

Em seu interior, porém, encontramos o contrário. Era uma cidade de trabalho, onde se vivia o dia-a-dia da pequena burguesia medieval ou do trabalhador manual. Naturalmente, as construções mais bonitas eram as da pequena burguesia. Grande burguesia como que não havia lá. Era praticamente só a pequena.

As casas, em grande parte, comportavam a residência de mais de uma família. Eram prédios de apartamentos daquele tempo. Havia uma entrada geral do edifício, o qual continha vários apartamentos. Pode-se conjeturar que nos andares de cima ficavam os aposentos dos trabalhadores manuais e nos dois andares de baixo residiam as pessoas mais abastadas. Como não havia elevador naquele tempo, para morar lá no alto era necessário subir escadas a mais não poder. O resultado era que o aluguel desses andares era mais barato. 

Os prédios eram indiscutivelmente bonitos. Não da beleza de um castelo, mas belos, dignos e inteiramente diferentes de uma favela ou das moradias de um bairro operário de qualquer cidade moderna.

Há uma ideia de solidez e aconchego nesses edifícios, que nos possibilita avaliar o prazer de estar em seu interior. Tem-se a impressão de que lá come-se bem, dorme-se bem, e nos dias feriados descansa-se bem. E na Idade Média o número de feriados era colossal. 

As cores dos edifícios são discretas, embora não sejam tristes. São cores agradáveis. Há uma preocupação de bom gosto e de arte em tudo, até nos pinheirinhos plantados diante das casas, que são encantadores. 

Termino citando Karl Marx. Numa obra em que ele apresenta a história do operariado europeu, há uma frase que os comunistas atuais não gostam de repetir: "A idade de ouro do operariado europeu foi a Idade Média".

 

(*) Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio para sócios e cooperadores da TFP em 22 de novembro de 1986. Sem revisão do autor.


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