Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Com o rabo de fora

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 16 de abril de 1944, N. 610 pag. 2

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Repercutiu no Rio Grande do Sul a polêmica a respeito de Maritain. Uma folha amiga publicou um pequeno artigo do sr. Alvares Cardoso acerca das críticas formuladas pelo Revmo. Pe. Arlindo Vieira sobre a doutrina política de Maritain. O sr. Alvares Cardoso toma o partido do filósofo francês e, em seu favor, também produz um “plaidoyer” [defesa, n.d.c.]. Contudo, não soube ser bastante hábil para evitar a questão árdua entre todas para os partidários de “Les droits de l'homme”, a saber, conseguir lançar sobre a doutrina perigosa a cortina de fumaça de uma nova “quaestio facti”.

Até agora, os defensores de Maritain esforçaram-se por demonstrar que as idéias liberais de “Les droits de l'homme” a respeito da situação da Igreja na sociedade civil, não envolviam afirmação de princípios, mas apenas atendiam a uma situação concreta, de fato, da sociedade contemporânea. A demonstração era ingrata, e o seu último “quid” ficou nas nebulosas dos limbos indefinidos, isto é, não ficou esclarecido se esta situação concreta da sociedade contemporânea é melhor do que outras situações concretas, em que era admissível a união da Igreja ao Estado, com os consequentes privilégios para a religião Católica. Isto não foi, nem será jamais esclarecido pelos advogados hábeis da “esquerda”, porque neste caso a sua habilidade consiste exatamente em obscurecer o assunto quanto possível.

Não percebeu isto o sr. Alvares Cardoso. E, vogando avante nas águas de Maritain, foi afirmando: “Não podemos voltar aos tempos medievais. Será um sonho pretender como regime ideal, praticamente ideal, depois de tudo aquilo e depois de tudo isto (sic), a união da Igreja e do Estado. Até onde poderemos, portanto, salvar os direitos da Igreja e do Cristianismo, para que influa com a essência de seus princípios na sociedade contemporânea? - Eis, em resumo, o ponto de debate”. Sim, este é verdadeiramente o ponto em debate, mas sobre este ponto a Igreja já se definiu, e o fez em sentido contrário ao sr. Alvares Cardoso e a todos os sequazes da facção Maritain. E não deixa de ser muito interessante que até os amigos de Maritain, quando desprevenidos, dão às suas idéias políticas o sentido que lhe imputamos, e que lhe combatemos. E isto muito simplesmente porque este é o sentido natural que se depreende espontaneamente de seus escritos.

Quanto ao mais, o sr. Alvares Cardoso se limita a chamar a atenção para a carta que Maritain enviou a amigos do Brasil, carta cuja inconsistência, incongruência, e apaixonada vibração já foram abundantemente assinaladas pelo LEGIONÁRIO, carta que, aliás, só pode ter impressionado os sectários faltos de serenidade.

E é só.


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