Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

O Castelo de Valençay:

 

senhorio, poder, grandeza e esplendor

 

 

 

 

 

Catolicismo, Novembro de 1998 (*)

  Bookmark and Share

 

A primeira impressão, ao se observar esse castelo, situado no vale do Loire, na França, é de deslumbramento. Uma coisa maravilhosa! Um conjunto de torres que se elevam garbosas para o ar, indicando senhorio, poder, grandeza e esplendor.

São torres de um castelo-fortaleza. O intuito da fortificação está muito expresso na carência de janelas. Percebe-se que de um lado foram abertas janelas, mas não existem janelas por toda parte. Deve haver falta de ar e de luz em algumas partes desse edifício. Mas isto era necessário para a construção não poder ser arrombada, violada por pessoas que quisessem penetrar nela. São torres de fortaleza.

Percebe-se que, por baixo do teto arredondado, em forma de chapéu, e das chaminés no outro bloco do edifício, existem ainda as ameias de uma torre medieval. Tudo quanto é em ângulo só pode mais facilmente evocar uma idéia militar, de combate, do que formas arredondadas. Esse como que chapéu colocado no alto da torre confere um ar civilista ao castelo...

Além do deslumbramento, aludido no início da matéria, qual a primeira impressão que ocorre ao espírito, quando se examina o castelo?

Nossos subconscientes estão impregnados com os horrores e as caretas da arquitetura moderna. Surgida de repente uma obra arquitetônica como esta, é principalmente a idéia do contraste que vem a nosso espírito. De um lado, a plebeidade, o aspecto proletário enfeitado de tantos prédios que existem nas cidades contemporâneas; e de outro lado, tal edifício que fala de ornato, que ostenta beleza e nobreza. Esse complexo arquitetônico forma um todo em oposição a um conjunto moderno. 

*    *    *

O jardim é especialmente belo. Ele é constituído por grandes canteiros com grama e arbustos, estabelecendo uma certa distinção reverencial entre quem está olhando para o castelo e o próprio castelo. O parque mantém a distância. Tudo quanto é respeitável, ao mesmo tempo atrai, mantém a distância. É o próprio da respeitabilidade. O modelo infinito e perfeito disso é Nosso Senhor Jesus Cristo. Olhando as verdadeiras imagens do Divino Redentor, nossa alma sente uma tendência para voar até o coração dEle e... ajoelhar-se. Porque tudo quanto é respeitável e elevado, atrai, mas mantém a hierarquia.

O castelo de Valençay atrai. Mas, é ou não é verdade que ele incute respeito?

Eu pergunto: não é verdade que faria bem a um sem-número de pessoas, se ao invés de ter para observar as lambidas e frias prefeituras municipais de hoje em dia, pudesse admirar um centro de construções dessa natureza?

Outra pergunta ousada. Quem é mais culto: um camponês analfabeto, mas visita com freqüência o referido castelo e aprende a admirar, a amar, e a respeitar, ou um outro, que vive nas condições em que alguns vivem hoje no interior: aprende a ler, a escrever, aprende as quatro operações aritméticas e alguma coisinha de geografia, mas que só tem um contato com a prefeitura municipal, a delegacia de polícia, a recebedoria de rendas?...

Não é verdade que uma pessoa que sabe apreciar esse edifício e é analfabeto, entende melhor as coisas do que um alfabetizado que não sabe prezar isso?

Então, é preciso reconhecer que há uma outra forma de analfabetismo. Não é aquela por onde não se sabe ler e escrever, mas um gênero de analfabetismo do espírito, mediante o qual não se consegue sentir as belezas e as maravilhas da arte, da cultura e da civilização... 


(*) Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira para sócios e cooperadores da TFP em 2 de agosto de 1989. Sem revisão do autor.


ROI campagne pubblicitarie