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Instituto Plinio Corrêa de Oliveira

 

A Inocência Primeva e a Contemplação Sacral do Universo

no pensamento de

PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA

 

 

© 2008 - Todos os direitos desta edição pertencem ao

INSTITUTO PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA

Dezembro de 2008

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Apêndice VI

 

«Quodlibeta»:

 

Observações variadas

em ordem a mostrar o reflexo de

Deus nas mais diversas

criaturas e ações humanas

 

Plinio Corrêa de Oliveira

 

1. O «homem do poço»

Existem dois gêneros de almas dentro da Igreja Católica. Algumas são abstrativas, teológicas, filosóficas; outras são, pelo contrário, artísticas, culturais, voltadas para as coisas da Terra no sentido de encaminhá-las para Deus. São vias diferentes, ambas legítimas.

Um exemplo a meu ver é frisante. Não sei que Santo do Oriente antigo quis unir-se a Deus. E resolveu por meio de uma corda descer ao fundo de um poço. Ali ele encontrava água, e lhe jogavam diariamente um pão.

Por que fez isso? Porque não queria que a consideração das coisas terrenas o afastassem de Deus. Este ato parece-me sublimíssimo, mas sublimíssimo! Não se deve ver nessa atitude apenas o aspecto da penitência: é certamente algo lindo. Mas ainda mais bonito é o radicalismo no recolhimento. A esse homem, o grito de uma criança ou o latido de um cachorrinho distrai e atrapalha. Ele nem perde tempo para olhar, através do alto do poço, o sol ou a lua, porque está meditando, meditando. Por exemplo, «Deus é sumo». Lê uma passagem da Bíblia, o interpreta, constrói uma doutrina... É uma verdadeira maravilha!

Mas é sabido que dois grandes santos, São Bento e São Bernardo, procuravam pelo contrário as belezas da natureza para chegarem a Deus. No fato, mais uma vez se vêem duas famílias de almas distintas. São Bento preferia que seus mosteiros fossem colocados em píncaros magníficos, desvendando paisagens assombrosas. São Bernardo apreciava os vales suaves,* encantadores, risonhos, onde se repousa de chegar tão alto na contemplação, tomando assim um contato amistoso com a natureza irmã. São Francisco de Assis, cantando com os irmãos passarinhos, o irmão sol, a irmã lua e diversas outras criaturas, transformou-as numa espécie de poema para se aproximar de Deus. Mas o homem do poço consideraria uma distração a montanha e tudo o mais.

* Bernardus valles, Benedictus montes amabat, oppida Franciscus, celebres Ignatius urbes, diz um aforismo medieval: São Bernardo gostava dos vales, São Bento dos montes, São Francisco dos lugares protegidos, Santo Inácio das cidades muito povoadas.

Na realidade, são duas famílias de almas muito pronunciadamente distintas; ambas convergem para a glória da Igreja Católica.*

* Conversa de 27 de outubro de 1972.

 

2. A beleza de um problema bem montado

Também é bonito, por exemplo, um problema bem montado; bem explicitado, bem formulado e depois bem resolvido.

Aí é o espírito do homem que está agindo. De uma situação pantanosa, ele extrai o problema e o define. Quando o problema parece insolúvel, ele toca o problema com a ponta de seu dedo e o desfaz. Isto, quer se trate de um problema metafísico, quer de um problema político, porque até o problema político tem a sua beleza.

Tomar uma situação intrincada, cheia de dificuldades, montou-se contra ele um dispositivo sem saída, ele de repente percebe um parafuzinho que, desmantelado, arruína a máquina do adversário; ele o tira e o dispositivo cai. É uma beleza.

Coisa ainda mais bonita é a do choque frontal na luta política. São belezas da ação humana. Atividade mental de toda ordem.

Há certos homens a quem Deus deu impressionante dom da ação, quer se trate de resolver qualquer coisa, quer de tomar uma deliberação, de fazer uma gentileza. Tudo neles é como uma música bem tocada.

Vamos dizer, por exemplo, um problema resolvido por Talleyrand. Napoleão está para cair. O futuro Carlos X, em nome de Luís XVIII de Bourbon, está às portas da França. Talleyrand quer se reconciliar com os Bourbons. É preciso dizer uma palavra amável. Manda a Carlos X apenas estas palavras: «Monseigneur, estamos fartos de glória, por fim, traga-nos a honra».

Está dito tudo. Napoleão teve exatamente isso: glória sem honra. Napoleão fica arrasado. O bonito é entrar com a honra mesmo sem a glória. Ter glória sem honra é horrível.*

* Conversa sem data especificada.

 

3. Pólius e Alexandre

É muito bonita a História das ações humanas, consideradas enquanto ação.

