Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

O cavaleiro medieval

 

 

 

 

 

Catolicismo, N° 556 - Abril de 1997 (*)

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Na Idade Média, os conceitos de cavalaria e de nobreza em certo sentido se confundiam. Assim, nem sempre o cavaleiro era nobre, mas muitos deles participavam dessa condição; nem todos os nobres eram cavaleiros, embora muitos o fossem.

Que característica do cavaleiro medieval o tornou célebre na História?

O traço marcante foi a Fé.

Daí a coragem que o cavaleiro revelava nas mais terríveis das lutas, as cruzadas, visando libertar o Santo Sepulcro de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tais empreendimentos almejavam esse objetivo no Oriente, e, na Península Ibérica, aspiravam livrar, do jugo maometano, as populações espanhola e portuguesa.

A grande capacidade de combate desse guerreiro era explicável: tratava-se de defender a Religião, ao que ele se entregava inteiramente, arriscando mesmo a própria vida.

Tal característica existiu no cavaleiro medieval em harmonia com outras notas, aparentemente contraditórias.

O cavaleiro era homem de Fé. Contudo, dotado também de espírito prático, chegou a edificar grandes fortificações, esplêndidos castelos e, em alguns casos, imponentes catedrais, levando mais longe do que ninguém a arte de construir maravilhas.

Ele, corajoso na luta, requintou, pouco a pouco, as regras de boa educação e do convívio amável.

Altivo perante seus iguais, mas benevolente no trato com o sexo frágil, os velhos, os doentes e os feridos na guerra. Então, parecia ele, por assim dizer, feito de açúcar. Entretanto, era só o inimigo ousar qualquer coisa contra os interesses da Igreja que aquele homem tão doce transformava-se num leão.

Ele, um batalhador, não obstante favoreceu enormemente a cultura, revelando-se um propulsor das artes e elevando o tom de vida a um nível menos rústico do que o vigente no início da Idade Média. Donde se explicam os bonitos móveis, as belas alfaias, a gastronomia refinada, os vinhos excelentes e os sinos harmoniosos surgidos naquela época histórica. Foram traços estes que o cavaleiro, antes tão rude, paulatinamente imprimiu na vida de então, tornando-a cheia de afabilidade e beleza. Em suma, colaborando para ser implantada a civilização católica.

Esse era o perfil do cavaleiro medieval.

 


(*) Excertos tirados de comentários do Prof. Plinio para cooperadores da TFP em 18 de dezembro de 1992. Sem revisão do autor.


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