Plinio Corrêa de Oliveira

 

fé, coerência, liderança e

 

valentia

 

 

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Um homem, uma obra, uma gesta – Homenagem das TFPs

a Plinio Corrêa de Oliveira
 

EDIÇÕES BRASIL DE AMANHÃ
Rua Javaés 681 – São Paulo
Impressão e acabamento
Artpress – Papéis e Artes Gráficas Ltda.
Rua Javaés 681 – São Paulo
s/d (1989)

 

Entre os ancestrais paulistas de Plinio Corrêa de Oliveira está o Dr. Gabriel José Rodrigues dos Santos (1816-1858), seu bisavô materno. Jornalista, professor da Faculdade de Direito do Estado de São Paulo, secretário do Governo provincial e deputado ao Parlamento do Império em duas legislaturas, era considerado o primeiro orador de seu partido, tendo sua atuação parlamentar se revestido de grande importância.

O Conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira (1835-1919), tio-avô de Plinio Corrêa de Oliveira, era homem de notável inteligência. Foi professor da Faculdade de Direito de Recife, deputado em várias legislaturas, presidente da Província de São Paulo, presidente da Província do Paraná, ministro, senador vitalício do Império e Conselheiro de Estado (também vitalício). Presidente do Conselho de Ministros, submeteu à Princesa Isabel a Lei Áurea, que libertou o elemento escravo no Brasil. Proclamada a República, foi membro do Diretório Monárquico Brasileiro, aceitando, com o “placet” da Princesa Isabel, o cargo de diretor do Banco do Brasil, que exerceu com sucesso.

Da. Lucilia Ribeiro dos Santos Corrêa de Oliveira e Dr. João Paulo Corrêa de Oliveira, pais de Plinio Corrêa de Oliveira. Da. Lucilia exerceu profunda influência sobre a formação do caráter deste, que a ela se ligou com os mais carinhosos vínculos de veneração e afeto filial.

 

Plinio Corrêa de Oliveira por ocasião de sua Primeira Comunhão

Uma grande e luminosa realidade: o movimento católico 

TUDO PARECIA PROSPERAR na Igreja de Deus entre 1928 e 1935. Transcorriam normalmente os anos do pontificado de Pio XI. Naqueles anos crescia no Brasil uma grande e luminosa realidade, que se chamava correntemente o movimento católico.

Movimento católico. A expressão designava o conjunto formado pelas diversas associações religiosas e de apostolado, inertes umas, extraordinariamente pujantes outras. Estendiam-se de norte a sul do País, compreendendo várias dezenas de milhares de pessoas, de ambos os sexos e de todas as classes sociais. Dentre as de maior vitalidade, sobressaíam as Congregações Marianas, que constituíam, no seu conjunto, o movimento mariano.

O movimento mariano, cuja expansão começara por volta de 1925 entre os jovens brasileiros, principalmente da média e pequena burguesia, tivera no Congresso da Mocidade Católica, em setembro de 1928, uma de suas primeiras afirmações triunfais.

A partir de então estendeu-se de São Paulo a todo o Brasil o grande surto das Congregações Marianas que, em 1933, demonstrariam ser – como se verá – uma grande força nacional.

Elas prestaram à Igreja o incomparável serviço de – num país em que a prática da Religião era tida em geral como própria apenas para mulheres e velhos – atrair para ela, e para as atividades apostólicas, legiões inteiras de moços de todas as classes sociais. Essa transformação abria novo capítulo na vida religiosa do Brasil.

Todo o movimento católico, que pela amplitude e variedade constituía um verdadeiro mundo, progredia unido filialmente a um Clero no qual eram numerosas as personalidades de valor e de prestígio, e a um Episcopado de não menor valor, coeso e profundamente venerado.

A grande figura da Hierarquia católica do Brasil de então era D. Sebastião Leme da Silveira Cintra, Arcebispo do Rio de Janeiro, o único Purpurado brasileiro. No Estado de São Paulo, cujo território formava uma só Província Eclesiástica, era figura exponencial, com merecida repercussão em todo o País, o Arcebispo Metropolitano, D. Duarte Leopoldo e Silva.

Foi nas fileiras do movimento católico de São Paulo que se formou o primeiro núcleo de batalhadores que daria origem, mais tarde, à TFP (1). 

 

“O movimento mariano havia crescido extraordinariamente no Estado de São Paulo: faziam-se concentrações que eram movimentos de massa nunca vistos”. D. Clemente José Carlos Isnard, O.S.B., Bispo de Nova Friburgo (2).

 

 

“Quando menos se espera, um magnífico sopro suscitou no Brasil inteiro, no Centro como no Norte, no Norte como no Sul, falanges inteiras de moços que, resolvidos a instaurar no Brasil a paz de Cristo no Reino de Cristo, proclamam bem alto sua resolução de morrer pela Igreja”. “Legionário”, 1937 (3).

 

“Que Deus te preserve e te dê o posto de Chefe da geração, que te está destinado”. Alceu Amoroso Lima (4) em carta a Plinio Corrêa de Oliveira

 

Na Faculdade de Direito, o início da luta de Plinio Corrêa de Oliveira 

NO LARGO DE SANTA CECÍLIA, em São Paulo, localiza-se a Matriz do mesmo nome. Ali se reunia, aos domingos, a Congregação Mariana, em cujas fileiras, a partir de 1928, um jovem estudante de Direito, Plinio Corrêa de Oliveira, iniciava com um grupo de amigos sua militância católica. 

Nascido em 13 de dezembro de 1908, seus pais – o advogado João Paulo Corrêa de Oliveira e Dona Lucilia Ribeiro Corrêa de Oliveira – pertenciam a velhas famílias da aristocracia rural, respectivamente dos Estados de Pernambuco e de São Paulo. Por exemplo, seu tio-avô, o Conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira, foi senador do Império, Conselheiro de Estado, Presidente da Província de São Paulo, várias vezes membro do Conselho de Ministros e, por fim, Primeiro-Ministro. Foi no exercício desse cargo que, com a Princesa Isabel, ele assinou a Lei Áurea.

O período inicial da atividade de Plinio Corrêa de Oliveira caracterizou-se pelo apostolado individual constante: reuniões, conferências, discursos. De início na Congregação Mariana de Santa Cecília, mais tarde em toda a Capital e, por fim, no vasto interior de São Paulo, bem como no Rio de Janeiro e em outros Estados.

Tal atividade não se circunscrevia entretanto aos confins dos ambientes especificamente católicos.

Quando quartanista da tradicional Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo (tida na época como baluarte do laicismo), coordenando de início alguns congregados marianos, Plinio Corrêa de Oliveira fundou em 1929 a Ação Universitária Católica (AUC), a qual se tornou em breve uma realidade vitoriosa da vida acadêmica de então.

A Ação Universitária Católica, ao mesmo tempo que ia crescendo em número e influência no Largo de São Francisco, se estendeu rapidamente, da Faculdade de Direito para as demais escolas superiores de São Paulo (*).

(*) A AUC foi absorvida em 1938, por decisão da autoridade eclesiástica, pelo setor correspondente da Ação Católica, isto é, a Juventude Universitária Católica (JUC). Esta tomou itinerário ideológico próprio, e veio a se tornar mais tarde tristemente célebre na história do catolicismo brasileiro.

Constituiu indício expressivo desse progresso a ocorrência de um fato do qual até se perdera a memória naquela célebre Faculdade: na formatura de 1930, ano em que Plinio Corrêa de Oliveira colou grau, o Santo Sacrifício da Missa foi celebrado dentro do próprio pátio interno das Arcadas, com a prestigiosa presença de quase todo o corpo docente em trajes talares. Elevado número de universitários comungou. Ao Evangelho pregou o célebre Pe. Leonel Franca, S.J.

“Realmente – pensavam os que participavam do ato – algo de profundo mudou na atmosfera da juventude paulista. E para melhor!”

Era o fruto do movimento mariano.

O movimento mariano se propaga rapidamente por São Paulo, adquirindo grande expressão. Na foto, a Congregação Mariana de Santa Cecília, à qual pertencia Plinio Corrêa de Oliveira (o sexto na última fileira, da esquerda para a direita)

 

“Se os católicos não se tivessem congregado para interferir nas eleições de 1933, o Brasil estaria hoje definitivamente desviado para a esquerda”. Oswaldo Aranha (5).

