Livro de Plinio Corrêa de Oliveira repercute intensamente na Europa e nos Estados Unidos

Desde o jornal comunista até Princesas comentam

 

Catolicismo, n° 516, dezembro de 1993

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Um dos aspectos mais graves da presente crise brasileira tem como causa profunda o processo de deperecimento gradual de nossas elites.

Desde fins do século XIX, esse fenômeno se vem produzindo com crescente intensidade, sem que nosso otimismo brasileiro, despreocupado e bonacheirão, desse ao fato a devida atenção. E isto nos conduziu a este terrível fim de século.

A carência de elites e a crise brasileira

Em qualquer campo de atividade onde se queira reintroduzir a honradez, a competência e a ordem, não faltam sugestões inteligentes a pôr em prática. Mas a grande questão que surge desde logo é a da constituição, para cada plano, de uma equipe moral e intelectualmente capaz. E a todo momento nos encontramos diante da embaraçosa constatação: não temos essas equipes.

E porque não as temos? Porque não temos elites. Onde há elites moral e intelectualmente capazes, os homens idôneos por sua competência e por sua moralidade não faltam. Onde não há elites, os homens de real valor são raros, pouco conhecidos e condenados a vegetar anônimos na multidão dos medíocres ou dos gatunos.

Pio XII procura evitar...

O memorável Pontífice Pio XII (1939-1958) previu provavelmente que, mais cedo ou mais tarde, as condições morais do mundo moderno levariam a essa situação quase todos os países. O que lançaria a humanidade em uma crise omnímoda de imprevisíveis conseqüências. Assim é que ele pronunciou, em seu Pontificado, catorze importantíssimas alocuções, as quais contêm um apelo a que fossem preservados cuidadosamente, nos países com tradição nobiliárquica, as aristocracias respectivas. E que, ao mesmo tempo, as elites novas, originadas do trabalho exercido no campo da cultura, como no da produção, encontrassem condições propícias para constituírem elites autênticas, congêneres com a nobreza por sua formação moral e cultural, como por sua capacidade de mando. Caber-lhes-ia formar, à maneira da nobreza, verdadeiras elites capazes de originar homens de escol nos mais variados campos.

... em vão para o Brasil

No Brasil, o apelo de Pio XII quase não teve repercussão. Teve-a escassa em outros países. E, assim, a falta de elites, que para nós era um problema trágico, para outras nações constitui problema sério a que cumpre dar remédio urgente. 

"Nobreza e elites tradicionais análogas"

Visando contribuir para a solução desse magno problema, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade -TFP-, escreveu o livro Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana, que constitui uma análise penetrante das condições do mundo contemporâneo à luz das catorze alocuções de Pio XII. Importa notar que, quanto às elites novas, Pio XII recomenda que saibam entretanto ir dotando cada vez mais as gerações que delas provierem, da força de trabalho dos troncos novos, valorizada pelos dotes de cultura, de educação e de trato social de bom quilate.

A primeira edição desta obra em idioma português foi confiada pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira à conhecida Editora Civilização, de Portugal, e veio a lume em 30 de abril (328 pp., sendo 40 pp. de fotos em cores e 11 em preto e branco). Traduzida para o castelhano, a obra do ilustre pensador e escritor brasileiro foi divulgada na Espanha, a partir de 21 de julho p.p., pela Editora Fernando III El Santo. Essa edição está cobrindo o amplíssimo mercado das nações de fala espanhola.

 

Prestigioso lançamento em Washington

Nos Estados Unidos, a obra foi publicada pela importante editora Hamilton Press, e teve seu lançamento oficial a 28 de setembro p.p., no prestigioso Mayflower Hotel de Washington. Foi presidente de honra da sessão o Conde Andreas Meran, um dos dirigentes da juventude da TFP paulista. A presidência efetiva esteve a cargo do Sr. Morton C. Blackwell, que também é presidente do reputado Leadership Institute. Estavam presentes, como convidados especiais, a Arquiduquesa Mônica da Áustria, Duquesa de Satangelo, e seu sogro, Don Baltasar de Casanova y Ferrer, Duque de Maqueda, Grande de Espanha. Na ocasião, diante de um público de 850 convidados, dentre os quais destacavam-se a Arquiduquesa Mônica da Áustria e seu sogro o Duque de Maqueda, discursaram personalidades de alto relevo na vida pública daquele país, como o Almirante (R) Thomas J. Moorer, ex-Chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas norte-americanas; Brigadeiro General do Marine Corps (R) William Weise; o Coronel do Marine Corps (R) John W. Ripley, herói da guerra do Vietnã; o conhecido dirigente conservador Morton C. Blackwell, Presidente do Leadership Institute; e o deputado pela Califórnia Robert K. Dornan.

Também já se encontra em circulação a edição em língua francesa, publicada pela Editora Albatros.

 

Brilhante lançamento em Roma

Na Itália, a obra, divulgada pela Editora Marzorati, circula desde final de maio. Recentemente foi ela apresentada no Congresso da Nobreza Européia, realizado em Milão de 14 a 16 de outubro. Nesses dias, houve uma concorrida sessão para o lançamento oficial da obra no Circolo della Stampa, Palácio Seberlloni, daquela cidade.

