Plinio Corrêa de Oliveira

 

Sugestões de como estudar

com real proveito:

a razão, iluminada pela Fé,

e irmanada com a sensibilidade (*)

 

Reunião Extra - sem data

A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.

 Questões gerais de ordem intelectual

 

I – Compreensão

1.  Entender bem

2.  Ser capaz de expor a matéria

 

II – Aprofundamento

1.  Em que concordo ou discordo? Por que?

2.  Relação de harmonia ou contradição com as verdades que conheço; Arquivo de questões não compreendidas; “bosque sagrado” dos problemas não resolvidos

3.  Quais as conclusões mais profundas que posso tirar do fato de tal afirmação ser verdadeira ou falsa?

a – Fazer uma lista do que aprendeu

b – “Floresta” das conclusões não tiradas

4.  Reordenamento das idéias – Chancela geral do trabalho feito

5.  Exemplo: aplicação do método ao dogma da infalibilidade papal

 

 

Questões relativas à vida espiritual ou que dizem respeito à causa católica

 

Princípio geral: impossível compreensão sem se ser levado por um amor ou antipatia

 

I – Esse assunto o que me diz? O que me dá fome de conhecê-lo?

1.  Lista bem clara dos assuntos da doutrina católica e de vida espiritual que me dão apetência

2.  Estabelecimento de relação entre o assunto e essa lista: sistema de “proche en proche”

3.  Com isto a compreensão adquire a velocidade da luz

 

II – Regra fundamental para se encontrar o “ponto vivo”: diante dele algo se sente

 

III – Zonas de ojeriza, de atonia ou repulsa

 

IV – A memória

 

V – As resoluções

1.  O que devo querer

2.  O que devo pedir

3.  O que devo fazer

 

VI – Exemplo: devoção a Nossa Senhora

 

VII – Aplicação do “ponto vivo” à sacralidade da vocação

 

* * * 

Vamos tratar hoje de um assunto metodológico referente a como estudar bem, de modo a tirar proveito do estudo.

As perguntas que uma pessoa deveria fazer a si própria, após ter estudado um tema, seriam:

1 – que proveito tirei

2 – que proveito deveria ter tirado

Imagine-se essa pessoa com um texto na mão – por exemplo, um assunto de vida espiritual – e, consciente ou subconsciente, se perguntando: o que fazer deste papel? Ler. Está bem. Mas depois de lido, o que fazer do que li? Eu de fato estudei bem? Como é que este assunto se estuda? Eu terei estudado bem? Terei aprofundado bem esta matéria ou não?

 

Compreensão e aprofundamento 

Preliminarmente seria preciso distinguir dois aspectos que são comuns a toda espécie de estudo:

1 – a compreensão

2 – o aprofundamento

Isto se aplica tanto a um estudo doutrinário, como ao de geografia ou qualquer outra matéria.

 

Entender bem 

Em que consiste a compreensão?

Consiste no seguinte: a pessoa ter entendido bem aquilo que ouviu de um terceiro, de maneira a ser capaz de repetir o que lhe foi contado.

Mas não é um repetir em que umas partes do assunto foram entendidas e outras não, o que forma um bloco de pedaços heterogêneos com algumas partes meio decoradas e outras entendidas. Mas o entender significa que a pessoa compreendeu inteiramente cada uma das partes, e sabe repetir satisfatoriamente a exposição que lhe foi feita!

 

Ser capaz de expor 

Entretanto, o grau perfeito do entender é a pessoa ser capaz de fazer uma reexposição para um outro, daquilo que compreendeu. Quando a pessoa não é capaz de fazer uma reexposição, não se pode dizer propriamente que ela entendeu. Ela pode ter compreendido partes do assunto, mas não compreendeu bem o conjunto, porque se o conjunto ficou bem compreendido, com algumas notas próprias a lembrar, ela faz a reexposição.

Isto é simplesmente o entender.

 

Aprofundamento 

Consideremos o segundo aspecto: o aprofundamento. O que é aprofundar? É passar desse primeiro nível de entendimento para um nível mais profundo, menos superficial. É um compreender mais aprofundado.

Neste entender mais profundo, no entanto, entra uma série de questões diante das quais o espírito humano tem preguiça de se colocar, pois que exigem uma posição séria, honesta e varonil. São muitas essas questões. Pode-se enumerar algumas.

 

Em que concordo ou discordo? Por que? 

Uma delas é: “Posto que isto é assim, quais são os pontos em que, definidamente, eu concordo ou discordo? Por que concordo? Ou por que discordo?

Depois de ter tomado, por essa forma, uma primeira posição, muitas vezes o resultado a que ela chega é a dúvida. Porque se em tais aspectos concordo, em tais outros discordo, se estabelece a dúvida sobre se aquilo deve ser aceito, ou não. Portanto, nem sempre a certeza surge desse ponto de aprofundamento.