 

 

Na Constituinte de 34, cuja sessão inaugural se vê na foto, estava reservado a Plinio Corrêa de Oliveira – deputado mais jovem, e mais votado – destacado papel, sobretudo como articulador

Plinio Corrêa de Oliveira, deputado mais votado na Constituinte de 1934 

TAL MUDANÇA no ambiente haveria de produzir seus efeitos, de modo sensível, nos acontecimentos que se desdobravam paralelamente, na vida do País.

No mesmo ano de 1930 estourou a Revolução que encerrava o ciclo da “República Velha” e implantava a ditadura Vargas. O comunismo procurava tirar vantagem da situação. O Arcebispo de São Paulo, D. Duarte Leopoldo e Silva, em célebre mensagem ao Episcopado brasileiro em 1934, asseverou que “a erva daninha do comunismo, trouxe-a .... a mochila de certos próceres de 1930” (6). Luís Carlos Prestes se incorporava então à corrente comunista. 

Vários fatores (entre os quais o mais importante foi a Revolução paulista de 1932) levaram Getúlio Vargas a convocar uma Assembléia Constituinte.

Entrementes, criou-se em 1932 a Liga Eleitoral Católica (LEC). A LEC era uma instituição de âmbito nacional, bafejada pelo Episcopado.

Seu modo de atuar consistia em dirigir aos candidatos formulários sobre a posição destes em face das chamadas “reivindicações mínimas”, desviando daqueles que fossem infensos a essas reivindicações os votos católicos.

Em novembro de 1932 instalou-se a Junta Estadual da LEC em São Paulo. Para o cargo de Secretário, o Arcebispo D. Duarte nomeou Plinio Corrêa de Oliveira. Na realidade, fora este que, inspirado em análoga instituição existente na Europa, fizera chegar ao Arcebispo, bem como ao Cardeal D. Leme, a idéia de criar tal organização no Brasil.

A 3 de maio de 1933 realizaram-se as eleições em todo o País, para a escolha dos deputados à Constituinte. Em muitos Estados, figuras expressivas indicadas pela Liga Eleitoral Católica foram então eleitas.

Surpresa e alegria geral no eleitorado católico: o candidato mais votado em todo o Brasil foi um jovem congregado mariano de 24 anos, que há pouco deixara os bancos universitários (*). Indicado pela Liga Eleitoral Católica na Chapa Única por São Paulo Unido(**), obteve 24.017 votos. No mesmo Estado, o segundo candidato, merecidamente célebre como jurista, literato e político, elegeu-se com 12.483 votos.

(*) O jovem líder mariano recebera 9,5% do total dos 260.262 votos apurados. Desde a criação da Justiça Eleitoral até os dias de hoje, há registro de apenas dois candidatos a deputado federal por São Paulo que obtiveram mais de 9% dos votos: Plinio Corrêa de Oliveira, em 1933, e Pedro Ventura Pomar, em 1947, este último com 11,8% do total dos votos apurados. Abaixo destes, foram os mais votados até hoje Paulo Salim Maluf, com 5,8% dos votos apurados (1982); Carlos Cirilo, com 5,0% (1945); e Luís Inacio Lula da Silva (1986), com 4,2% (cfr. Dados Estatísticos do Superior Tribunal Eleitoral; Diário Oficial, 28-3-79; Apostilas do Tribunal Regional Eleitoral – Resumo oficial das apurações no Estado de São Paulo em 1982 e 1986).

(**) As seguintes organizações formaram a chapa única: Partido Republicano Paulista (PRP), Partido Democrático (PD), Federação dos Voluntários da Revolução de 32, Liga Eleitoral Católica e Associação Comercial.

 

“A LEC foi a organização extrapartidária que na história do Brasil exerceu a maior influência política eleitoral”. Paulo Brossard (8), Ministro da Justiça

 

Sobressaindo desde logo como brilhante orador, Plinio Corrêa de Oliveira tinha sempre lotada sua agenda para discursos e conferências

 

A renovação católica dos anos 30 e 40 tinha sua ponta-de-lança no movimento das Congregações Marianas. Eram jovens sem respeito humano de sua religião. O exemplo dos congregados penetrava como fermento na sociedade brasileira, e levedava massas inteiras, orientando-as num sentido religioso e anticomunista. A Igreja reunia sem dificuldade multidões enormes. Na foto abaixo, o público católico lota o Vale do Anhangabaú, no IV Congresso Eucarístico Nacional (1942). Um dos oradores daquela ocasião foi Plinio Corrêa de Oliveira (foto acima)

 

Essas cinco associações se reuniram lançando a Chapa Única por São Paulo Unido, à qual competia fazer prevalecer, na Constituição que ia ser votada, os ideais que inspiraram em São Paulo a epopéia de 1932. 

O jovem era Plinio Corrêa de Oliveira. Sua votação se devera quase inteiramente ao apoio das entidades católicas de São Paulo.

O teste surpreendeu e impressionou de tal maneira que, depois deste episódio, a Liga Eleitoral Católica passou a ser geralmente reconhecida como uma das grandes forças políticas do País (7). 

* * * 

Instalada a Constituinte em novembro de 1933, formou-se nela uma corrente de parlamentares católicos de grande influência, que levou a cabo a aprovação, pela Assembléia, não só das “reivindicações mínimas” da Liga Eleitoral Católica – a indissolubilidade do vínculo conjugal, o ensino religioso livre nas escolas públicas e a assistência religiosa facultativa às Forças Armadas – como também de outros pontos constantes do programa máximo da LEC: o direito de voto aos religiosos, o reconhecimento dos efeitos civis do casamento religioso, o direito ao descanso dominical, a faculdade de os sacerdotes prestarem o serviço militar obrigatório na condição de capelães das tropas. Além disso, invocava-se o Nome de Deus no preâmbulo da Constituição, pela primeira vez desde a proclamação da republica

Tão assinalado êxito atenuou em considerável medida a fisionomia laica do Estado brasileiro.

Para a obtenção desse resultado – segundo reconheceu a voz geral – exercera notável influência, como um dos líderes mais salientes da bancada católica na Constituinte, o jovem deputado mariano Plinio Corrêa de Oliveira. 

* * * 

Encerrada em julho de 1934 sua atuação no cenário legislativo, Plinio Corrêa de Oliveira, a par de atividades como advogado e jornalista, assumiu a cátedra de História da Civilização no Colégio Universitário anexo à Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Mais tarde se tornou professor catedrático de História Moderna e Contemporânea na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras São Bento, e na Faculdade Sedes Sapientiae, as quais viriam a integrar-se, mais tarde, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

 

“Trata-se de um grupo representativo de toda uma linha de força e influência no Brasil, fazendo inclusive chegar até a Santa Sé os `abusos litúrgicos' existentes no Brasil”. Fr. José Ariovaldo da Silva, O.F.M. (9). 

 

           

Quando quartanista na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Plinio Corrêa de Oliveira fundou a A.U.C. (Ação Universitária Católica), que teve grande irradiação nos meios universitários. Acima, o jornal “O A.U.C.”, órgão do movimento, e uma reunião deste. Em pé, no fundo (terceiro da esquerda para a direita) Plinio, tendo a seu lado Alceu Amoroso Lima (Tristão de Athayde). Com o impulso que lhe dá Plinio Corrêa de Oliveira, em pouco tempo o “Legionário”, mensário paroquial, passa a semanário oficioso da Arquidiocese de São Paulo. É o jornal católico mais importante do Brasil. Na foto abaixo, seus redatores em visita a D. Jayme de Barros Câmara, recém nomeado Arcebispo do Rio de Janeiro, tendo ao lado o Pe. Walter Mariaux S.J., ex-secretário mundial das Congregações Marianas

 

Na direção do grupo do “Legionário” 

PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA, a par da sua marcante atuação na Assembléia Constituinte e no magistério, continuou a militar ininterruptamente nas fileiras marianas.

Assumira ele, em agosto de 1933, a direção do “Legionário”, órgão da Congregação Mariana de Santa Cecília. Para o quadro redatorial da folha fora trazendo gradualmente elementos de relevo do movimento mariano, dos quais alguns haveriam de ser, mais tarde, seus colaboradores na fundação da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade – TFP.

