Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

No campo de concentração de Dachau

 

Os pilares do regime

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 10 de setembro de 1939, N. 365, pag. 4

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Os regimes totalitários são assim. Impõem-se pelo terror e pela ameaça. A sua consideração está na força e na brutalidade.

Para tal eles usam de todos os métodos e desprezam toda e qualquer lei humana, destruindo as concepções verdadeiramente católicas para erigir em seus lugares a superioridade material com a qual conseguem manter e explorar o poder, em nome de ideais puramente convencionais, que servem apenas o interesse de um grupo, ou quase sempre de um homem, como se verifica na Alemanha.

Um artigo de um jornalista francês nos dá muito bem uma ideia do campo de concentração de Dachau, verdadeiro pilar do regime nazista, onde, sem mais nem menos, são encerrados os inimigos do Estado (lembre-se que inimigos para eles são todos os que procuram manter uma opinião própria), judeus, não arianos e criminosos vulgares.

Encerrados aí, estes prisioneiros sofrem os mais inconcebíveis tratamentos, e são considerados como verdadeiros animais. Nesta situação recebem dos responsáveis as mais brutais deferências, e quando por acaso venham a cometer um ato proibido, sofrem as mais cruéis consequências: são atirados a calabouços, passam fome e padecimentos. Os trabalhos que são obrigados a executar são os mais pesados possíveis e insalubres.

Em vista disso depauperam aos poucos, e aos poucos morrem ou não resistindo mais aos padecimentos, suicidam-se, atravessando as linhas de limites, guardadas por sentinelas metralhadoras, sempre dispostos a liquidar com a maior naturalidade o primeiro que se aventura.

E quem por acaso ou descuido venha a observar Dachau notará as sombras das sentinelas e dos fuzis, e mal a noite apareça, já os faróis percorrem os campos, vigilantes e atentos a qualquer ousado. E aí se amplia o totalitarismo do regime, pela imposição direta da força e da autoridade.

Além do indivíduo ser forçado injustamente e por nada à posição de prisioneiro do Estado, sofre por isso os mais atrozes padecimentos que o Estado impõe com o fito de se manter e impor-se ao conceito de posse dos seus membros.

Nenhuma consideração se tem por um doente ou ancião. Igualmente são tratados, igualmente trabalham em tarefas difíceis.

E o regime necessitado de manter tal pilar não pôde realizar os fins sociais e humanos a que é obrigado contribuir e auxiliar. Os homens inteligentes que procuram cumprir os seus deveres, da sua sociedade e para com Deus, veem-se impossibilitados e obrigados a renegarem os próprios ideais, pelo interesse do Estado, que é sempre, no caso, erigido como deus.


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