Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Monges barbados

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 8 de maio de 1938, N. 295, pag. 2

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Os jornais noticiaram a dispersão, pela polícia, de um bando de fanáticos, que poderiam ser barbados, mas que não eram monges.

Vem pelo considerar a profunda ignorância religiosa de nossos sertões, que é uma porta aberta para todos os fanatismos. Essa ignorância religiosa tem por principal responsável, força é confessá-lo, ao Governo de nosso país.

De fato, desde que a Igreja vem sendo entravada, pelas esferas oficiais, em sua obra civilizadora. No Império, o regalismo abafava a vida católica, procurando transformar a Hierarquia eclesiástica em repartição pública. Na República, o positivismo caolho não percebia e não admitia mais nada além do muito convencional e idiota “saúde e fraternidade”.

Gobineau [1816-1882, diplomata, escritor e filósofo francês], quando definiu o brasileiro como “um homem que deseja ardentemente morar em Paris”, por certo tinha presente ao espírito a algum politicóide nacional. Esse curioso espécimen de nossa fauna vive, por via de regra, embasbacado pelo além-mar; por isso, tem sempre as costas voltadas para o seu país. Assim - é óbvio - uma porção de coisas patentes e positivas ficam-lhe ignoradas. Entre elas, avulta a profunda aspiração religiosa de nosso povo.

O povo brasileiro tem a sensação muito viva, embora confusa, do estado de verdadeira objeção material e espiritual em que vive. Por isso, esse povo tem um desejo ardente de regeneração, digamos mesmo, de redenção. Daí essa perpétua esperança num homem ou num milagre, numa qualquer coisa enfim, que o venha salvar. Ora, levando em conta, além disso, a ignorância religiosa a que já aludimos, compreender-se-á a frequência de iluminados como Antonio Conselheiro, e a facilidade do povo em segui-los.

Só há um remédio, portanto, a essas eclosões periódicas de fanatismo: a Religião Católica, que trará ao povo brasileiro a salvação por que ele aspira.

Por conseguinte, enquanto o Governo não auxiliar e favorecer a propagação da fé católica, não terá o direito de, legitimamente, dissolver pela força as reuniões desses pobres, ignorantes e infelizes brasileiros.


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