Esse grupo (*) dedicou-se de corpo e alma ao jornalismo católico.

(*) O grupo do “Legionário”, e depois o grupo de “Catolicismo”, por muito tempo foram conhecidos como o “grupo do Plinio”. Só depois de muitos anos, quando a TFP se institucionalizou, inteiramente, é que essa denominação deixou de ser corrente. 

Plinio Corrêa de Oliveira, além de exercer a direção, escrevia no “Legionário” o artigo de fundo e a coluna “7 Dias em Revista”. Fernando Furquim de Almeida era o responsável pelos artigos sobre a História da Igreja no século XIX, e cuidava da revisão geral dos artigos. Mais tarde, José Carlos Castilho de Andrade seria o secretário da Redação. José de Azeredo Santos redigia os artigos de cunho sociológico. Adolpho Lindenberg era o redator especializado em assuntos econômicos e de política internacional. José Fernando de Camargo prestava sua colaboração à seção Noticiário da Semana. José Gustavo de Souza Queiroz se incumbia do “Santo do mês”.

Em pouco tempo o “Legionário” cresceu e ampliou seu campo de influência e de ação. De quinzenário de duas folhas passou a semanário de oito páginas; de folha paroquial, a órgão oficioso da Arquidiocese de São Paulo.

Além de outros colaboradores, dois jovens professores de seminário atuavam também no “Legionário”: Mons. Antonio de Castro Mayer – Assistente Eclesiástico do jornal – e o Pe. Geraldo de Proença Sigaud, S.V.D.

Ambos, Mons. Mayer e o Pe. Sigaud, eram apontados como figuras proeminentes do jovem Clero brasileiro.

 

Acima, inauguração das máquinas do “Legionário”, estando presente o Arcebispo de São Paulo, D. Duarte Leopoldo e Silva. À direita do Arcebispo, Da. Lucilia Ribeiro Corrêa de Oliveira e Plinio Corrêa de Oliveira. À sua esquerda, o Bispo de Sorocaba, D. José Carlos de Aguirre, o Bispo-auxiliar de São Paulo, D. José Gaspar de Affonseca e Silva, e Da. Olga de Paiva Meira, Presidente da Liga das Senhoras Católicas

O “Legionário” não se destinava ao público em geral. Ele visava esse vasto meio que constituía, dentro do grande público, o movimento católico.

A influência do jornal se estendia de norte a sul do País, como representante qualificado do modo de pensar das forças mais jovens e dinâmicas desse movimento.

Nuvens e oposições, o “Legionário” as encontrou, sem dúvida, naqueles anos de sua existência. As principais vieram de setores irritados com a campanha sem trégua nem quartel que os redatores do jornal moviam, em conformidade com os ensinamentos e os exemplos de Pio XI, não só contra o comunismo, mas também contra as tendências revolucionárias freqüentemente incubadas em movimentos de centro, e mesmo em outros que se rotulavam de extrema-direita. As páginas do “Legionário” estão cheias da crítica cerrada que seus colaboradores dirigiram ao fascismo e especialmente ao nazismo, bem como aos seus congêneres em outros países, ao tempo em que esses movimentos pareciam atingir o seu zênite. Basta dizer que o “Legionário” publicou, em 20 anos e sete meses, 2509 artigos com passagens contrárias ao nazismo e ao fascismo! (10).

Entretanto, aqueles eram tempos relativamente calmos e ativos, e – dentro de sua tradicional serenidade – também combativos. Tudo prometia um porvir de trabalhos fecundos e de belos embates à luz do sol.

Contudo, foi precisamente então que começou a germinar, na sombra, a inesperada tragédia do surto progressista. Também esta haveria de marcar a fundo as décadas seguintes (11). 

 

“Composto de pessoas que se entendiam muito bem entre si, o grupo [do “Legionário”] representava uma espécie de ponta de lança contra o movimento litúrgico. Quem quisesse sofrer [sic] que esperasse a edição semanal de `O Legionário', onde podia sempre encontrar artigos contra o Movimento e suas manifestações, contra Maritain, contra os `desvios' da Ação Católica, etc.” D. Clemente José Carlos Isnard, O.S.B., Bispo de Nova Friburgo (12).

 

Toma posse como Arcebispo de São Paulo D. José Gaspar de Affonseca e Silva, que na condução da Arquidiocese de São Paulo assumiria orientação diversa da de seu antecessor, D. Duarte Leopoldo e Silva. Próximo ao pálio, pode-se ver, na foto, Plinio Corrêa de Oliveira

No ano da Intentona Comunista, os primeiros sintomas do vírus do progressismo 

EM 1935, explodia em Natal, Recife e Rio a Intentona Comunista. Na calada da noite, oficiais e soldados de nossas Forças Armadas foram assassinados por elementos comunistas infiltrados em quartéis daquelas cidades. Crimes de sangue e de traição, que indignaram profundamente a opinião nacional.

Enquanto o comunismo internacional vibrava contra a Nação esse golpe violento e dramático, o progressismo aportava em nossa Pátria para infiltrar, de modo discreto e subtil, os meios católicos.

Com efeito, a partir de 1935 aproximadamente, começaram a chegar ao Brasil as lufadas cheias de vitalidade de alguns grandes movimentos – de si mesmo excelentes – que caracterizavam o surto religioso da Europa no primeiro pós-guerra. Neles, entretanto, achava-se incubado o vírus de uma mentalidade discrepante da boa doutrina. E com as lufadas do bem vieram os germes do mal.

Tal mentalidade era dominada pela obsessão de conciliar a Igreja com o mundo neopagão, por meio de uma nova formulação do Dogma e da Moral, de uma reforma das leis eclesiásticas, da liturgia, do modo de ser, enfim, da Igreja. Era já o progressismo que despontava veladamente. 

* * * 

Esses germes deitaram suas primeiras raízes em setores religiosos do Brasil, no período 1935-1943.

Surdamente a fermentação progressista se foi generalizando, sobretudo em dois campos: na Ação Católica e no movimento litúrgico.

Empenhando-se a fundo por uma modernização ambígua e ao mesmo tempo exagerada, propondo de cambulhada iniciativas excelentes, iniciativas discutíveis e outras péssimas (fazendo, em geral, das iniciativas excelentes ou das discutíveis, pretexto para as péssimas), tal fermentação alimentava tendências que desaguariam mais tarde no progressismo e no “esquerdismo católico”.

No movimento litúrgico, esses pendores conduziam ao solapamento do princípio hierárquico e dos ensinamentos da Igreja sobre o Sacramento da Ordem, identificando e nivelando de algum modo o Sacerdote celebrante com o simples fiel. Induziam também à subestima dos atos de piedade particular, em nome de uma mal entendida oração “oficial” e “comunitária”. Convidavam a uma atitude reticente em relação à devoção ao Sagrado Coração de Jesus, à comunhão fora da Missa. Disseminavam frieza e reservas face à devoção a Nossa Senhora, aos Santos e às imagens. Apresentavam como decrépitas formas de piedade como o Rosário e a Via-Sacra, e escolas de espiritualidade tradicionais como a de Santo Inácio de Loyola, de Santo Afonso de Ligório etc. Qualificavam de desatualizadas certas normas da ascese clássica, como a fuga das ocasiões de pecado, o combate às paixões desordenadas etc.

Na Ação Católica, essas tendências se manifestavam pelo solapamento gradual do princípio de autoridade na Igreja, e pela afirmação da virtual independência dos leigos em relação ao Clero. Sob o pretexto de levar “o Cristo” a todos os ambientes, recomendavam a freqüência a lugares então reprovados por todos os moralistas católicos. Pela negação das desigualdades harmônicas entre as classes sociais e pelo favorecimento da luta de classes incipiente, abriam caminho para o “esquerdismo católico”.

Traços comuns existiam nos dois movimentos: o igualitarismo, isto é, a tendência a um nivelamento antinatural na Igreja e no Estado; o liberalismo, no caso, a obsessão por ajustar a Igreja às transformações continuamente mais extremadas do mundo neopagão; horror ao esforço, ao sacrifício e à ascese (13). 

