Plinio Corrêa de Oliveira

 

Henrique VIII visto por inteiro

 

O heresiarca pretensioso, sensual, perseguidor, cruel e tirano, endossando uma linda indumentária

 

 

 

Santo do Dia, 8 de julho de 1972, Sábado

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A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério tradicional da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.

Henrique VIII por Hans Holbein

Os senhores estão vendo aqui um heresiarca: Henrique VIII (1491-1547), rei da Inglaterra, o homem que matou várias mulheres sucessivas, e que se separou de Roma. Ele foi casado em primeiras núpcias - como soberano ainda católico - com Catarina de Aragão, filha dos Reis Católicos Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela. Depois ele divorciou-se dela para pegar outra. Teve, no total, seis mulheres, inclusive mandou executar Ana Bolena (sua primeira concubina), e se desfez de algum modo das sucessivas. Quando a Igreja negou seu divórcio com Catarina de Aragão, ele então resolveu constituir a Igreja Anglicana.

Os senhores notam, antes de tudo, o jeito do personagem. Pode-se dizer que o orgulho e a sensualidade estão ali perfeitamente misturados. A sensualidade se nota no todo. É o modo de ser carnudo, o rosto carnudo, o corpo carnudo, o modo de ser carnudo que é todo especial.

Os senhores vêem essa face repleta e a boquinha assim chupadinha. Os olhos pequenininhos, duros, inflexíveis, incapazes de qualquer impressão sobrenatural, também de qualquer compaixão. Ele não dá impressão de corajoso e não o era. Ele era ruim, pura e simplesmente ruim!

De outro lado, os senhores vêem no todo dele uma segurança do indivíduo que se sente numa posição política muito forte, e que faz tudo aquilo que entende. E que é meio desbragado, não se controla em nada. Foi ele que mandou matar São Tomás Morus, cuja vida os senhores assistiram aqui num filme, dignamente representada, e o cardeal São João Fisher também, porque se recusaram apostatar.

O traje, eu não sei bem o que os senhores acharão dele. O personagem é grotesco, é obeso, mas seria interessante os senhores imaginarem num personagem de corpo bem feito. Os senhores perceberiam sem dificuldades que se trata de um traje muito bonito. Não espantem em ouvir dizer – eu não estou dizendo que o traje é bonito, eu estou dizendo que ele é muito bonito. Os senhores devem distinguir no traje, propriamente, como em qualquer paletó, propriamente a parte que reveste o tronco [e a] dos braços. Na parte que reveste o tronco, os senhores estão vendo que ele está vestido com tecido listrado, com cores discretas e, sobre esse fundo discreto, os senhores vêem que corre uma grande faixa toda ela de bordados tendo ao centro uma linha de arminho que vem até aqui embaixo, com alamares, provavelmente bordados de fios de ouro; e no ponto em que o arminho cruza com os alamares, uma pedra preciosa. De alto a baixo os senhores estão vendo que são rubis. Daqui não é tão claro, mas devem ser rubis, todos da mesma forma, quadrados etc. O rei usa uma condecoração muito bonita, um colar, que é também feito todo de ouro, trabalhado com pedras preciosas. E a gola dele é de arminho também, com uma forma elegante, pontuda, que deixa entrever a camisa. E no lugar de onde sai a gravata normalmente, uma linda jóia por sua vez.

Os braços são também ricos, estabelecendo um contraste com a túnica e estabelecendo uma harmonia com essa faixa. Os braços são enfeitados até essa metade, até o cotovelo mais ou menos, de um modo que lembra muito essa faixa aqui: é o mesmo bordado, o mesmo fio de arminho, os mesmos rubis de ornamentos, alamares etc. Depois a parte do cotovelo é cortada bruscamente por uma bordadura de arminho; e daí sai um tecido que parece “lamé” de ouro e de prata, todo ricamente recamado de pedras preciosas.

O rei usa, no dedo indicador da mão esquerda, uma pedra preciosa. No dedo indicador e no dedo mínimo da mão esquerda – essa é a mão direita – pedras preciosas também.

Aqui esse bastão, que é o bastão de mando, encimado por uma coroa. O chapeuzinho é discutível. Em primeiro lugar, com as abas muito pequenas para a carona do personagem, acrescentam o que ele tem de grotesco. A idéia de bordar com pedras preciosas a aba do chapéu não é má. Eu não me tenho nem um pouco entendido em matéria de moda, mas acho, entretanto, que fica muita pedra para uma abinha tão pequenininha; e que essa cabeçorra, essa carona exigia um chapeuzinho um pouco mais alto pelo menos. Raso assim, a gente tem impressão de que ele pôs um prato na cabeça, virado ao revés. Ele segura as luvas na mão.

A meu ver, excluídos evidentemente os defeitos,  acho uma linda indumentária. Mas o heresiarca pretensioso, orgulhoso, sensual, cruel, perseguidor, tirano, aqui se mostra por inteiro.


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