Comunidade Européia:

campanha da TFP francesa

em defesa da

soberania das nações

 

 

 

 

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Catolicismo, N° 503 – Novembro 1992 – Ano XLII – pags. 20-21

Diante de cenários magníficos, como catedrais góticas, imponentes palácios e monumentos seculares, tremularam nos céus de várias cidades francesas os rubros e altaneiros estandartes da TFP, em memorável campanha propugnando a rejeição do Tratado de Maastricht 

No seu melhor estilo de ação junto ao público, a TFP francesa saiu às ruas de Paris, Tours, Blois, Nancy e outras cidades da França, no mês de setembro. Capas e estandartes rubros reluziam ao sol do verão europeu. Fanfarra e megafones proclamavam — aquela com sons heróicos e estes com vozes vivazes — a posição da entidade em face da grave questão com que o país se defrontava. Do que tratava aquela recente campanha?

O Governo socialista convocara a população às urnas para que esta se pronunciasse a respeito do destino da nação. Deveria ela integrar, às custas de ponderáveis parcelas de sua soberania, a organização supra-nacional denominada Comunidade Européia (CE)? Ou a França deveria continuar sendo ela mesma, a reger o curso de sua história, como vem fazendo desde a conversão de Clóvis, há 1.500 anos?

Diante de tão grave alternativa, a população se dividia entre o SIM e o NÃO à integração do país na CE.

Doze nações européias devem constituir essa Comunidade, que passará a dirigir os respectivos governos, sua economia e sua cultura. Um acordo — o Tratado de Maastricht — já tinha sido assinado pelos governos dos doze países. Mas, na França, ele precisava agora ser ratificado mediante um plebiscito.

A TFP publicou num dos mais conhecidos jornais da capital, "Le Quotidien de Paris", na edição de 18 de setembro, um manifesto à nação em favor do NÃO, ou seja, pela manutenção da integridade da soberania francesa. Seus cooperadores distribuíram nas ruas folhetos com a íntegra do manifesto. 

Reações do público

A fanfarra atraía de longe o transeunte. O enorme estandarte fixava-lhe o olhar. O tema era facilmente compreendido, pois a atenção já estava o mais das vezes despertada para o plebiscito.

Tours é uma grande cidade, mas a vida é ali menos agitada do que em Paris. Pessoas paravam ao lado dos megafones, ouviam a proclamação até o fim, e depois pediam o texto do manifesto. Era comum ver, nos lugares em torno da campanha, quem o lia atentamente: nos bares, paradas de ônibus, nas lojas de comércio.

Alguns, ao recebê-lo, diziam em voz alta: "C'est bien", "merci", "d'accord" ("muito bem", "obrigado", "de acordo"). Pouco adiante paravam para olhar o estandarte mais uma vez. Raros eram os que recusavam o folheto. Constituíram exceção os que o jogaram ao chão de modo ostensivo.

Certo número, ainda pouco informado sobre as posições doutrinárias da TFP, recusava o volante, mas ao se convencerem da inspiração católica da entidade, o aceitavam de bom grado.

As manifestações de hostilidade à campanha foram mais definidas em Paris. E lá também as simpatias se manifestaram mais calorosas. A divulgação começou no movimentado ponto, em frente ao conhecido edifício da Opera. Ali se cruzam importantes boulevards, em volta se situam famosos cafés da capital.

A tarde, os cooperadores se postaram em face da movimentada estação ferroviária de Montparnasse. Muitos passageiros observavam atentamente a campanha. Dois jovens, declarando-se socialistas, recusaram os folhetos, para, em seguida, disfarçadamente colhê-los do chão onde ocasionalmente alguns haviam caído...

Belgas, e logo depois mexicanos, saíram da estação declarando-se contrários ao Tratado de Maastricht.

Muitos foram os pontos da capital francesa, nos quais foi feita a campanha. Os partidários do NÃO se manifestavam de modo efusivo. Os simpatizantes do SIM eram menos calorosos. Muitos, de um e outro lado, após lerem o manifesto, retornavam aos cooperadores para argumentar. Uma senhora: "Sou francesa dos pés à cabeça — eu voto NÃO".


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