Desde seus primeiros sintomas, acompanhava-se detidamente, nas reuniões de redação do “Legionário”, o aparecimento e desenvolvimento dessa infiltração. Via-se com apreensão que doutrinas estranhas eram inoculadas por Sacerdotes, Religiosas e leigos recém-chegados da Europa – especialmente os provenientes da JOC belga – em áreas facilmente fanatizáveis da Ação Católica Brasileira.

Tal apreensão se refletia forçosamente nas páginas vivas e combativas do “Legionário”.

O semanário foi sutilmente atacado pela corrente inovadora por ser o porta-voz característico de uma mentalidade que as novas tendências queriam remover, para a substituir pela que hoje tão correntemente se vê em meios católicos. Uma campanha surda começou então contra o “Legionário” e seus redatores, minando as posições de influência que estes ocupavam no movimento católico.

 

“Foi no Brasil e mais precisamente na JUC [Juventude Universitária Católica], no início dos anos 60, que muitas das intuições do que constituiria mais tarde a Teologia da Libertação latino-americana começaram a concretizar-se”. Pe. Gustavo Gutiérrez (16).

 

O Núncio Apostólico no Brasil, D. Bento Aloisi Masella, sempre apoiou a obra de Plinio Corrêa de Oliveira. Na foto, aparece compulsando o “Legionário”

Primeiro golpe vitorioso contra o progressismo: “Em defesa da Ação Católica” 

ERA PRECISO ENFRENTAR o perigo nascente. As circunstâncias formaram em Plinio Corrêa de Oliveira a convicção de que, na tempestade que se armava dentro da Igreja, alguém deveria assumir o trágico papel de pára-raio. Um livro, consagrado à exposição e à refutação dos novos erros, escrito naquela circunstância, poderia causar um “estouro” próprio a alertar as almas bem intencionadas, mas desavisadas, de sorte que a expansão do mal ficasse, se não eliminada, pelo menos circunscrita a uma pequena área. Pois seria difícil que o erro não tragasse aqueles cujo espírito já estava profundamente preparado para lhe dar adesão.

A publicação desse livro seria como um gesto de kamikaze, que tanto poderia acarretar a liquidação do progressismo nascente, quanto expor a incompreensões e críticas apaixonadas o grupo do “Legionário”, comprometendo a fundo sua influência nos meios católicos (14). 

E assim, com sóbrio mas prestigioso prefácio do então Núncio Apostólico, o futuro Cardeal D. Bento Aloisi Masella, e com o Imprimatur de Mons. Antonio de Castro Mayer (por mandato do Arcebispo de S. Paulo, D. José Gaspar de Affonseca e Silva), saiu em junho de 1943 o “livro-bomba Em defesa da Ação Católica (15). Plinio Corrêa de Oliveira publicava-o na qualidade de Presidente da Junta Arquidiocesana da Ação Católica paulista. 

* * * 

O livro provocou desde logo muito alvoroço nos meios católicos. Sua edição de 2.500 exemplares – considerável para a época, tratando-se de um livro doutrinário – esgotou-se rapidamente. Aplausos entusiásticos de uns, e a irritação exaltada de outros, seguida de ameaças: “O livro será condenado pela Igreja!”

Arcebispos e Bispos, membros do Clero e do laicato tomavam partido, pró e contra a obra. Às mãos do autor chegaram, nesse tempo, numerosas cartas de apoio, entre as quais vinte de membros do Episcopado e uma do Provincial da Companhia de Jesus no Brasil Central (18).

  

D. Helvécio Gomes de Oliveira, Arcebispo de Mariana (acima), e o Pe. L. Riou S.J., Provincial da Companhia de Jesus no Brasil Central (abaixo), contam-se entre as numerosas personalidades eclesiásticas que escreveram carta de louvor ao livro “Em Defesa da Ação Católica”. Ambos sempre apoiaram calorosamente o “Grupo do Plinio”

 

“A Ação Católica começa a desenvolver uma personalidade própria em 1950, quando adota o modelo organizacional francês. É a partir deste momento que servirá de ponto de partida para o comprometimento social dos seus militantes. Os adversários desse comprometimento, bem como das tendências para um igualitarismo e um neo-modernismo (tendências que há muito tempo tinham observado na Ação Católica), com ela romperam em 1943. O porta-voz da ruptura é Plinio Corrêa de Oliveira e as razões do grupo são apresentadas em seu livro `Em Defesa da Ação Católica' “. Marcio Moreira Alves (17).

 

Na grande maioria sonolenta – a qual, em razão da ingenuidade de uns e da modorra de outros, preferia que tais problemas não vissem a luz do dia – o livro causou grande perplexidade. A essas pessoas, Em defesa da Ação Católica parecia por demais categórico. Não dissentiam de sua doutrina, mas consideravam-no inoportuno. Reputavam inexistente ou insignificante o mal que o livro denunciava.

Mas, ao mesmo tempo, embora perplexa e desagradada, essa mesma maioria ia despertando para a realidade, e começava a olhar com desconfiança o progressismo nascente. E ipso facto escapava à sua influência nefasta.

A partir desse momento, a corrente progressista continuou a caminhar, mas isolada e sem máscaras. Numerosos ambientes, de norte a sul do Brasil, lhe fecharam as portas. O progressismo passou a conquistar apenas, aqui e acolá, no laicato, pequenos punhados de arditi que simpatizavam com a sua verdadeira face (*). 

(*) Pouco depois da publicação do Em defesa da Ação Católica, apareceu a Encíclica Mystici Corporis Christi (1943), seguida da Mediator Dei (1947) e da Constituição Apostólica Bis saeculari die (1948). No seu conjunto, esses três documentos de Pio XII enunciavam, refutavam e condenavam os principais erros sobre que versava o livro.

Em 1950, a Sagrada Congregação dos Seminários e Estudos Universitários, da Santa Sé, enviou carta aos Bispos do Brasil, alertando-os para a necessidade de vigilância na formação dos futuros Sacerdotes. Um historiador eclesiástico (Fr. José Ariovaldo da Silva, O.F.M., O Movimento Litúrgico no Brasil, p. 336) atribui essa tomada de atitude da Santa Sé à atuação da corrente ligada ao “Legionário”. Diz ele: “Tão influentes eram seus membros, tão fortemente soaram a trombeta de alarme, que a própria Santa Sé resolveu intervir através da Congregação dos Seminários”. O autor procura estabelecer  “coincidências entre vários conteúdos do documento e os conteúdos de acusações contra os chamados 'liturgicistas' no período anterior à 'Mediator Dei”' (p. 317). Haveria portanto “coincidências” entre as denúncias da corrente ligada ao “Legionário” e o documento da Santa Sé que é posterior a elas.

Tal foi o efeito de Em defesa da Ação Católica no laicato e no Clero tradicional, que a corrente progressista ficou reduzida de momento a um pequeno conglomerado de grupelhos. Entretanto o livro de Plinio Corrêa de Oliveira foi posto de quarentena na maior parte dos Seminários e Noviciados. Assim, no Clero jovem, a penetração progressista continuou a ser feita em larga medida. Deste Clero, bem como de setores estudantis e operários da Ação Católica, também infiltrados, sairiam os líderes religiosos e leigos que, por sua vez, formariam a vanguarda religiosa da subversão janguista, que eclodiria vinte anos depois (19). 

* * *

Cabe aqui um parêntese.

Mais ou menos a partir de 1937, o filósofo francês Jacques Maritain começou a exercer, sobretudo em certos setores da Ação Católica Brasileira, uma influência deletéria. Ele preconizava que os católicos aceitassem a “política da mão estendida”, que lhes era então oferecida pelos comunistas. Tal oferecimento teve boa acolhida na corrente progressista brasileira. Essa foi a origem, no Brasil, dos primeiros núcleos da chamada “esquerda católica”, da liderança esquerdista da Democracia Cristã etc (20). 

Contra a influência maritainista ergueu-se o “Legionário”, por meio de várias intervenções de responsabilidade da Redação, especialmente o artigo Os “direitos humanos” e o Legionário, publicado nos dias 6 e 13 de fevereiro de 1944.