 

Relação de harmonias ou contradição com as verdades que conheço 

Segue-se uma outra parte do aprofundamento que é a seguinte: “Que relação de harmonia ou de contradição essas questões têm com todas as verdades que eu conheço?” – Em outras palavras: “Eu conheço uma porção de dados que têm relação com esse assunto. Esses dados que tenho, quais são? Até que ponto esses dados desmentem ou confirmam a matéria que estudei?”

É uma questão diferente da do primeiro ponto.

 

Quais as conclusões mais profundas que posso tirar? 

Uma terceira questão pode ser apresentada assim: “Uma vez que eu cheguei à conclusão de que tal afirmação é verdadeira ou falsa, quais são todas outras conclusões, até o fim do caminho, indo às raizes mais profundas, que eu possa tirar do fato de que essa coisa é verdadeira ou falsa?” Este já é um outro grau de aprofundamento.

 

Reordenamento das idéias 

Por fim, a pessoa deve fazer uma espécie de reordenação das idéias. É uma espécie de recapitulação por onde ela seja capaz de fazer um balanço mental de tudo o que é verdadeiro e de tudo o que é falso no que viu. É uma espécie de chancela geral do trabalho feito.

 

As objeções e o desapego 

Uma dificuldade que alguém poderia levantar e que geralmente se procura diante de um tema, aderir ao que está escrito, sem levantar objeções e sem buscar a causa dessas objeções, porque isto seria uma maneira de alimentá-las, o que poderia parecer “mau espírito”. Com isso sufocar-se-iam as objeções em vez de resolvê-las.

A resposta a essa dificuldade é muito delicada. Há certo número de objeções em que se vê que, quando são levantadas, levanta-se atrás delas toda uma seqüela de apegos e perturbações. Aí a prudência manda que, primeiro, se coloque a alma em condição de examinar as coisas desapegadamente. E enquanto não se conseguir o desapego, fazer um ato de obediência. Mas isto fica dito apenas de passagem, já que seria entrar no terreno espiritual e não no terreno meramente metodológico, que é o de que se cuida no momento.

Porém num tema para nós inteiramente neutro como seria, por exemplo, se o clima da serra é melhor que o do litoral, ou outros temas do gênero, em que ninguém entra com elementos passionais para resolver o problema, os apegos entram muito pouco.

              

Exemplificando com o dogma da infalibilidade papal 

Vamos agora usar exemplificativamente o método com o estudo da infalibilidade papal.

O primeiro ponto que alguém pode tomar, quando estuda a infalibilidade, é o seguinte: o que a Igreja entende de fato por infalibilidade? – A doutrina é tal, a infalibilidade é isso, ela se dá em tais circunstâncias e em tais casos – Qual a razão dessa infalibilidade? Por que a infalibilidade não é uma inspiração, mas uma sustentação sobrenatural que o Papa recebe da graça para não cair em erro? Quais os argumentos que a Igreja tem para provar que a infalibilidade existe?

Ao estudar esta doutrina a pessoa deve ter uma primeira intelecção que é de quem lê e entende.

Essa intelecção deve ser tal, que não tenha aspectos não entendidos, que são meio decorados  e amarrados “a barbante” com o resto. Deve-se ter compreendido completamente. E o sintoma de que se compreendeu inteiramente e de que se é capaz, com um mínimo de notas, de fazer uma exposição para qualquer pessoa a respeito dessa matéria. Isto é o primeiro compreender da doutrina da infalibilidade.

Depois de ter assim compreendido, a pessoa como católica, ressalvando que o ensino da Igreja sobre a infalibilidade é verdadeiramente infalível, tem que se perguntar o seguinte: “Quais são os pontos da doutrina sobre a infalibilidade aos quais eu adiro com toda facilidade, e quais são os pontos em que meu espírito conservou problemas a respeito da questão?”

Quer dizer, a pessoa tem que fazer uma espécie de confronto entre sua mentalidade e a doutrina que recebeu. Para efeito – no caso a doutrina católica – de reformar seu espírito. Deve então fazer uma lista: “Em tais coisas eu consegui vencer minhas objeções, e em tais outras não consegui. Nestas últimas eu vou fazer um ato de Fé mais ardente, mais especial, porque a Igreja é infalível mesmo. Portanto vou aceitar certo de que, quando chegar a compreender, eu verei maravilhas. Posso passar vinte anos com aquela dúvida ou incompreensão na cabeça. Um belo dia, se Deus quiser, aquilo se esclarecerá para mim!”

