Plinio Corrêa de Oliveira

 

Médicos e comunismo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Legionário, 3 de fevereiro de 1935, N. 164

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Fez muito bem a polícia proibindo a reunião do Sindicato Médico de São Paulo. Organização reconhecidamente comunista, formada por “intelectuais” do marxismo, reúne em seu seio os numerosos médicos que se filiam ao sovietismo. Como elementos orientadores que são, e portanto perigosíssimos, devem ter seus meios de ação convenientemente cerceados, de modo a se limitar suas possibilidades de propaganda. É uma medida necessária a quem queira defender a existência normal do homem, condicionada pela tríplice afirmação da Religião, da Pátria e da Família.

E para quem conhece o meio médico nacional, essa providência se impõe imediata e necessariamente.

Sujeitos a uma formação materialista nas Escolas de Medicina, só caracteres de rija têmpera são capazes de resistir sem desfalecimentos ao ateísmo, ao amoralismo e ao indiferentismo que nelas dominam. Quando em uma aula de Biologia se afirma que “devemos considerar a vida como um acidente da ordem do magnetismo ou da radioatividade”, e que “seria tão pueril imaginar o universo feito para ela como para a realização do magnetismo”, entendendo-se a vida como se “fosse um subproduto do Universo”, sendo a Biologia “a ciência que se preocupa com tal subprojeto”; quando em diversas cadeiras se ridiculariza a religião, e na obstetrícia se criticam as doutrinas católicas sobre a vida da criança, nada há que admirar se os médicos perdem a visão moral da vida.

Afirmou um clínico desta Capital que seus colegas se fazem comunistas por razões de piedade, condoídos com a sorte dos miseráveis a quem socorrem. Não tem fundamento essa hipótese. Em primeiro lugar, porque não é no comunismo que se devem buscar exemplos de caridade, baseado como é no ódio de classes; em segundo lugar, porque domina entre os médicos comunistas, materialistas que são, a idéia de superioridade absoluta de determinados homens e o desprezo mais completo pela vida e pelo estado dos miseráveis, inferiores psíquica e fisicamente, e portanto destinados a desaparecer. Os pobres são, assim, perfeitamente comparáveis a animais de experiência, nos quais se tem direito a tudo fazer. A verdadeira causa da adesão dos médicos e de outros elementos das classes cultas ao comunismo, se encontra na liberdade moral que este concede; não se encontram entre eles ascetas da virtude, mas homens a quem a civilização cristã não permite o máximo de depravação e que procuram, então, o regime ideal em que ela se possa estabelecer.

Por isso mesmo, fez bem a polícia em proibir a reunião do Sindicato Médico. Embora seja uma medida que apenas constitui um paliativo, deve ser usada rigorosamente, pois o mal já existe, e o governo tem como dever evitar que ele se propague. Mais profundamente, porém, deve agir o governo, evitando que novas gerações se envenenem nas Escolas Superiores. Está, essencialmente, em seus deveres preservar a moralidade e as nossas tradições de espiritualismo cristão; o projeto da Lei de Segurança Nacional o reafirma quando estabelece penas de 3 a 6 anos de prisão aos pervertedores da juventude. É o que exprime o parágrafo 4º do artigo 3º no Capítulo II, quando inclui entre os crimes contra a ordem social “pregar por qualquer meio doutrinas contrárias à constituição da família, ou que pervertam os jovens ou os bons costumes”. “Não há uma verdade moral, e uma verdade científica ou social, distintas entre si. Há uma só verdade, e ela deve ser ensinada porque é verdade”. Não é lícito, portanto, que se tolerem professores que a deturpam em benefício de [idéias] erradas. Para que a Universidade seja verdadeiramente a luz que ilumine as inteligências, torna-se preciso que seu ensino seja um só, sempre pautado pela linha moral mais severa. Essa linha não existe fora do Catolicismo. Só ele poderá preservar a mocidade do erro, dando-lhe a conhecer a verdade, e oferecendo-lhe a solução racional de todos os problemas humanos.


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