No Rio, a principal figura da reação contra a influência de Maritain foi o culto e intrépido jesuíta Pe. Arlindo Vieira, a quem “Legionário” franqueou suas páginas. No mesmo sentido se salientaram também – entre outros – o jornalista Osório Lopes, do semanário católico “A União”, o jornalista Antonio Guedes de Holanda, do semanário “A Cruz”, e o polemista Mesquita Pimentel, da revista “Vozes de Petrópolis”. Em Recife, sobressaía o pensador Pe. Antonio Ciríaco Fernandes S.J., à testa do dinâmico grupo de jovens da revista “Fronteiras”, que o brilho intelectual de Manoel Lubambo, um de seus membros dotara de fama nos meios culturais de todo o País. 

 

“D. Pedrosa, Abade do Mosteiro de São Bento, logo advertiu Dom Motta a respeito do problema `Plinio Corrêa de Oliveira' e o grupo ligado a seu livro `Em Defesa da Ação Católica'”. D. Polycarpo Amstalden, O.S.B. (21).

 

A cascata de catástrofes que se abatem sobre Plinio Corrêa de Oliveira e os poucos que o seguem os relegam a completo isolamento por vários anos

Estouro e ostracismo 

AS CONSEQÜÊNCIAS já esperadas do arrojado passo dado com a publicação de Em defesa da Ação Católica, começaram a cair sobre os membros do grupo do “Legionário” como uma cascata de catástrofes.

Dos arraiais progressistas soprou contra esse grupo um tufão de diz-que-diz, de detrações e de calúnias, todas elas verbais, vagas e desacompanhadas de provas. O número de paróquias em que se vendia o “Legionário” começou a diminuir a olhos vistos.

Ao vazio externo que assim se ia formando, seguiram-se, no campo interno, as defecções: certo número de redatores, acadêmicos ainda muito jovens, aturdidos por tão violenta embora surda campanha, abandonou o jornal.

O vendaval não cessou aí.

Plinio Corrêa de Oliveira, personalidade católica amplamente acatada, passou a ser uma das figuras mais controvertidas nos meios da intelligentsia da Igreja, não sem desfavorável efeito sobre a massa dos fiéis em geral. Pouco depois da publicação do livro, perdeu ele seu cargo de Presidente da Junta Arquidiocesana da Ação Católica.

Em fevereiro de 1945, Mons. Antonio de Castro Mayer – que dera o imprimatur ao livro Em defesa da Ação Católica e o apoiara – passou, de Vigário Geral da Arquidiocese, para simples Vigário-Ecônomo da Paróquia de São José do Belém.

Em março de 1946, o Pe. Geraldo de Proença Sigaud, também destacado propugnador do livro, foi removido para a longínqua Espanha.

Os demais redatores que continuaram fiéis a Em defesa da Ação Católica foram todos eles perdendo seus cargos no movimento católico.

Circunstâncias de naturezas diversas levaram a que não continuassem na tribuna que lhes restava: o “Legionário”. Em dezembro de 1947 cessavam sua colaboração ao jornal.

A noite densa de um ostracismo pesado, completo, intérmino, baixou sobre os remanescentes – apenas nove – do ex-grupo do “Legionário”: Adolpho Lindenberg, Fernando Furquim de Almeida, José de Azeredo Santos, José Benedicto Pacheco Salles, José Carlos Castilho de Andrade, José Fernando de Camargo, José Gonzaga de Arruda, Paulo Barros de Ulhôa Cintra, além, evidentemente, de Plinio Corrêa de Oliveira. O abandono e o olvido envolveram-nos quando estavam ainda na força da idade e da ação: o mais velho tinha 39 anos, e o mais novo, 22 (*).

(*) José Gustavo de Souza Queiroz falecera em 8 de março de 1946. Deixara ele quase concluída a tradução das famosas Cartas sobre a Inquisição espanhola, de Joseph de Maistre. Mãos amigas terminaram o pouco que faltava da tradução, e esta foi editada pelas “Leituras Católicas de Dom Bosco”, 712, de setembro de 1949, com uma nota biográfica de 26 páginas sobre o tradutor, escrita por Plinio Corrêa de Oliveira. 

Era este o sacrifício previsto e aceito de antemão.  

Entretanto, o pequeno grupo não se dispersou. Continuou ele se reunindo em torno da mesma imagem de Nossa Senhora Auxiliadora que os acompanhara desde os primórdios, e que hoje se encontra na Sede do Conselho Nacional da TFP [atualmente, ou seja, fevereiro de 2014, é a sede do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, à Rua Maranhão, 341, em Higienópolis, São Paulo – n.d.c.]. Abaixo, em primeiro plano o então cônego Antônio de Castro Mayer e Plinio Corrêa de Oliveira, com alguns companheiros deste no “Grupo do Legionário”

 

“O esquecimento e o olvido nos envolveram quando ainda estávamos na flor da idade: era este o sacrifício previsto e consentido. Mas o progressismo nascente recebeu um golpe de que até hoje não se refez”. Plinio Corrêa de Oliveira (22)

 

Entretanto, o pequeno grupo não se dispersou. Em fevereiro de 1945 havia se fixado em uma pequena sede – três salas e uma cozinha – no andar térreo da Rua Martim Francisco, 665, no Bairro de Santa Cecília. Aí, em torno da mesma imagem de Nossa Senhora Auxiliadora que os acompanhara desde os primórdios, na sede da Congregação Mariana de Santa Cecília, na Rua Imaculada Conceição, reuniam-se os antigos colaboradores do “Legionário” todas as noites, sem exceção.

Um convívio fraterno e cordial marcava o ambiente. Os membros do grupo recordavam sem amargura nem orgulho as lutas e a imolação dos dias idos. Analisavam de modo preocupado a deterioração discreta e implacável da situação religiosa no Brasil e no mundo, bem como o avanço inexorável do socialismo e do comunismo no cenário nacional e internacional. Faziam em comum diversos estudos doutrinários. Rezavam. Ao mesmo tempo procuravam crescer na devoção à Santíssima Virgem, segundo o método da perfeita devoção a Nossa Senhora, ensinado por São Luís Maria Grignion de Montfort. As aparições e a mensagem de Nossa Senhora em Fátima, em 1917, cujo verdadeiro alcance começava então a ser divulgado pelo mundo, eram objeto de aprofundamento mais atento e da sua mais calorosa adesão. 

* * *

Durou três anos completos este período de ostracismo. Mas três anos que traziam consigo os tristes sintomas de um estado definitivo e sem remédio. Um grupo de líderes que cumprira sua missão, sobrevivera aos embates, mas ficara sobrando. Assim se apresentava a esses jovens a situação na qual se encontravam, e da qual não sabiam quando, nem de que modo, a Providência os tiraria.

Na realidade, nessa “catacumba” faziam uma longa e recolhida vigília de armas para outras lutas em prol da mesma causa. Era assim que a Providência os conduzia.

Com efeito, nesse período multiplicavam-se as condições propícias para se unirem ainda mais, uns aos outros, os membros do pequeno grupo. Dado o reduzido número de amigos postos em convivência quotidiana em torno dos mais altos ideais, formou-se entre eles uma tal coesão no pensar, no sentir e no agir, que elevou o grupo à condição de uma verdadeira família de almas.

Desta família de almas, que futuramente se desenvolveria muito, é que ia nascer, quase duas décadas depois, a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade. 

 

“Explanaste e defendeste com penetração e clareza a Ação Católica, da qual possuís um conhecimento completo, e à qual tens grande apreço .... (a) J. B. Montini, Substituto” [Secretaria de Estado de Sua Santidade Pio XII]. 

No ostracismo e na penumbra, a Providência intervém 

NUM DIA DE JANEIRO DE 1947, Plinio Corrêa de Oliveira chegou à sede da Rua Martim Francisco deixando transparecer na fisionomia especial regozijo. Tinha uma notícia a comunicar aos amigos: um vespertino havia noticiado que Pio XII elegera Bispo de Jacarezinho o Pe. Sigaud!

– Como? O quê? A alegria era grande, mas a dúvida ainda maior. O Pe. Sigaud estava na Espanha, e era difícil obter dele uma confirmação.

Voltaria, então? Sim, voltaria. Sobre os destroços do naufrágio, uma luz se acendia, a brilhar na noite do ostracismo dos membros do pequeno grupo.

Contra toda a expectativa, outra grande surpresa os aguardava no ano seguinte.