Bem-aventurado Pio IX, o Pontífice que proclamou o dogma da Infalibilidade papal - Gravura da época

 

Fica assim, na minha memória, uma espécie de registro de problemas, que estão resolvidos porque a Igreja é verdadeira, mas que eu preciso compreender melhor, e em relação aos quais, ao longos dos decênios, eu vou procurando entender, insistindo, até compreender.

Faz parte, pois, deste sistema de estudos, uma espécie de arquivo não escrito de questões não compreendidas e que vão sendo compreendidas ao longo dos tempos.

Não é de se crer que haja um único espírito sério, com verdadeira vida de pensamento, que a respeito de uma porção de assuntos não tenha formado uma pilha de temas não entendidos inteiramente. E não se trata só do campo restrito da doutrina católica, mas do campo do conhecimento em geral. Por vezes aparece algo que tem relação com essas dificuldades. A pessoa se lembra delas e diz: “Aqui eu tenho um dado. Quem sabe se eu entendo isto, quem sabe se entendo aquilo”. Isto é que propriamente alimenta a vida de pensamento. Esse arquivo do claro-obscuro, bem definido, bem estruturado, é o que alimenta a vida de pensamento. Sem criar propriamente agitações e dúvidas – porque a gente deixa de lado a matéria em que possa ter apegos – isto é que alimenta a vida de pensamento e faz a pessoa progredir.

Quando muita gente pergunta como é que alguém pode, trabalhando muito, e lendo relativamente pouco, chegar a ter um grande número de convicções, a resposta é: através desse método. É tendo uma espécie de fichário vivo e contínuo, e procurando lembrar, re-analisar e esclarecer qualquer coisa que ouve falar e que tem relação com algum dos pontos de dúvida. Vale muito mais isto do que a gente ler um livro. Mas sem nenhuma comparação! Porque ir ao livro é útil, mas é secundário. A grande coisa é esse esforço para esclarecer os problemas que não consegui resolver.

Isto é inseparável de uma boa vida de pensamento.

Vamos dizer que a respeito da infalibilidade do Papa alguém tenha uma dúvida, uma dificuldade: “A infalibilidade representa uma espécie de absolutismo eclesiástico, parecido com o absolutismo de Luís XIV. Ora, quem é a favor da sociedade orgânica, descentralizada, deve querer um maior feudalismo eclesiástico; logo, deve ser a favor de uma maior independência dos Bispos”.

Até nasce daí um problema bonito: o que é que há de diferente entre a ordem civil e a ordem eclesiástica para que algo que vale para a ordem civil não valha para a ordem eclesiástica? Esse é um bonito problema, um bonito tema para digressão.

Então, estudar é tomar distância do assunto, não para resolver tudo – como muita gente imagina – mas para organizar esse – digamos assim -  “bosque sagrado” dos problemas não resolvidos, os quais, pela reflexão, a pessoa vai ao longo do tempo resolvendo. Isto é o segundo ponto de como estudar.

Há certa quota de coisas que, no estudo, a pessoa vê que são verdadeiras ou falsas.

Põe-se então para ela a seguinte pergunta: “Se tal afirmação é verdadeira, quais são todas as conseqüências que me interessa tirar, que legitimamente devo tirar dessa verdade que conheci?”. A pessoa deve fazer isso com apetência para as conseqüências mais profundas, aonde seu espírito, por preguiça, não chegaria.

Então, vamos dizer, fazer a transposição do princípio da infalibilidade, para ver se tem aplicação na ordem temporal; fazer a transposição do princípio de infalibilidade para entender a sabedoria da Igreja em comparação com o caráter enfermiço de todas as outras religiões, que não têm a infalibilidade; enfim, mil outras conseqüências que se tiram da infalibilidade, a pessoa deve ir tirando e alinhando.

Quer as conseqüências positivas (tais coisas são boas), quer as conseqüências negativas (tais coisas são contra a infalibilidade ou contra os pressupostos da infalibilidade, portanto, são erros), de maneira que, no fim ela faça uma lista:

- “O que eu aprendi estudando a infalibilidade?”

- “O que tenho que rechaçar porque estava errado, e o que devo assimilar porque está certo?”

Para muitos a maior dificuldade é tirar todas as conseqüências do tema estudado. Como é que se resolve esse problema de, estudada uma matéria, chegar-se até às últimas conseqüências a que ela conduz?

