Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

Tigre:

Agilidade aliada à surpresa

 

 

 

Catolicismo, N° 775, Julho de 2015 (*)

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Se alguém dissesse que o tigre é o rei das selvas, não diria a verdade. Por quê? Porque não é, por sua natureza, um dominador, um animal dotado de instinto para comandar. Ele pode ser admirado, mas por outros atributos.

O tigre é um explorador de oportunidades, um aventureiro que sabe aproveitar as ocasiões. É dotado de força e se impõe. Mas sua força é a do músculo.

Alguém poderia perguntar: “Mas, o tigre então seria como que um ‘proletário’ do reino animal?”

— O tigre é um grand seigneur que se impõe à admiração, mas não postula a obediência. Ele se impõe pelo medo causado devido a seu modo de ser. Quem o vê passar com aquela cara e seu modo de pisar cauteloso, é inclinado a pensar: ele pode aprontar alguma surpresa!

Apesar de ser um animal irracional, o tigre revela um sentimento que parece fixar nossos olhos. O leão não, mas o tigre causa-me a impressão de mirar nossa vista. Se eu começasse a pensar como enfrentar um tigre, desviaria os olhos dele, porque me parece que o animal perceberia as minhas cogitações.

Eu sorriria para o tigre? Também não, por medo de lhe apresentar uma fisionomia variegada que o impeliria a me atacar. A primeira medida que eu tomaria diante dele, caso não pudesse fugir, seria externar a maior imobilidade e tranquilidade, qualquer que fosse o risco, até colocar-me jeitosamente numa posição segura.

Essa é a agilidade do tigre, que antes de tudo simboliza a agilidade de percepção no espírito humano. Ele parece captar as coisas fugazes, os matizes, os perigos e os movimentos. Diante disso, tem-se a impressão de que o tigre percebe como vai ser atacado. O leão não, nem olha o adversário que está enfrentando, como é próprio ao rei dos animais. Ele ataca e o liquida.

O tigre denota a agilidade aliada à surpresa. Uma das mais elevadas formas de agilidade é saber empregar a surpresa. Quando ele anda devagar na floresta, sua aparência é a de que não percebeu a presa e que se afasta dela. Quando a presa imagina que ele está indo embora, o tigre vira-se e pula em cima da vítima. Ele como que finge para poder atacar com segurança.

Como muitas coisas na vida, cabe a nós homens muita vigilância para discernir esses dotes instintivos da fera. 

(*) Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio em 15 de setembro de 1988. Sem revisão do autor.


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