Assim a recorda Plinio Corrêa de Oliveira, em um de seus artigos na “Folha de S. Paulo”:

“Ao chegar eu, numa noite de março de 1948, à nossa `catacumba', um amigo me esperava à porta, efervescente de júbilo. O Cônego Mayer .... acabava de nos comunicar pelo telefone sua nomeação para Bispo-Coadjutor de Campos. É inútil dizer com que exultação fomos no mesmo instante felicitá-lo” (23). 

Sucessão de fatos de significado iniludível: dois Sacerdotes, afastados do centro dos acontecimentos pelo apoio que haviam dado ao livro Em defesa da Ação Católica e ao grupo do “Legionário”, e em conseqüência da luta que desenvolviam contra a infiltração esquerdista e progressista nos meios católicos, eram honrados pela clara manifestação de confiança da Santa Sé, com sua elevação ao Episcopado, uma em seguida à outra!

Uma reparação? – perguntava-se nos meios católicos. Muitos eram os que o afirmavam.

* * * 

Essas duas surpresas não foram as únicas. Exatamente um ano depois, um grande amigo do grupo, o Carmelita Frei Jerônimo van Hintem, entregava a Plinio Corrêa de Oliveira a seguinte carta da Santa Sé, vinda por meio da Cúria Generalícia de sua Ordem, e escrita em latim:

“Palácio do Vaticano, 26 de fevereiro de 1949.

Preclaro Senhor,

Levado por tua dedicação e piedade filial, ofereceste ao Santo Padre o livro “Em defesa da Ação Católica”, em cujo trabalho revelaste aprimorado cuidado e aturada diligência.

Sua Santidade regozija-se contigo porque explanaste e defendeste com penetração e clareza a Ação Católica, da qual possuis um conhecimento completo, e à qual tens grande apreço, de tal modo que se tornou claro para todos quão importante é estudar e promover tal forma auxiliar do apostolado hierárquico.

O Augusto Pontífice de todo coração faz votos que deste teu trabalho resultem ricos e sazonados frutos, e colhas não pequenas nem poucas consolações. E como penhor de que assim seja, te concede a Bênção Apostólica.

Entrementes, com a devida consideração, me declaro teu muito devotado,

(a) J. B. Montini, Substituto” 

O signatário, Substituto da Secretaria de Estado da Santa Sé, seria o futuro Paulo VI. E a carta, oficial, era dirigida ao Dr. Plinio Corrêa de Oliveira. Nela, Pio XII louvava e recomendava o livro do kamikaze! Desta vez tudo se tornava cristalino.

Tudo... exceto a conduta de certos meios progressistas.

Ouvida a voz de Roma, era de se esperar que a calota de gelo e de incompreensão derretesse. Que Plinio Corrêa de Oliveira e seus amigos recuperassem, nos meios em que eram hostilizados, a convivência e a estima que os cercavam outrora.

Engano. A voz do Vigário de Cristo se levantara em vão. A calota de gelo não se derreteria. Sob o bafejo de elementos progressistas, persistiu o mutismo frio e implacável que cercava o grupo de ex-redatores do “Legionário”. E o ostracismo continuou... (24). 

Não obstante, paralelamente a essas lutas, perplexidades e vitórias, um acontecimento de outra ordem sobreveio. 

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 A TFP e o nazi-fascismo...

Um teste de permeabilidade à verdade conhecida como tal

O FATO de a TFP ser oposta ao nazi-fascismo é um dos mais comprovados da história da entidade. Afirmar desenvoltamente o contrário representa, portanto, uma negação da verdade conhecida como tal.

Como explicar que certos opositores, sem embargo da indiscutível clareza das provas que a TFP apresenta a tal respeito, insitam tanto em lançar contra a TFP essa pecha?

A resposta é simples. Entra em ação no espírito deles uma forma de fanatismo da qual pouco se fala, mas que existe, e até largamente difundida. É o fanatismo anti-TFP. Ou seja, muitos dos adversários da entidade levam sua oposição a um fanatismo até frenético. E é prova palpável disto a insistência com que repetem, de modo infatigável, sua acusação de que a TFP foi ou ainda é nazi-fascista.

Para se esclarecer a esse respeito, basta que o leitor considere as seguintes estatísticas abaixo publicadas, inéditas até o momento. Elas demonstram ad nauseam que aqueles que hoje dirigem a TFP, e em primeiro lugar o Presidente de seu Conselho Nacional, Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, desde tempos dos mais remotos foram contrários ao nazismo e ao fascismo. Julgue portanto o leitor qual a performance anti-nazi-fascista do ilustre líder católico e de outros dirigentes da entidade:

Artigos contrários ao nazismo e ao fascismo

I – Escritos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira no “Legionário” (1929-1947), no “Catolicismo” (1951-1982) e na “Folha de S. Paulo” (1968-1982): 477 (*)

II – Escritos por diversos autores em órgãos ligados ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira (**):

“Legionário” – 2.489 artigos

“Catolicismo” – 49 artigos

Total: 2.538 artigos

Serão muitas as instituições nacionais ou as personalidades brasileiras que podem reivindicar tal desempenho?

(*) 447 no Legionário, 6 em Catolicismo e 24 na Folha de S. Paulo.

(**) O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira foi o redator-chefe do “Legionário” de 12-10-29 a 8-12-29, e seu diretor de 6-8-33 a 28-12-47. É o principal colaborador de “Catolicismo”, desde sua fundação até hoje.

* * * 

Pormenor importante: hoje é fácil ser contra o nazi-fascismo. Mas, antes da II Guerra Mundial, e mesmo ao longo desta, um número muito grande de pessoas, em nosso País como em todo o mundo, era simpático aos regimes que vigoravam na Alemanha e na Itália. Inclusive nas fileiras do Clero. Pois bem: os dirigentes da TFP os combateram também nos anos 30 e 40, o que lhes acarretou inúmeros dissabores, comparados pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, na época, a uma verdadeira via crucis.

Dissabores esses que só terminaram com a derrota final do nazismo, em 1945. Eis suas palavras textuais: “A derrocada final do totalitarismo marca, para nós, o término de uma longa e dolorosa campanha, na qual fomos obrigados aos mais duros sacrifícios, para esclarecer a opinião católica sobre o tremendo perigo que ameaçava a Igreja. De 1933 a 1942, a vida do `Legionário' foi, a este respeito, uma verdadeira via crucis, ao longo da qual não houve provação que nos fosse poupada. De 1942 a 1945, a luta, menos ostensiva e menos direta, não deixou entretanto de se fazer veladamente” (“Legionário”, 13-5-45).

Onde estavam, nesses anos críticos, muitos dos atuais adversários da TFP? É uma pergunta que, de passagem, não pode deixar de ser feita.

* * *

Voltando ao teste de permeabilidade à verdade conhecida como tal: se, feita a leitura das estatísticas supra, o eventual objetante não se convencer e continuar a repetir, com idêntica desinibição, que a TFP é nazi-fascista, então se fica verdadeiramente sem saber como qualificá-lo, e se ele é suscetível de mudar alguma de suas opiniões à vista de argumentos sólidos.

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Com a partida para a Europa do Pe. Walter Mariaux, vários elementos da Congregação Mariana por ele dirigida (foto) vêm bater às portas da Rua Martim Francisco 668, onde se reuniam os remanescentes do “Grupo do Legionário”, e se integram ao movimento, que assim recebe novo impulso. No requadro, o Cônego José Luiz Marinho Villac, valoroso amigo a quem a TFP muito deve.

O “Grupo da Martim 

O PE. WALTER MARIAUX era um Jesuíta que impressionava: alto, corpulento, decidido, inteligência rútila, personalidade marcante.

Por ser antinazista de destaque, fora forçado a deixar a Alemanha. Depois de exercer em Roma, durante vários anos, o cargo de Diretor do Secretariado Mundial das Congregações Marianas, aportou ao Brasil, ainda em plena guerra. Em São Paulo quis conhecer pessoalmente a Plinio Corrêa de Oliveira, pois em Roma era leitor assíduo de seus artigos no “Legionário”, e muito ouvira falar dele. Era o início de uma amizade que iria se aprofundar.

Radicando-se em São Paulo, o Pe. Mariaux dedicou-se, no Colégio São Luís, à Congregação Mariana que, sob sua direção, se tornou numerosa e pujante. Os princípios em que o filho de Santo Inácio se baseava eram muito afins aos defendidos pelo antigo “Legionário”. A ação dele não podia agradar aos influentes círculos progressistas de São Paulo. Mas o jesuíta prosseguia eficientemente em seu apostolado.