É claro que num assunto muito rico como é o da infalibilidade papal, não se chega a esgotar todas as conclusões possíveis e imagináveis. Mas a pessoa deve procurar tirar todas as conclusões que são acessíveis a seu espírito, num esforço normal, num tempo “x”. É preciso considerar que o espírito humano tem, no concluir, como que várias zonas, várias distâncias no olhar. Há uma espécie de distância primeira, que corresponde a um primeiro exame sério. Há uma segunda distância, que já é um aprofundamento. Por exemplo, a vista é em três distâncias: imediata, média e a remota. Então, é preciso tirar todas as conclusões dentro do imediato, e daquilo que fica entre o imediato e o médio. Isto, num estudo. Agora, há ao lado da tal floresta das incompreensões, a floresta das conclusões não tiradas: “Tais e tais verdades eu guardo no espírito, porque são verdades onde há conclusões a serem tiradas”.

Não se pode conceber de outra maneira a vida de pensamento.

Aí a pessoa deu a volta no assunto da infalibilidade.

 

Considerações finais sobre este método 

Embora numa manhã de estudos, por exemplo, isso tudo não possa ser feito em profundidade, pode, no entanto, ser feito “à vol d’oiseau” [como um voo de pássaro], abrindo assim o espírito para muitas outras reflexões nos intervalos do dia. Quer dizer, uma manhã de estudos nunca esgota o assunto. Ela deixa uma porção de fios interessantes pendentes, para a pessoa ir esclarecendo depois. Ou a pessoa sai dos estudos com vontade de estudar mais - e ainda não se está falando do lado espiritual - ou ela perde o dia porque não tomou o sabor do estudo que fez.

Imaginem que eu tivesse que estudar mecânica de automóveis. Como eu tenho horror à matéria, eu faria esse estudo mal feito, porque logo que terminasse o período de estudos, a primeira coisa que faria seria fechar o caderno e pensar em outra coisa. Quer dizer, seria preciso que esse estudo criasse em mim o interesse e o gosto pela matéria; do contrário, o estudo não teria efeito.

Como criar o gosto pela matéria? Aí é que está o problema!

Poder-se-ia aqui abrir um parêntese e perguntar qual a distinção entre dúvida e incompreensão, e como é possível aceitar algo que não se compreenda, baseando-se em argumento de autoridade. Isso poderia facilitar muito para alguns o estudo do problema.

A resposta é simples. Na linguagem dos Seminários da era “constantiniana” havia uma distinção muito bonita entre “objeção” e “dificuldade”.

A “objeção” era a dúvida levantada em relação a um ponto não compreendido, e sobre o qual havia liberdade de discordar. A “dificuldade” dizia respeito a algo que era aceito devido à autoridade de onde provinha. Mas que havia criado no espírito uma dúvida, que já se sabia que seria resolvida, mas que precisava ser resolvida. 

*  *  *

 

Sugestão para o estudo de temas de vida espiritual ou que dizem respeito à Causa católica

 

Quando se trata de vida espiritual é preciso fazer isso e algo mais.

Em princípio, como esse processo é um processo verdadeiro, ele sempre se aplica a assuntos de vida espiritual. Em princípio.

Mas, a questão é que ele se aplica com uma porção de modificações e adaptações, decorrentes do caráter específico dos assuntos de vida espiritual e das coisas que dizem respeito à causa católica de modo geral.

 

Amor e antipatia como fatores necessários de compreensão 

Isto se dá antes de tudo porque neste gênero de assuntos é impossível compreender sem ser levado por um amor e por uma antipatia.

Quer dizer, por um amor a algo dentro do assunto; e por uma antipatia àquilo que é o contrário disso. Quem não é levado por um amor e uma antipatia - mas um amor e uma antipatia vivos - não põe nestas questões o empenho que põe, por exemplo, nas questões em que entra o amor próprio. É inteiramente impossível!

 

Este assunto o que me diz? 

De maneira que, depois de ter entendido e ser capaz de repetir – ou conforme a mentalidade de cada um, até antes, pois cada um deve situar isto a certa altura do processo intelectual – põe-se esta pergunta que, na lista das perguntas espirituais, é a primeira:

“Este assunto, a mim, o que me diz? O que pode me dar apetência de conhecer este tema?” Enquanto a pessoa não souber de fato isto, não começou bem o estudo.

Porém, como se pode chegar a ter fome de conhecer determinado tema?

 

Lista de assuntos que me interessa – Saber relacioná-los com o tema em estudo 

É preciso, primeiro, a pessoa ter uma lista bem conscientizada dos assuntos de doutrina católica e de vida espiritual a respeito dos quais ela tem fome, tem interesse em conhecer.

É preciso, em seguida, estabelecer uma relação entre esses assuntos e aquele que ela está estudando. É, portanto, um sistema como que de apetite de “proche en proche”.

Por exemplo, a Eucaristia. É preciso que a pessoa veja qual dos aspectos da Eucaristia lhe dá um interesse vivo em conhecê-La. Além disso, saber a razão desse interesse vivo, para fazer o estudo de maneira a compreender que o interesse por tal ponto deve levá-la a interessar-se por tal outro, tal outro e tal outro.

