Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

Para os liberais do Brasil lerem


Não basta abrir escolas, para que se fechem as prisões!

 

 

 

 

 

 

Legionário, 7 de agosto de 1938, N. 308, 1a. pag.

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Haverá ainda hoje um indivíduo tão ingênuo que defenda sem reservas o velho adagio que reza “Abri uma escola e fechareis uma prisão”? As últimas estatísticas policiais de Londres vieram demonstrar que, se tal indivíduo existir, a sua ingenuidade deve ser enorme.

Com efeito, verificou-se em Londres que se tornam necessárias sérias medidas a fim de isolar dos seus companheiros mais instruídos os jovens pensionistas das casas de correção; verificou-se que eles aprendiam lá os últimos processos de lesar o próximo e outras noções ainda menos inocentes e deixavam o instituto mais pervertido do que quando haviam ingressado.

Isso vem demonstrar que não (nota: erro de composição gráfica, faltam algumas letras no original, talvez seja a palavra “basta”) que uma escola esteja em local majestoso, provida de janelas largas e conte com grandes subsídios; é necessário, antes de tudo, que o ensino seja são, do contrário, o estabelecimento será facilmente transformado em escola superior de crimes, como está acontecendo com as casas de correção em Londres.

Após os relatórios policiais das províncias, o da metrópole londrina confirmou, mais uma vez, que deve ser feito com toda urgência um sério inventário do ensino: elevou-se de 14 para 15 anos a idade da instrução obrigatória, mas o remédio não foi eficaz. Em Londres, em 1936 a polícia registrou 83.777 delitos; em 1937, 92.192. Em toda parte o número de delinquentes “jovens” aumenta de modo alarmante. Em uma divisão de polícia 30% dos ladrões detidos não tinham ainda 18 anos e 60% não tinham 20 anos. Entretanto as escolas não diminuíram em número.

A explicação salta aos olhos: o que mudou foi a atitude dos professores em relação às questões religiosas; o ensino religioso nas escolas não é mais o que era há alguns anos. Adivinha-se logo que certas influências, mais silenciosas e prudentes na Inglaterra que em outros países, conseguiram colocar as “alavancas de comando” em mãos de seus adeptos. As consequências são claras.

Os arcebispos protestantes de York, de Bristol e de Canterbury, este último chefe da Igreja do Estado, manifestaram-se energicamente contra “a concorrência do Estado no domínio da educação, que era outrora deixada livre à iniciativa particular” e o “trabalho de certas forças categoricamente hostis à toda religião”.

O Arcebispo de Canterbury propôs uma emenda à nova lei sobre a idade de instrução obrigatória, tendendo a facilitar a sua aplicação nas escolas livres.

A Câmara dos Comuns lhe recusou a medida de elementar equidade que pedia. O “truque” – esta é a expressão adequada – consiste em reservar os subsídios para uma categoria de estabelecimentos e em impor às autoridades religiosas taxas quase sobre humanas, sem mesmo dar-lhes um prazo para satisfaze-las.

Os bispos católicos, desprovidos de fontes de renda oficiais e já onerados com as obras das dioceses mais novas, também protestaram, mas em vão, contra essa má vontade de certas administrações.

E essa má vontade não se limita a negar o que é pedido em nome da justiça; concretiza-se também na ação de impedir de qualquer modo que o ensino religioso se faça, mesmo dentro da lei. Recentemente uma senhora de Reading doou 800.000 francos para a construção de uma escola anglicana livre. Imediatamente as Comunas movimentaram-se e listas de protestos, com assinaturas habilmente extorquidas, começaram a circular; a licença para a construção foi negada, por haver habitantes contrários a ela. É a guerra sem tréguas, não só contra a verdadeira religião mas contra toda e qualquer ideia religiosa.

Como é possível que escolas cujos professores tenham tal mentalidade, formem jovens com moral sadia?

E há ainda “liberais” que tem a ingenuidade de pensar que basta simplesmente “abrir” escolas para ver realizado o adágio “e fechareis uma prisão”.


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