Em 1949, entretanto, o Pe. Mariaux foi mandado de volta à Europa, por seus superiores. Parte dos congregados marianos que tão dedicadamente formara bateu às portas da Rua Martim Francisco, 665. Cerca de dez dentre eles pediram então ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira que os aceitasse em seu grupo.

Pouco depois se agregaram a estes outros jovens, que com os antigos redatores do “Legionário” passaram a constituir, todos, um só grupo (25). 

Haveriam de permanecer nas fileiras da TFP, ao longo de múltiplas e duras lides, Caio Vidigal Xavier da Silveira, Celso da Costa Carvalho Vidigal, Eduardo de Barros Brotero, Fábio Vidigal Xavier da Silveira (falecido), Luiz Nazareno de Assumpção Filho, Paulo Corrêa de Brito Filho, Plinio Vidigal Xavier da Silveira e Sergio Antonio Brotero Lefèvre.

Dentre esses elementos, destacava-se um rapaz que só não ingressou mais tarde na TFP por ter seguido a nobre trilha do Sacerdócio. Referimo-nos ao hoje Cônego José Luiz Marinho Villac, valoroso amigo a quem a TFP muito deve.

Em agosto de 1948, o antigo grupo do “Legionário” se transferira para a Rua Vieira de Carvalho, 27, 6º andar, conservando porém a sede da Rua Martim Francisco. Nesta se instalaram os elementos provenientes da Congregação Mariana do Colégio São Luís e os que a eles se haviam incorporado. Assim, desde então, os dois grupos passaram a ser conhecidos, na linguagem interna, respectivamente como “Grupo da Vieira” e “Grupo da Martim”.

Mais tarde, em 1952, o “Grupo da Vieira” passou a ocupar também o 7º andar do mesmo prédio, onde instalou um auditório para reuniões.

 “A trajetória da militância católica de Plinio ao longo deste período (1930 a 1980) colocou em evidência as contradições da Igreja [sic] no mundo moderno”. Lizânias de Souza Lima (26).

Acima, Plinio Corrêa de Oliveira no ano de 1956. Abaixo, a seção “Escrevem os Leitores” de “Catolicismo” foi por vezes honrada por missivistas ilustres, como por exemplo D. Armando Lombardi, Núncio Apostólico de S.S. Pio XII no Brasil, que considerava, em sua carta, “Catolicismo” um dos melhores jornais católicos do País (cfr. op. cit., Ano IX, novembro de 1959, pág. 6)

Do “Legionário” a “Catolicismo”, rumo à TFP 

EM JANEIRO DE 1951, D. Antonio de Castro Mayer fundou em Campos o mensário de cultura “Catolicismo” (*). Editado sob sua égide, tinha como Diretor o Pe. Antonio Ribeiro do Rosário, Sacerdote do Clero campista.

Por delegação de D. Castro Mayer e do Pe. Antonio Rosário, entretanto, todo o trabalho de redação ficou aos cuidados do grupo, e era realizado em São Paulo sob a competente propulsão de José Carlos Castilho de Andrade. 

(*) D. Antonio de Castro Mayer, hoje Bispo emérito de Campos, distinguiu a TFP com sua valiosa cooperação, no período que medeia entre 1960 e 1982. Nesse ano, S. Excia. se distanciou desta Sociedade por meio de carteio. Neste, S. Exa. alegou motivos aos quais o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da entidade, respondeu com o devido respeito, em cartas de 31-10-82 e 7-11-82. Fatos públicos supervenientes vincaram ainda mais, de parte a parte, este distanciamento. O presente esclarecimento é dado com o único propósito de não criar no espírito do leitor a impressão – que seria inexata – de que o Prelado ainda colabora com a TFP. De momento é tão-só o que cumpre a esta última dizer. 

O Dr. José Carlos Castilho de Andrade dera os primeiros passos no campo do jornalismo já no tempo do “Legionário”, do qual fora secretário de Redação. A ele coube a coordenação do corpo de redatores de “Catolicismo”. Indicava temas para os artigos e se incumbia pessoalmente da revisão, feita sempre com esmerado desvelo e competência. Auxiliado por uma pequena equipe, cuidava ainda da paginação do mensário. Esta constante e eficiente colaboração, prestou-a ele a “Catolicismo” por mais de duas décadas. Assumiu depois o cargo de Vice-Presidente da Diretoria Administrativa e Financeira Nacional (DAFN) da TFP, o qual exerceu até sua morte, ocorrida em junho de 1988.

O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, além de colaborador insubstituível, era o inspirador e orientador mais destacado dos que trabalhavam no jornal. Seus artigos davam a clave de “Catolicismo”. De sua autoria era a seção – não assinada – Ambientes, Costumes, Civilizações. Por meio da análise de quadros, pinturas, fotografias, desenhos, trajes, esculturas etc., a seção punha em relevo os valores da civilização cristã e fustigava, por via de contraste, os desatinos da “civilização” neopagã, cuja implantação atinge um auge nos dias atuais. Esta seção marcava de tal modo o mensário, que muitos leitores chegavam a confessar que, ao receber o jornal, iam direto à página de Ambientes, Costumes, Civilizações. Só depois de a lerem com sofreguidão, é que passavam às demais seções do jornal. 

Dentre os demais colaboradores – em geral pessoas dos “Grupos da Vieira e da Martim” – cumpre destacar ainda o Prof. Fernando Furquim de Almeida, de cuja autoria era a secção Os católicos franceses no século XIX, que mais tarde passou a se chamar Calicem Domini biberunt, destinada a realçar a perpétua luta dos católicos fiéis contra a infiltração da heresia, ao longo da História bimilenar da Igreja. O Dr. Adolpho Lindenberg escrevia comentários lúcidos e concisos, referentes à política internacional. A seção Nova et Vetera competia ao saudoso Dr. José de Azeredo Santos, a cuja pena fértil “Catolicismo” deveu também artigos sobre os mais variados temas, publicados sob o pseudônimo de Cunha Alvarenga ou C. A. de Araújo Viana.

O agente geral do jornal para os Estados do Sul do Brasil era o Prof. Antonio Ablas Filho, conceituado médico e líder católico radicado em Santos, que uma profunda simpatia ligara ao grupo do “Legionário”, e cuja amizade se estreitava ainda mais com essa preciosa colaboração para “Catolicismo”, que só cessou em 1960, quando prematuramente veio a falecer. Pouco antes, em maio de 1958, recebera as insígnias de Comendador da Ordem Eqüestre de São Silvestre Papa, a ele conferidas pelo Santo Padre Pio XII.

* * *

No Brasil eram numerosos os amigos do antigo grupo do “Legionário” que a detração progressista não convencera. Apenas dispersara e desalentara. Entre estes, o primeiro número de “Catolicismo” se divulgou com celeridade. Com o lançamento do jornal, recobravam ânimo e se rearticulavam para a ação.

Aos poucos, o número de leitores novos foi também aumentando. E o jornal começou a contar com assinantes em quase todo o Brasil, irradiando sua influência por este País de dimensões continentais.

O setor da opinião a que se destinava “Catolicismo” era  videntemente o público católico em geral. O mensário tinha como objetivo alertar e estimular esse mesmo público na luta contra os fatores de deterioração religiosa, moral e cultural do neopaganismo contemporâneo. E principalmente promover a reação contra o progressismo e o “esquerdismo católico” (27). 

Desde que o jornal foi lançado, os “Grupos da Vieira e da Martim”, constituindo um só todo, começaram a ser chamados, por amigos e adversários, de “grupo de `Catolicismo””. 

A grande repercussão da “Carta Pastoral sobre problemas do apostolado moderno” 

EM 1953, D. Antonio de Castro Mayer vibrou um golpe contra o progressismo, publicando a Carta Pastoral sobre problemas do apostolado moderno. Ditada por um espírito lúcido e previdente, nela se retomava, de modo ampliado e com exposição adaptada às novas circunstâncias, a temática do Em defesa da Ação Católica. A Carta Pastoral, cujas duas edições brasileiras se esgotaram rapidamente, alcançou considerável repercussão no Exterior. Para isso concorreu notavelmente a difusão feita pela Agência de “Catolicismo” do Rio de Janeiro, que montou naquela cidade um stand durante o XXXVI Congresso Eucarístico Internacional (julho de 1955). A Pastoral foi sucessivamente editada na Itália, França, Espanha, Canadá e Argentina.