 

 

Por exemplo, comigo sempre dois aspectos da Eucaristia me falaram muito. A idéia de Nosso Senhor, com toda a sacralidade, toda Sua dignidade, com toda Sua majestade, presente em minha alma com uma união superlativa, da qual não há noção adequada no convívio humano, e agindo dentro da minha alma amorosamente, ao mesmo tempo sagrando-a, elevando-a e remodelando-a. Resultado: toda meditação eucarística para mim é fecunda na medida em que eu a relacione com este aspecto da Eucaristia.

Assim, ao considerar, por exemplo, o problema do tamanho que precisa ter a partícula para que nela haja a presença real, se eu não sei estabelecer uma relação com esse ponto que me toca, o assunto ficará mortiço. Eu poderia até aprender. Mas não aprendo com amor, não aprendo com entusiasmo, não aprendo com interesse, porque não relaciono com o ponto da Eucaristia que toca na minha alma.

O mesmo se pode dizer, por exemplo, com a devoção a Nossa Senhora. O que me toca especialmente na devoção a Nossa Senhora é uma espécie de antinomia harmoniosa e maravilhosa que há no fato d’Ela ser tão santa, e entretanto saber se colocar tão ao nível de mim pecador e de todos nós. Isto me toca até onde pode tocar! Porque se Ela, sem perder nada de Sua superioridade incomensurável, sabe, por assim dizer, ficar tão no nosso nível –  porque eu sinto Nossa Senhora muito ao meu alcance, ao meu nível quando rezo a Ela, quando cogito d’Ela, por assim dizer, quando trato com Ela, eu A sinto enormemente ao meu nível, espantosamente ao meu nível! Mas, de outro lado, tão maior, que nem sequer sei o que dizer! Depois, Ela tão pura poder tocar nossa alma que tem manchas sem se contaminar em nada, e, tendo todo horror ao mal, não ficar com horror de mim, há aí uma espécie de contraste belíssimo, maravilhoso, em que me sinto aceito e assumido por inteiro.

Se não coloco isso no centro de minhas cogitações quando leio o “Tratado da Verdadeira Devoção a Nossa Senhora” de São Luís Grignion de Montfort, como que perco o roteiro. Tomo aquilo como um passeio pelo Saara...

Se a pessoa prestar atenção, perceberá muito claramente que, em todo estudo que faça, em toda matéria que aborde, há ali um ponto que lhe diz respeito, que toca na “catedral” dos assuntos que lhe dizem respeito. Em última análise, aprofundando bem, a pessoa encontrará a sua luz primordial [Cada alma tem uma tendência para o mal que é mais forte que as outras, e é por onde é tentada: o vício capital. Em sentido contrário, há uma tendência mestra, que varia de pessoa para pessoa, e que é o aspecto de Deus que mais é chamada a espelhar: a luz primordial, n.d.c.]. De onde seu interesse por este ou aquele assunto que, do contrário, seria para ele como estudar grego ou chinês.

Alguém, por exemplo, poderia me perguntar: “O Sr. quer saber como se fabricava porcelana na China no século tanto?”. A resposta é: - “Não, por favor, não quero saber!”.

O primeiro insiste: “Era pelo método kaolin, porque kaolin é uma palavra chinesa – ka-o-lim – que na gíria popular que os jesuítas descobriram... etc.”

A resposta é: “Olha aqui, há especialistas que sabem disso; eu não quero saber!”

 

 

Porcelana da China, época Xangxi, início séc. XVIII

 

Mas se a pessoa me dissesse: “O Sr. veja tal azul assim...” - e me mostram – azul de porcelana – “qual a matéria que se utilizava para fabricar esse tipo de porcelana?” Por amor ao azul, fico com vontade de saber. Tocou no meu ponto: cores!... “Um azul assim de várias profundidades... que, à primeira vista, parece meio claro, mas, ao analisá-lo vê-se que tem obscuridades, chega até ao azul nattier, mais adiante é um azul insondável, oh! que maravilha! Estou em minha casa!” Isso quero saber! Agora o kaolim me interessa! Porque Nossa Senhora ajudou a pôr a nu, a pôr flutuando e a conhecer tudo o por onde eu posso engatar em tudo. Tudo o por onde repilo tudo também. Porque há repulsas monumentais e atrações monumentais dentro disso.

Ora, eu sustento que isto faz parte da escola de pensamento da TFP.

De início, fazê-lo modestamente. Porque não é para se começar isso logo de uma vez com as proporções indicadas. Mas para fazer em pequenas proporções no começo de cada estudo. E o caminho se iluminará muito mais do que se pensa.