O mais recente desses lançamentos ocorreu em Roma no dia 30 de outubro p.p., no histórico Palácio da Princesa Elvina Pallavicini, com a presença do Cardeal Alfons Stickler, de Mons. Cândido Alvim Pereira, Arcebispo emérito de Lourenço Marques, do Arquiduque Martin da Áustria, do Duque da Calábria, D. Carlos de Bourbon Duas-Sicílias (que figuram na foto abaixo, ndc), da Princesa Dona Urraca de Bourbon Duas-Sicílias, do Príncipe Sforza Ruspoli, da Princesa Pallavicini, do Príncipe Massimo, do Príncipe Massimo-Brancaccio, do Príncipe Odescalchi, do Príncipe Carlos Cito Filomarino di Rocca D'Aspro, do Duque Giovan Pietro de Caffarelli, presidente do Corpo da Nobreza Italiana, e de inúmeros membros da mais alta aristocracia do país. Na ocasião, foi lida expressiva carta de congratulações do Cardeal Silvio Oddi, que não pôde estar presente.

Em todos esses atos, a obra do escritor brasileiro foi objeto de acurada análise da parte dos vários conferencistas que se sucederam no decurso das sessões então realizadas. E que produziram entusiástica manifestação de aplauso da seleta assistência.

 

O Príncipe Sforza Ruspoli concede entrevista à Rádio-Televisão Italiana, no interior do Palácio Pallavicini, a propósito do livro de Plinio Corrêa de Oliveira

Vivas repercussões na imprensa romana

Na imprensa romana, a repercussão desse lançamento foi das mais vivas.

II Tempo do dia 12 de novembro se referiu à jornada de apresentação "da monografia sobre alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana (Edição Marzorati) traçada por Plinio Corrêa de Oliveira, um dos maîtres à penser da direita ".

La Repubblica, um dos maiores quotidianos da Itália, com tiragem de um milhão de exemplares, na edição do mesmo dia 14, noticia o Congresso "patrocinado pelo Centro Romano Lepanto e por um Movimento cujo nome é mais eficaz do que um slogan político: Tradição, Família e Propriedade". O jornal comenta ainda que "a presença do ancião cardeal de Cúria Stickler e de uma dezena de sacerdotes, as cartas de adesão de outros Cardeais, como os italianos Oddi e Ciappi, teólogo papal de Paulo VI, ao Livro Nobreza e elites tradicionais no pensamento de Pio XII do brasileiro Plinio Corrêa de Oliveira, revelam a atenção que alguns ambientes da Cúria Romana deram ao encontro".

O Cardeal Alfons Maria Stickler S.D.B. dirige ao seleto público presente na apresentação da edição italiana da obra do prof. Plinio

O jornal Secolo d'Italia, por seu turno, na edição do dia 2 de novembro, traz uma destacada notícia-comentário, na secção "Idéias" (p. 9). Um subtítulo em forma de pergunta e resposta diz: "No processo de reconstrução moral do País, que papel podem desempenhar as elites tradicionais? - Falou-se disto numa convenção em Roma". Em seguida, o título em grandes carateres: "A nobreza que 'obriga' ". A matéria assinada por Guglielmo Marconi analisa a crise moral e política por que passa a Itália e afirma: "Na busca de algo novo, muitas sugestões podem vir da tradição. De uma Convenção realizada nestes dias em Roma (Palácio Pallavicini), sob a iniciativa do Centro Cultural Lepanto e da TFP (Tradição, Família e Propriedade), partiu o convite a reconsiderar o papel que possam desempenhar a nobreza e as elites tradicionais nesta obra de reconstrução moral e cívica. A ocasião ofereceu-a a publicação, na editora Marzorati, de um livro de Plinio Corrêa de Oliveira que se intitula precisamente Nobreza e elites tradicionais análogas nos ensinamentos de Pio XII ". 

Por sua parte, a Rádio-Televisão italiana transmitiu cenas do acontecimento no seu telejornal do domingo 31 de outubro, e entrevistou a respeito o príncipe Sforza Ruspoli, um dos destacados conferencistas, que apresentou a obra do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira na referida Convenção, nas escadarias do Palácio Pallavicini, sob um grande estandarte vermelho com o leão dourado rompante marcado pela cruz e o lema Tradição, Família e Propriedade.

O próprio jornal do ex-partido comunista L'Unità traz referências ao lançamento da obra em dois artigos de sua edição de 3 de novembro: um deles assinado por Enrico Vaime comenta o evento e a transmissão da televisão italiana, assinalando com irritação que a aristocracia romana reaparece "com um programa ornado pelas condessas, sobre um estandarte carmesim: Tradição, Família e Propriedade". O outro comentário, assinado por Stefano Dimichele, destaca declarações da Princesa Pallavicini, nas quais esta afirma que, para a sociedade atual, "a única salvação é o retorno aos valores verdadeiros". Ao que o jornalista pergunta: "E quais seriam Princesa?", apresentando em seguida a resposta por ela dada: "Tradição, Família e Propriedade, naturalmente".

A obra contém amplo folheto com cartas de apoio dos Emmos. Cardeais Silvio Oddi, Luigi Ciappi e Alfons M. Stickler, e de teólogos de fama mundial, como os padres Raimondo Spiazzi OP, Victorino Rodríguez OP, e Anastasio Gutiérrez CMF.

(Transcrito do "Jornal do Brasil" de 24-11-93)


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