Plinio Corrêa de Oliveira

 

Comentando...
 
Ainda os armamentos

 

 

 

 

 

 

Legionário, 9 de janeiro de 1938, N. 278, pag. 2

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Não é a primeira vez que comentamos a corrida armamentista que vai pelo mundo todo. É a destruição das riquezas nacionais no que há de mais improdutivo e particularmente no que há de mais perigoso. Como os armamentos em pouco tempo se tornam arcaicos diante dos novos aperfeiçoamentos na arte de matar, as nações que os estão armazenando agora terão certamente que colocá-los em uso dentro de breve tempo. E sabe-se que isto significa a guerra.

É da semana finda a mensagem do presidente Roosevelt pedindo créditos para novas construções navais e para reforço das verbas destinadas ao Exército. Tais créditos atingem a mais de um bilhão de dólares, ou seja, a mais de 20 milhões de contos de reis. Trata-se, como se vê, de uma ninharia!

Note-se ainda um detalhe da mensagem do presidente dos Estados Unidos. O sr. Roosevelt ordenou, noticia a “United Press”, que “os planos de rearmamento sejam realizados com a máxima rapidez, sem levar em conta o equilíbrio do orçamento ou quaisquer outras considerações de natureza política”.

É a isso que a insensatez dos estadistas modernos levou o mundo. Em primeiro lugar, o preparo da guerra, pouco importando as obras produtivas, as obras de assistência ao povo, o bem da população. O que se necessita é de armamentos e de guerras. Que a humanidade se destrua e que tudo se perca, que importa aos homens de hoje? É precisamente o ideal do anarquismo: a destruição até que desapareça da terra o último vestígio do homem.

E tudo parece indicar que os governantes do século XX se abeberaram nas doutrinas dos niilistas e estão dispostos a realizar a destruição tão desejada por estes.


Folha de S. Paulo, 9 de maio de 1981, "Sê coerente..." (por Plinio Corrêa de Oliveira):

(...) De repente, eis que sobre o grande festival alegre, gaiato, porém não sem traços de dignidade, projetou-se uma luz inesperada.

De 25 para 26 de janeiro de 1938, Portugal inteiro estremeceu. Pois aparecera nos céus noturnos da Lusitânia fenômeno jamais visto, isto é, uma imensa aurora boreal. O povo, quiçá impressionado pela perspectiva dos castigos com que, no declínio da 1ª Guerra Mundial, Nossa Senhora de Fátima, pela voz de Lúcia, Jacinta e Francisco, ameaçara o mundo impenitente (difusão dos erros da Rússia por toda a Terra, nova guerra mundial, nações que desapareceriam etc.) se punha a rezar pelas ruas, temendo a justiça de Deus. Sinos tocavam. As igrejas se enchiam. Amanheceu normalmente o dia, e a vida continuou sem mais. Em outras nações em que houvera a aurora boreal – o fenômeno foi visto até na Itália e na Grécia – ninguém se incomodara. Algum tanto tendenciosamente informada pelas agências noticiosas internacionais, a opinião pública de todos os países pôs-se a rir: "esse Portugal..."

Mas veio o castigo. Em março de 38, a Alemanha anexava a Áustria. Em outubro, os sudetos. Em março do ano seguinte foram invadidos a Checoslováquia e o Memel (Lituânia). Em setembro a Polônia. A guerra começara.

Essas foram as etapas da derrocada de um mundo, o qual só queria uma existência terrena impregnada do prazer de viver. (...)


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