 

Compreender com velocidade da luz 

Assim como a luz tem uma velocidade enorme, a compreensão tem também, desde que se aplique este método. Isto aqui é o brilho da compreensão. A maior parte das pessoas não pensa muito e custa para compreender, porque são como locomotivas andando fora dos trilhos. A gente vê o jeito da pessoa abordar algo, e é como uma locomotiva fora dos trilhos...

 

Resumo do que foi apresentado 

Então, resumindo, esta seria a primeira pergunta nas questões de vida espiritual: “No que isto me diz respeito?”

Não é, portanto, a seguinte impostação: “eu tenho a obrigação de saber, logo eu vou saber e vou decorar”.

Não, a pergunta é mais subtil. A pergunta é: “no que isso diz respeito a mim, enquanto dotado de luz primordial e precisando saber tal coisa?”

Isso deveria ser feito com todos os temas, a começar pelo estudo da noção da sacralidade da vocação que a Providencia concedeu a cada um. Assim, vai-se para a frente! Muitas vezes não se encontrará nada. Forma-se mais uma vez um “bosque de questões” que não foram resolvidas. Vai-se pacientemente para a frente, confiando em Nossa Senhora.

Para um Sacerdote ou Ministro extraordinário da Eucaristia, por exemplo, ao distribuir a Eucaristia, pode refletir no seguinte: “aqui está Nosso Senhor. Eu, colocando-O na língua de uma pessoa, dou a Nosso Senhor a ocasião de realizar, nesta alma, este processo que eu fico tão encantado que Ele realize na minha e de fazer ali maravilhas que eu conhecendo esta pessoa, intuo mais ou menos quais são”. Então, um entusiasmo superlativo em depositar a Hóstia naquela boca, pensando: “por disposição da Providência, a Eucaristia teria sido instituída, ainda que fosse só para esta pessoa comungar”. É um sol!

 

 

O Cardeal Alfons Maria Stickler SDB distribui a sagrada comunhão durante o Pontifical celebrado em memória do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira (novembro de 1995), em Roma, na igreja de Santo Spirito in Sassia, a poucos metros da Basílica de São Pedro

 

Retomemos a noção de que na Eucaristia Nosso Senhor toma com a alma uma forma de união tal como não existe na relação entre criaturas humanas; é uma união misteriosa, superlativa, durante a qual Ele vai operando na alma uma sacralização, e transformações morais, de uma qualidade insondável, de um “raffinement” [requinte] e de uma nobreza excelsa. E alguém imaginar que o Divino Artista vai modificando sua alma segundo os desejos e aspirações do senso artístico-psicológico d’Ele, numa união que não é divinizante, mas que quase se chamaria divinizante ou –  melhor ainda – transformante no melhor sentido da palavra. Isso é o “clou” [ponto] da Comunhão.

Além disso, quando uma pessoa toma um ponto, acaba apanhando por conexão vários outros pontos em matérias vizinhas. Daí a semelhança com a velocidade da luz. Isso pode progredir assim.

 

Sem isto, estuda-se sem sair do lugar 

Sem isso se pode correr o risco de estudar meses, ou mais do que meses, sem sair do lugar. E com uma sensação de desânimo: para que estudar? Para pôr-se em frente de um texto e não saber o que fazer com ele? Seria a mesma coisa que se alguém dissesse a outro: está aqui este parafuso e está ali uma coisa para prender com esse parafuso. Medite sobre isso!...

 

Diante do ponto vivo algo se sente 

Alguém contou que Maquiável arranjou um modo de vida que lhe possibilitava, ao lado da teoria, entrar no ponto vivo dos problemas. Daí sair o livro dele [O Príncipe]. Poderíamos perguntar se haveria para a geração nova um método para descobrir o ponto vivo. Umas regras para descobrir – portanto ainda muito antes de chegar à luz primordial – o ponto vivo.

A resposta seria que essas regras existem, mas não é o momento de estudá-las agora. São regras de introspeção simples, cujo fundamento é que o indivíduo, colocado diante do ponto vivo, algo sente. Trata-se de ele saber examinar-se.

 

Zonas de ojeriza, de atonia, de maravilhamento 

O encontro do ponto vivo é, portanto, uma das primeiras coisas que nesses assuntos de vida espiritual, se deve considerar.

Uma segunda questão que se impõe à consideração nessa matéria, é o seguinte: há nas pessoas zonas de ojeriza, de atonia, de maravilhamento ou de repulsa que podem, por oposição, ajudar a encontrar o ponto vivo. Mas que, de si, atuam muito. Quer dizer, há uma porção de matérias que despertam ojerizas. Enquanto existem pessoas que podem ficar encantados com a idéia de Nosso Senhor atuando na alma delas, outras podem ficar perplexas ante uma “interferência” dentro da própria alma – e no que esta tem de mais particular –, de Alguém que se põe a agir ali com operações que a pessoa não sabe bem quais são. Pode haver certo tipo de anglo-saxões, por exemplo, que sinta invadido por perplexidades destas.