Há o caso daquele famoso rei Pólius, da Índia. Alexandre levou de roldão todos os povos da Ásia, chegou até a Índia e prendeu esse rei.

Ele se apresenta reduzido a escravo e carregado de correntes, como sucedia com os dominados na antiguidade, mas com toda sua grandeza. Alexandre lhe pergunta:

— Como queres ser tratado?

— Como rei!

Respondeu com tanta e tanta grandeza, que Alexandre disse:

— Pois não! Desatem as correntes e o tratem como rei.

Ele sai sem agradecimento, porque é rei. Eis uma bela ação humana.*

* Reunião de 26 de outubro de 1967.

 

4. O astro-rei

A mais perfeita explicitação da biografia de um homem é a história do sol ao longo de um dia.

A pessoa nasce com suas energias frescas e primaveris e tem certos viços na alma que, por mais que a inocência se afirme e persevere, não se repetem iguais ao longo dos tempos.

Quando vai chegando perto do meio dia e que vai se aproximando o triunfo dele, o sol dardeja, mas há qualquer coisa em sua trajetória que é penosa. Ele coloca uma força no dardejar! Tira de dentro de si todas as energias que tem e se esforça para cobrir todas as áreas que deve cobrir; um esforço magnífico e colossal. Se bem que não se fadigue, tem uma generosidade, um empenho em dar-se que é fenomenal.

Quando começa a pôr-se, não é como derrotado. É que ao mesmo tempo ele sente que não tem mais nada a dar, mas que percebe que a tarefa foi inteiramente cumprida. Diante do opus factum vai se retirando com dignidade; é uma gloriosa diminuição, como quem diz: eu cheguei a um tal ponto que nem consigo cessar de repente. Desço num degradé, porque foi num degradé que eu subi.

Há então nuvens alaranjadas, sangüíneas, vermelhas, douradas e de toda cor, que são o comentário de seu esforço e generosidade crescentes.

Por fim, não é ele que entra no escuro; é o mundo que está no escuro porque ele saiu.

O sol é então uma imagem do absoluto? Em algum sentido é, foi criado à imagem e semelhança de Deus. Mas é sobretudo a imagem da alma que tocada pelo absoluto vai dando, vai dando, vai dando.

O astro-rei apresenta uma espécie de apogeu de todas as perfeições, que é irresistível a tudo que está abaixo. Ele como que concatena e coordena tudo com direito e força. Nisto está sua grandeza.*

* Conversa em 2 de fevereiro de 1975.

 

5. Uma folha que cai...

Tudo aquilo que nossos sentidos pedem ou captam — forma, cor, som, modo de se mover, etc. — são analogias de valores espirituais existentes no homem.

Não podemos ter apenas uma visão estática do universo, imóvel, como se Deus tivesse criado um universo sem movimento. O universo está todo se move, e este movimento, comunicado por Deus ao universo, tem uma beleza própria, que obedece a regras próprias e que reflete à sua maneira também a perfeição, a sabedoria, as belezas de Deus.

Assim, poderíamos dizer, por exemplo, que a queda de uma folha morta de uma árvore é uma beleza da criação.

É uma queda suave, gradual; a folha se desprende, num momento indefinido; ela cai tão harmoniosamente, tão placidamente, em um zig-zag tão elegante, que se diria que ela está voando. E quando ela chega ao chão, é um cair ainda leve e delicado.

Tem-se a impressão que ela oscula a face da terra antes de se desfazer e se transformar ela mesma em terra.*

* Conversa sem data especificada.

 

6. Uma estrela que cai...

Se se pudesse contemplar em seu conjunto a trajetória das estrelas, não se veria que elas realizam um movimento muito bonito? Nada há de mais diferente que uma folha morta que cai, que uma estrela cadente, que sulca o céu majestosamente como um risco de fogo. Cai assim, de repente, e se apaga antes de cair, como dando a entender que se recusa a pousar numa matéria tão vil como o chão, e se desfaz antes no ar.*

* Conversa sem data especificada.

 

7. O catador de papéis

Vinha descendo, para vir aqui para a reunião. Quando cruzamos a Rua Martim Francisco (vínhamos pela Rua Martinico Prado), vi, naquilo que é a relativa penumbra da rua, uma figura alta, que não podia interpretar bem.

Quando o automóvel se aproximou, percebi que era um maço enorme — não me lembro mais se eram caixas de papel de jornal, ou algo do gênero — que ia bamboleando em cima de uma carrocinha minúscula, que um rapaz puxava. Olhei para o rapaz, porque queria ver — numa análise antes de tudo sociológica — que espécie de rosto tem um homem que exerce essa atividade.

