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                     Almoço oferecido 
                    pela "Folha de S. Paulo" aos colaboradores de sua secção 
                    "Tendências e Debates". O prof. Plinio está sentado à 
                    esquerda do diretor do jornal, Octávio Frias, que tem à sua 
                    direita o escritor Gilberto Freire. O primeiro à esquerda é 
                    Fernando Henrique Cardoso (Para uma reprodução completa da 
                    matéria na "Folha de S. Paulo" clicar 
                    
                    
                    
                    [1],
                    
                    
                    [2] 
                    e 
                    
                    [3]).  | 
                   
                 
               
               
              1. Política de larga confiança e perdão
              Logo depois, generalizou-se no País a convicção de 
      que uma política de larga confiança e de perdão, visando a libertação 
      tanto dos suspeitos como até dos culpados de subversão, abrandaria as 
      tensões, pacificaria os espíritos e restabeleceria a paz no Brasil. 
              Veio, então, a Abertura [226], 
      que teve seus inícios em 1978, ainda em plena vigência do regime militar [227]. 
              Essa “abertura” estava sendo apoiada e 
      prestigiada pela grande maioria, se não pela totalidade do Episcopado 
      nacional. E não foi combatida, que eu saiba, por nenhum dos Bispos 
      residenciais brasileiros [228]. 
              Dos trunfos que o esquerdismo trazia na mão quando 
      cessado o regime militar, nenhum tinha, de longe, importância igual à dos 
      avanços alcançados no período de 64 a 85, pelo esquerdismo nos meios 
      católicos. 
              A reação anticomunista do regime militar, excessiva 
      em mais de um lance de repressão policial, foi ao mesmo tempo de um 
      liberalismo ideológico quase absoluto, que permitiu aos esquerdistas se 
      infiltrarem largamente no ensino e no mass media [229]. 
              O traço mais saliente dessa abertura política 
              consistiu em restituir a liberdade política aos esquerdistas de todos os 
      matizes, coibida até pouco antes em conseqüência do golpe de 1964. 
              Nestes benefícios foram incluídos os que haviam sido 
      objeto de medidas repressivas em razão de atividades subversivas e até 
      terroristas [230]. 
              2. Aceitei a “abertura” política: não a pedi nem a combati
              A TFP não pediu a abertura política, nem tampouco a 
      combateu. Assim que, pelo curso dos acontecimentos, tal abertura se tornou 
      um fato, a TFP a aceitou. 
              Em vários pronunciamentos públicos, feitos aliás em 
      nome individual, e não no da TFP (mas com geral consenso nas fileiras 
      desta), empenhei-me em colaborar com a nova ordem de coisas, apresentando 
      sugestões à vista dos riscos que - 
      como tudo em matéria de vida pública - 
      a abertura trazia, e a vantagem que dela poderia auferir o País [231]. 
              Para muitos, a "abertura" era uma operação que se 
      reduzia a seu sentido material. Isto é, ao ato de abrir as portas das 
      prisões aos presos políticos, as fronteiras do País aos exilados. 
              Postos todos estes em livre circulação, e ademais 
      mimados e aplaudidos pelos meios de comunicação social, a abertura estaria 
      completa. 
              Segundo esta concepção rudimentar, a abertura não 
      constituiria um benefício para o País, mas tão-só para os que, em 
      determinado momento, atentaram contra este — ou, pelo menos, procederam de 
      maneira que se fizessem suspeitar por tal. 
              Alguém com vistas menos acanhadas podia objetar, com 
      razão, que os promotores da abertura visavam muito mais do que isso. 
      Encarada a democracia como a participação de todo o povo no governo do 
      País, a integral reimplantação dela importaria, para cada cidadão, na 
      efetiva abertura da parcela de poder decisório que os princípios 
      democráticos lhe atribuíam. Democratizar era abrir. 
              Corolário disto era que cada cidadão tinha o direito 
      de dizer, de escrever e de fazer o que bem entendesse [232]. 
      Liberdade em contínua expansão, e, pois, de contornos indefinidos. 
              A muitos pareceu que, instaurada essa liberdade, 
      estava tudo a caminho de resolver-se no País. 
              Esqueciam-se de que as liberalizações de contornos 
      indefinidos não criam nem consolidam nenhuma liberdade verdadeira. À 
      medida que tendem a facultar a todos que façam quanto quiserem, essas 
      liberalizações iriam caminhando de fato para a anarquia, e daí para uma 
      mais terrível ditadura [233]. 
              Dessas liberdades assim obtidas, a força de impacto 
      esquerdista procurou tirar todas as vantagens [234], 
      como veremos mais adiante. 
                
               
              NOTAS 
              
              
              
              Índice da "Parte X" 
               
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