 

O processo da memória e o das resoluções 

Depois é preciso que a pessoa – ainda dentro deste assunto – examine duas coisas em função do ponto de referência, isto é, do ponto vivo ou do ponto de repulsas: o mecanismo da memória e o mecanismo das resoluções. Porque existe uma tendência muito grande a jogar fora tudo quando a pessoa aprendeu, quando o assunto não atinge exatamente o ponto vivo.

Ou então a não tomar nenhuma resolução concreta, e a ficar com aquela questão esfumaçada e vaga. Questões esfumaçadas e ausência de resoluções são atitudes completamente erradas.

Em questões de vida espiritual nada deve ser abordado sem a pessoa tomar uma resolução tal que não seja apenas teórica, mas prática. E essa resolução prática deve comportar sempre três pontos: o que a pessoa deve querer, o que ela deve pedir, o que ela deve fazer.

Então, a respeito de Nossa Senhora: “uma vez que Nossa Senhora é assim o que eu devo querer a respeito disso? Que forma de amor eu devo ter nisto? Segundo: o que eu devo pedir a Ela, uma vez que vejo que Ela é assim? Terceiro: o que devo fazer? Como devo fazer para me lembrar sempre? Como eu devo fazer agir em face d’Ela, normalmente, uma vez que Ela é assim? E toda minha conduta em vida espiritual com relação a Ela como deve ser? Que forma de confiança, que forma disto, daquilo outro?”

Resoluções, resoluções, resoluções! Ainda que a pessoa forme tantas resoluções que não seja capaz de executar todas. Mas deve ficar com certa memória delas, de maneira a, com o tempo, ir executando-as prudentemente, gradualmente.

Assim como uma pessoa que quer ficar rica sabe quais são todos os escalões intermediários e a eles aspira, assim devemos ser nós com a santificação. Como, por exemplo, a história daquela mulher que tinha um ovo, ou uma leiteira, e queria chegar até a uma criação de galinhas. A pessoa deve dizer: “eu agora não posso agir em tudo com Nossa Senhora como gostaria, mas vou começar a fazer tal coisa, e mais adiante tal outra, e tal outra, etc., e irei assim, assim, assim...”. É uma espécie de programa de progresso organizado, que constitui o pressuposto da mentalidade com que se entra no assunto.

 

Exemplo: desenvolvendo a devoção a Nossa Senhora 

Em vista de Nossa Senhora ser assim, devo ter para com Ela, de um lado, um respeito indizível pela enorme superioridade d’Ela, e de outro, uma confiança indizível pelo fato de Ela se colocar de tal maneira ao meu alcance. Ora, nem a primeira coisa nem a segunda, alcançarei logo de uma  vez. Mas compreendo que as devo alcançar e as desejo alcançar.

Então, o que podemos fazer de imediato para aumentar nosso respeito para com Nossa Senhora?

Por exemplo, antes de rezar a Ela, pensar que Ela é imaculada. E, de outro lado, pensar como somos nós, de maneira que nos sintamos pequeninos ao nos aproximarmos de Nossa Senhora; sintamos, ao nos aproximarmos d’Ela que é absolutamente imaculada, a nossa conspurcação. Mas isto supõe pensar mais em Nossa Senhora do que em nós; supõe ter bem presente o que é ser uma pessoa imaculada, ser Mãe de Deus, etc. Aí nós nos sentimos pequeninos.

 

 

Altar onde Nossa Senhora apareceu ao hebreu Alphonse Ratisbonne, convertendo-o ao catolicismo (20 de janeiro de 1842, igreja de Sant'Andrea delle Fratte, próxima à famosa Piazza di Spagna, em Roma)

 

Depois, num segundo passo, tornar bem presente ao nosso espírito, como Ela está inteiramente ao nosso alcance.

Se Nossa Senhora aparecesse, nos falaria – como um ente vivo fala nesta vida terrena a um outro –, embora com uma nobreza de Rainha. Mas nós nos sentiríamos à vontade com Ela, mais ainda do que se fosse com nossa mãe. Ou temos isto inteiramente em vista, ou não temos uma correta devoção para com Ela.

Esta virtude pode chegar a graus heróicos. Mas tem inicialmente graus elementares: como educar a memória para lembrar-se disso, educar o modo de ser para chegar perto d’Ela, etc., etc. Com o tempo, chegaremos a graus que podem atingir o heróico.

Desta forma, como uma pessoa prepara o espírito para um dia de estudos?