De repente, aquela pilha de objetos tendeu a ir para trás. A carrocinha era muito pequena; e a pilha, muito alta. Facilmente poderia cair. Olhei para o rapaz; ele fez um gesto com as mãos, para segurar os dois varais. Mas um gesto delicado, rápido e prático, por onde ele, com certa elegância, no mesmo momento aparou a pilha, a pôs em ordem, e continuou a andar. O gesto de braços dele estava tão elegante que, se eu soubesse modelar, gostaria de ter composto uma estatueta com essa cena.

Não pode haver coisa mais prosaica; e, com certeza, esse rapaz julga ultra-prosaica a vida dele. Mas saí com uma curiosidade que só vou satisfazer no dia do Juízo Final: saber que depósito profundo de elegância há no fundo dessa pobre alma atolada na trivialidade, para que, em determinado momento, pudesse sair-se — tão bem e com verdadeira beleza de gestos — de uma pequena situação embaraçosa. Quem visse passar essa carreta, sem hábitos mentais tendentes para a elevação, não atinaria com a beleza da cena.

Quantas coisas há assim que dão gosto e interesse à vida, e nos aproximam de Deus: porque Deus é o autor da elegância de alma que havia naquele pobre rapaz.

E Deus, que viu minha vontade de fazer bem a ele, meu anseio de orientá-lo, minha tristeza de nada poder fazer nesse sentido, terá aceito meu desejo como um ato de reparação por causa dessa criatura dEle, provavelmente calcada aos pés pela vulgaridade da vida contemporânea.*

* Conversa sem data especificada.

 

8. Degustando um chopp...

Após ter descrito o sabor de um chopp, o chamado «colarinho» (a espuma) e o gosto que permanece na boca depois de tê-lo bebido — «mais gostoso do que o próprio chopp» — Plinio Corrêa de Oliveira comenta:

 O chopp, como tudo que existe, é o esboço de um ser ideal que poderia ser mais perfeito.

Ser perfeito significa duas coisas: primeiro, não ter defeitos; em segundo lugar, levar as qualidades ao máximo.

Não terei entendido um chopp se não conseguir imaginar o chopp perfeito. Depois de o ter imaginado, esse chopp imperfeito me faz compreender um ser possível que é a alegria de minha vida.

A cor do chopp é muito bonita, não há dúvida, mas se ela fosse carregada de um dourado mais consistente... Falta-lhe um pouco de ouro.

De outro lado, o chopp é uma linda morada para a luz. A que entra nele e permanece é mais bela do que a que existe dentro da água. Não é dizer pouco, porque a água, sob certo ponto de vista, seria a morada ideal da luz. Mas o chopp pode tornar-se uma morada mais bela.

A caneca de chopp pode ser um comentário dele. Esse comentário não é feito por alguém, mas por um ambiente. Um conjunto de pessoas sente o mesmo a respeito do chopp, e um artista, com mais capacidade de traduzir o que todos sentem, o exprime através de uma caneca.

Uma vida vivida assim na contemplação é muito mais entretida. No chopp, eu via a possibilidade de ser muito mais do que era, e esta possibilidade me falava de Deus.

É preciso ir habituando o espírito a degustar muitas coisas deste modo. Uma pessoa que apenas gosta de chopp, que só sabe interpretar chopp, acaba bêbado. É preciso fazer essa operação de subida para o maravilhoso a respeito de um número grande de assuntos, e então a temperança muito mais normalmente se instala.*

* Reunião em 27 de dezembro de 1994.

 

9. Passeio entre dois mata-burros

É um caminho sinuoso, sem a graça de imprevistos, pequenos sustos e pequenas decepções. Nada tem ele de fantasia ou de ordem. É o erro quase em estado puro. Assim eu o sinto.

O carro prossegue e passa diante de uma paineira que me agrada olhar.

Depois cruza uma árvore que gosto muito de ver. Ela cresceu e se tornou frondosa na baixada, de maneira que se a vê de cima. E desperta a vontade de conhecê-la como a conheceria um passarinho, na intimidade da ramagem vista do alto.

Como é curioso esse jogo das esperanças fundadas, da beleza realizada, mas da decepção do meramente material! Assim, a decepção dessa estrada.

Já o automóvel está chegando ao portal. Noto que a corrente que o veda está baixa e que podemos passar por cima dela. E me passa pela cabeça: como é interessante essa impassibilidade da corrente por cima da qual passam todos os automóveis e que, pisada, continua indiferente, exatamente a mesma.

Olho para o portalzinho cuja forma me agrada, mas que me parece insignificante para o tamanho da paisagem, e entro na estrada. Acabou o passeio entre os dois mata-burros.*

* Conversa em 22 de dezembro de 1993.

 

10. Move-se o alfange...

As ações do homem também têm muita beleza. Uma ação do homem que tem uma modesta, pequena, mas indiscutível beleza, é a do ceifador de grama, com alfanje. Tem-se a impressão de que ele está fazendo a barba da terra. O alfanje que vai ceifando e decidindo o destino de milhares de gramas que saltam. Quando ele sai, aquele gramado está direitinho, arranjado. Tem-se a impressão até de que está limpo!

