Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

Santa Maria Egipcíaca, Penitente

 

 

 

 

 

 

Legionário, 2 de abril de 1939, N. 342, pag. 3

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Santa Maria Egipcíaca (ou do Egito ou Egípcia, ca. 344 - ca. 421) - Tintoretto

Nada se sabe da origem e da educação dessa santa. Por sua própria confissão, sabe-se que, aos 12 anos, cedendo a uma paixão desenfreada, fugiu da casa paterna dirigindo-se para Alexandria. Lá desde então entregou-se a uma vida desregrada.

Anos mais tarde, levada unicamente pelo prazer da viagem, foi para a Terra Santa em companhia de um grupo de peregrinos.

No dia da festa do Santo Lenho, como os romeiros se dirigissem para a basílica, com o fim de venerá-lo, por pura curiosidade Maria os acompanhou. A Providência, nessa ocasião, ia usar para com ela de um recurso proporcionado aos seus pecados. Maria se metera por entre a multidão que se dirigia para a basílica, e foi arrastada por ela, mas chegando à porta, sentiu-se imobilizada. Por mais que insistisse, não conseguiu penetrar na basílica.

Como procurasse a explicação desse fato, Deus a auxiliou-a e percebeu claramente que eram os seus pecados que a tornavam indigna de entrar no templo.

O conhecimento dessa verdade tanto a perturbou, que aproximando-se de uma imagem da Virgem, chorou amargamente. Na sua dor, ela se lembrara que Maria era chamada o refúgio dos pecadores. A Ela recorreu, pois, pedindo o seu auxílio, e prometendo fazer penitência até à morte.

Sentindo grande paz de alma, dirigiu-se a pecadora arrependida de novo ao santuário, e nada mais impediu a sua entrada. Uma vez dentro, chorou amargamente os seus pecados e voltando a venerar a imagem diante da qual rezara pela primeira vez, pediu-lhe que a inspirasse. Deus é sempre bom para os arrependidos. Percebeu ela que devia atravessar o Jordão, e do outro lado, permaneceu em penitência.

No dia seguinte ao da sua conversão, confessou e comungou, partindo em seguida para o lugar onde devia passar 47 anos em penitência.

Os seus primeiros anos de isolamento foram constantemente atribulados por contínuas tentações, mas como Maria não se afastasse do caminho da virtude, elas foram aos poucos cedendo a uma profunda paz.

Todas estas particularidades foram por ela contadas a São Zózimo, seu confessor, a quem pediu que as revelasse depois de sua morte.

Pediu-lhe uma vez que trouxesse o Santíssimo Sacramento na Quinta-feira Santa. Chegando São Zózimo no dia marcado, viu com grande espanto Maria andando sobre as águas. Aproximando-se das margens, comungou devotamente, entoando depois o cântico de Simeão: “Agora, Senhor, deixai partir vossa serva”. Por sobre as águas voltou para o deserto onde morreu. Quando São Zózimo foi de novo procurá-la, encontrou o cadáver da santa intato, respeitado pelos vermes e pelas águas.


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