Seria muito interessante preparar o espírito começando por lembrar do ponto vivo, do ponto de atonia, do ponto de repulsa, para tratar da matéria já considerando esses pontos e depois ir se examinando durante o tempo do estudo, para ver se foi mantendo essas preocupações, se compreendeu, etc.

 

Aplicação da teoria do “ponto vivo” ao estudo da sacralidade da  vocação 

Imaginemos a sensação que teríamos se víssemos de repente Nossa Senhora aparecer a um de nós, cercada de uma série de Santos, de Anjos, num conjunto esplendoroso, e dizendo-nos o seguinte: “Meu filho, a ti Eu quero de um modo especial, e Eu tenho contigo uma participação especial. De maneira que, para distinguir-te especialmente de todos os Anjos e santos que estão aqui, e de todos os homens que tratarem contigo, Eu te dou aqui uma pedra maravilhosa tirada diretamente do paraíso” – ou conforme o feitio de cada um, uma condecoração ou um tipo de flor do paraíso terrestre como igual não existe na Terra – “e é para ti, guardando-a, lembrar-te de todo o afeto que te tenho, e de toda a união que tu tens comigo”.

Que efeito produziria uma visão dessas e a contemplação de um objeto como esse?

Posta à parte a vaidade que poderia vir, e suponho até que se tratasse de um objeto que não fosse possível mostrar para ninguém – embora mesmo assim pudesse causar vaidade... – o que aconteceria?

Aconteceria que a pessoa se sentiria muito dignificada. É a conseqüência natural.

Seguir-se-iam os seguintes pensamentos: “Se Nossa Senhora toma essa atitude para comigo, é porque é possível eu me sobrepor a este magma de defeitos, de más inclinações e de misérias que é toda pessoa concebida no pecado original. Existe um modo de eu pairar sobre isso e de ser aquilo que eu gostaria de ser e que Ela gostaria que eu fosse. Existe um modo”.

Depois, teríamos a sensação reconfortante de que existe dentro de nós uma ação d’Ela, uma força vinda d’Ela, e que nos dá um ânimo para a vida espiritual de que nós, por nós mesmos, não seríamos capazes. É uma esperança numa intervenção d’Ela para nos mudar e que nós, por nós, não sentiríamos no direito de esperar. Por isso, também, uma gratidão para com Ela e um amor para com Ela renovados.

Não podia acontecer que, posta à parte a vaidade, esse fosse o resultado em nós?

Ora, muito mais do que essa flor, é a graça da vocação que cada um recebeu.

Não é uma pedra preciosa que os olhos vejam ou que os sentidos apalpem, e não é uma flor cujo perfume possa ser aspirado, mas é uma jóia cujo valor a Fé nos ensina. E que, portanto, é natural que produza em nós tais efeitos.

Considerando isso, com toda a atenção antes da reunião, e lida a matéria como quem vai tomar conhecimento da jóia que Nossa Senhora nos deu, é impossível que não se movam em nossa alma mil coisas que estão adormecidas pelo abatimento, pela estagnação, pelo desvio e por inúmeros defeitos, e que nossa alma não se sinta renovada por ares que não tínhamos a impressão de que  nunca mais passariam por ela.

Tomado esse exemplo com espírito de Fé, é tão simples, que parece quase infantil... Entretanto, é a mais pura verdade! Porque não há uma alma humana, não há uma criatura humana, que esteja em estado de graça e que, sentindo-se tratada assim por Nossa Senhora, não sinta tudo se tornar mais leve do que antes.

 

Conclusão 

É preciso, para completar isto, que venham graças especiais. Sem graças especiais não vai. Mas, o modo de atrair as graças é fazer isso, mesmo na aridez. Em certo momento a graça vem.

Fica assim indicado que existe um caminho. É claro que não é um caminho fácil; é um caminho árduo. Mais ainda. É um caminho que, sem graças especiais, é intransitável. É certo. Mas a questão é que se pode ter tanta certeza que essas graças especiais vêm, que daí vem o resto.

Não é essa uma linda intenção para o rosário e para a Comunhão durante uma semana? Pedir a Nossa Senhora, no início do rosário, que nos faça ver isto nos dias de estudo. Basta uma palavra: “Minha Mãe, fazei-me ver no dia de estudos aquilo que consideramos”.

Na comunhão: “Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, fazei-me ver, nesta comunhão, aquilo que estudamos sobre a Eucaristia”. Isso só, pode alimentar a piedade na recitação do Rosário e na recepção da Eucaristia, durante uma semana.

 


(*) Nota: O leitor poderá aprofundar o tema da escola de pensamento da TFP, lendo "Guerreiros da Virgem - A Réplica da Autenticidade - A TFP sem segredos", de autoria do Prof. Plinio (1985), mais precisamente o Cap. V, item 4, A).


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