Plinio Corrêa de Oliveira

 

Comentando...

Os argumentos do ex-presidente

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 21 de fevereiro de 1937, N. 232, pag. 2

 

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Voltamos ao Sr. Nitti, ex-presidente do Conselho de Ministros da Itália; e voltamos também ao [jornal] “Estado de S. Paulo”, que permite a publicação da propaganda comunista em suas colunas. O Sr. Nitti admira­se, no artigo publicado domingo último, de que haja países não vizinhos da Espanha que afirmem categoricamente sua oposição à implantação de um regime comunista na Península Ibérica. E diz:

“Se se instaurasse uma república soviética na Espanha, coisa dificílima e absurda, isso só poderia preocupar, dada a proximidade, à França e a Portugal que limitam com a Espanha. Ora, por que a França não se preocupa com isso e sim a Alemanha, que está tão longe e declara ter destruído o bolchevismo dentro do Reich?”

Demonstremos essa primaríssima argumentação do Sr. ex-presidente, com um exemplo concreto. Há comunismo na Rússia? Todo o mundo o sabe. Deixemos, portanto, os russos com o seu marxismo, pois nós estamos muito longe. Dancemos, folguemos e comamos. O comunismo se estende pela Europa, domina a Alemanha, a França, a Itália, a Inglaterra, invade os Domínios [?], avança pela África, corre pela Ásia até o Japão, atravessa o estreito de Bering e penetra no Alaska e Canadá. Ora, continuemos a dançar, a folgar e a comer. Que nos importa os outros?

Depois o movimento desce pelos Estados Unidos, atravessa a América Central, se instala na Colômbia e Venezuela e infiltra os nossos Estados do Norte, enquanto do Sul da África um broto vai implantar-se na Patagônia e sobe pela Argentina até o Rio Grande do Sul. Pois, tudo isso está multo longe. São 5.000 e tantos quilômetros para o norte, quase 2.000 para o sul. Os outros que se entendam. Nós devemos continuar a cantar, a folgar e a comer, até que sejamos apanhados em festa e aniquilados.

Essa é a doutrina que o Sr. Nitti prega: que ninguém se importe pelo fato do comunismo vir a dominar em mais um ou dois países. Estão sempre muito longe de qualquer outro!... O pior desse artigo não é que ele tenha sido escrito pelo Sr. Nitti a quem já conhecemos de sobra. Mas que seja oferecida aos brasileiros essa doutrina, e por um jornal que se diz “nacionalista” é o que é profundamente lamentável.


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