Eu nunca vi, mas me disseram que o movimento dos ceifadores de trigo é muito bonito.*

* Conversa sem data especificada.

 

11. Absolutos... em um simples eucaliptal

O capricho vive mal dentro do eucaliptal. Ele leva a pessoa a abandonar os estados de espírito complicados, emaranhados, inextrincáveis. Tudo é limpo.

No eucalipto não dá cipó, nem dá parasita. O cipó, a meu ver, é o emblema do capricho. Não é que eu não veja beleza nele, mas são belezas tóxicas, perigosas. Há certos cipós cortados que são lindos. Podem até servir para ornamentação, de tal maneira são bonitos. Mas o cipó é o emblema do capricho e está ausente do eucaliptal.

Tudo o que há na natureza de incerto, torto, nada disto pega na floresta da lógica, virginal, coerente e ordenada de um eucaliptal bem alinhado.*

* Conversa em 20 de maio de 1974.

 

12. Os tico-ticos

Tico-ticoNa casa de minha avó havia muitos tico-ticos. Eu ouvia falar deles como passarinhos muito comuns, que não valem nada. E eles chegavam até o parapeito do terraço, saltitando e pulando.

Um dia, vendo-os, prestei atenção. Primeiramente, tive minha atenção muito atraída para a saltitância alegre e feliz deles. Depois, em certo momento, comecei a prestar atenção em suas penas. Achei o jogo de cores delas muito bonitinho. E então comecei a notar que os movimentos deles também eram graciosos. E que eram também muito proporcionados; uma verdadeira jóia.

Tive alegria e comprazimento em notar isto. Mas ao mesmo tempo algo tomou minha imaginação: como estavam errados os que julgavam o tico-tico tão banal!*

* Conversa em 25 de setembro de 1986.

 

13. Um aquário

AquárioUm dos modos interessantes pelo qual o homem contempla a beleza que Deus pôs no universo, é o peixe. Em geral, não se gosta de ter aquário só para ver os peixes. Se eles não se movessem, o aquário perdia a graça. Mas aquelas voltas que — sobretudo os peixes japoneses, com aqueles véus prestigiosos — dão dentro d’água... Giram o corpo, descem, sobem; seus véus executam danças de toda ordem; véus bonitos, vermelho e dourado...

O peixe se move com aquela placidez do ininteligente: ele vai para frente, até bater com o nariz no vidro; e bate ele também não se assusta, nem parece ver o que está fora. Pode-se pôr o dedo ali, que ele não se incomoda; simplesmente faz uma curva elegante de desdém, mexe alguns véus e vai para outro lado; é uma beleza!

É a beleza do movimento, é a beleza da ação.*

* Conversa sem data especificada.

 

14. O simbolismo de um animal

Uma vez, caminhando de automóvel para o cemitério da Consolação, vi um símbolo num animal. Mero animal, mas foi assim.

Uma carroça puxada a cavalo estava diante de mim. Era um cavalinho tão sem raça, tão sem qualidade, tão sem categoria, de uma cor cinzenta, mas de um cinzento tão feio, com umas manchas tão erradas...

Ele tão magro que o ponto de entroncamento das patas com o tronco parecia formar nele cotovelos e omoplatas enormes. E o corpo parecia um tubo feio pendendo ao longo de quatro grandes patas. Uma coisa medonha!

Tinha trotado, trotado, trotado, dentro da poluição, comendo mal, sentindo frio, cansando-se de um modo horrível! E percebia-se que dono e bicho voltavam para casa.

Aquele bichinho tinha dado tudo quanto tinha, estava morrendo de dar. Percebia-se que ia morrer prematuramente de tanto dar. Encontrava — se é que se pode dizer isto de um animal — seu bom humor, sua boa disposição, um fundo de alegria, em dar. Em toda aquela insignificância, uma dedicação e uma alegriazinha, de andar contentinho naquela feiúra, naquela tristeza e naquela miséria. Contentinho de cavalgar um pouco.

Ele era feio, tinha inúmeros defeitos, mas era um animal dedicado que dá com alegria. Dá seu último fôlego, a última coisa que pode dar. Mas não dá a la dramalhão: «Olha, lá vai minha última lágrima...». Não, não. Ele cavalga com alegria até o momento de cair morto.

Esta é a abnegação. Que nem mede seu sacrifício, nem mede nada, mas só pergunta: «Terei dado tudo? Se tiver dado tudo, ficarei contente em alegrar aquele a quem eu sirvo».

Até hoje sou sensível à lembrança desse bicho, pois era, como símbolo, muito expressivo.*

* Conversa em 4 de agosto de 1983.