 

Os participantes da VII Semana de Estudos de “Catolicismo” nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo

Vitoriosa expansão de “Catolicismo” 

ENQUANTO ISSO, continuava o crescimento do “Grupo de Catolicismo”. A fundação do mensário trouxera condições propícias ao recrutamento de novos cooperadores.

Os membros do “Grupo de Catolicismo” uniram esforços na tarefa de expansão do mensário  Realizaram viagens, percorrendo vários centros do País, onde mantinham contatos, organizavam reuniões, expunham as doutrinas e objetivos propugnados pelo jornal.

Ficava assim aberto caminho, em muitas mentes jovens, para a obra de formação católica em profundidade, que a assídua leitura de “Catolicismo” iria realizar.

Aqui e acolá, a adesão ia além dos simples aplausos. Em 1953, no Rio, em Belo Horizonte e em Campos, começaram a se aglutinar muitos desses jovens para o estudo das teses defendidas pelo jornal. Alugaram sedes em cada uma dessas cidades, servindo como ponto de encontro para as reuniões feitas entre eles, e para as atividades de propaganda de “Catolicismo”. Um convívio assíduo de tais elementos propiciou assim a formação dos primeiros núcleos de propagandistas fora de São Paulo.

O mesmo aconteceu em capitais como Porto Alegre (em 1953) e Fortaleza (em 1954). Posteriormente formaram-se “grupos” em Salvador (1954), em Curitiba (1958), em Florianópolis (1959) e, consecutivamente, em diversas cidades do Interior de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Tais núcleos eram freqüentemente visitados por membros do “Grupo de Catolicismo” de São Paulo, que lhes ministravam palestras e orientavam as linhas gerais de suas atividades.

A partir de 1956, o Prof. Orlando Fedeli, jovem professor secundário, começou a trazer para o grupo de São Paulo numerosa safra de cooperadores.

Até então os membros do “Grupo de Catolicismo” pertenciam, na sua maior parte, a tradicionais famílias paulistas. Os elementos atraídos pelo Prof. Orlando Fedeli eram oriundos, em geral, da média ou da pequena burguesia, muitos deles filhos da imigração: descendentes de italianos, espanhóis, sírios, japoneses, alemães e outros. Alugou-se uma sede onde eles se reuniam, à Rua Aureliano Coutinho, 23. Formou-se desta maneira o “Grupo da Aureliano”.

Mais ou menos na mesma ocasião, constituiu-se também em São Paulo um grupo de jovens, quase todos alunos do Colégio São Luís, remanescentes da influência que lá deixaram os antigos congregados do Pe. Walter Mariaux. Esse grupo também alugou uma sede, primeiramente na Rua Martim Francisco, 518, depois na Rua Aureliano Coutinho, 258. Esta última foi batizada de “Alcácer” (28). Entre os componentes desse “grupo” se destacavam, por seu fervor religioso e por sua dedicação, dois jovens cujos nomes têm um natural e brilhante relevo, pois se relacionam a fundo com lances da História pátria que os brasileiros entranhadamente amam. Chamam-se eles D. Luiz de Orleans e Bragança, atual Chefe da Casa Imperial brasileira, e seu irmão D. Bertrand de Orleans e Bragança, Príncipe Imperial do Brasil, os quais, em caráter estritamente apolítico, vêm dando à TFP sua mais contínua e valiosa abnegação.

 

D. Luiz de Orléans e Bragança, atual chefe da Casa Imperial do Brasil e seu irmão D. Bertrand de Orléans e Bragança, Príncipe Imperial do Brasil (abaixo) vêm dando à TFP – em caráter estritamente apolítico – sua mais contínua e valiosa abnegação

 

Dos jovens do “Grupo da Aureliano” e do “Grupo do Alcácer”, os que não se entregaram diretamente a afazeres profissionais diversos entraram, em sua maior parte, na histórica Faculdade de Direito do Largo São Francisco ou em outras Faculdades, onde tiveram, em favor dos ideais da tradição, da família e da propriedade, uma brilhante atuação.

O “Grupo de Catolicismo”, desenvolvendo-se, refletia assim a pluralidade de camadas sociais e de etnias da São Paulo industrializada. Passava-se da fase germinativa para a da franca expansão.

 

Conferências, congressos, viagens 

TAL SURTO LEVOU o “Grupo de Catolicismo” a promover anualmente em São Paulo, a partir de 1953, Semanas de Estudo, que proporcionavam fervor acrescido, maior firmeza e maior coesão doutrinária aos agentes e propagandistas do jornal nos diversos Estados do Brasil.

Na preparação de tais Semanas empenhava-se uma comissão composta de membros do “Grupo de Catolicismo” da cidade de São Paulo. Com o correr do tempo, tal comissão foi se estruturando e ampliando seu raio de ação, e passou a dar assistência não apenas às Semanas de Estudo, mas também aos diversos grupos de São Paulo e aos demais do Brasil. Assim nasceu a chamada  Comissão do Movimento.

Entrementes, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e membros dos “Grupos da Vieira e da Martim” encetavam viagens ao Exterior, percorrendo países da Europa e nações de origem hispânica da América do Sul. Foi o ponto de partida de contatos cordiais com pessoas e associações anticomunistas do mundo inteiro.

Tais contatos ampliaram-se mais tarde, quando o “Grupo de Catolicismo” montou na Cidade Eterna um secretariado, com o fim de conhecer de perto o desenrolar das sessões do Concílio Vaticano II.

Era forçoso constituir um setor para coordenar essas relações. Tal setor tomou o nome de Comissão de Contatos com o Exterior.

Como fruto de todo esse trabalho, realizou-se em 1961 um encontro que marcou época no grupo: o Congresso Latino-Americano de Catolicismo, mais conhecido nos círculos da TFP como o “Congresso de Serra Negra”, por causa do nome da estância hidromineral no qual este se reuniu. Para o certame concorreram cerca de 350 participantes brasileiros. Estavam também presentes vinte hispano-americanos de várias nações: eram as primeiras sementes de uma vasta floração de TFPs que, a partir de 1967, nasceriam além de nossas fronteiras.

A partir de então, devido ao grande número de participantes, não eram mais praticáveis Semanas de Estudo congregando todos os agentes e propagandistas de “Catolicismo”.

Pensou-se em novas fórmulas: a promoção de Semanas de Estudo Regionais e de Programas Especiais de Formação, em São Paulo e outras capitais. Numerosos encontros dessa natureza se realizaram seguidamente, propiciando coordenação de esforços e afervoramento. 

* * *

Seria ilusão pensar que esse crescimento do “Grupo de Catolicismo” transcorreu em céu sereno, em atmosfera de happy-end. Ele custou “sangue, suor e lágrimas”. Reveses inesperados, incompreensões, preocupações de toda ordem, defecções desoladoras, marcaram essa trajetória ascensional.

 

“Este livro é um catecismo da Contra-Revolução. A história registrou catecismos revolucionários no passado: Mein Kampf de Adolph Hitler, Das Kapital de Karl Marx e o Catecismo Revolucionário de Netchaev. Mas nunca houve um livro como este”. John Steinbacher (29).

 

Pregador incansável da Contra-Revolução, Plinio Corrêa de Oliveira efetua numerosas viagens. Acima, saindo da Basílica de São Pedro, em Roma, com amigos

Plinio Corrêa de Oliveira publica “Revolução e Contra-Revolução” 

O DESENVOLVIMENTO que havia alcançado o “Grupo de Catolicismo” pedia, aos olhos do público, uma definição clara e concatenada de seus fins e dos meios e métodos que propunha usar para atingi-los.

Em 1959, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira escreveu o ensaio Revolução e Contra-Revolução, publicado em primeira mão no mensário “Catolicismo” ( 100, abril de 1959). O memorável estudo constituiu um marco para todos os membros do “Grupo de Catolicismo”, pois viram consubstanciados os traços essenciais de seu ideário, e a visão panorâmica da luta que levavam a cabo.

Ali o adversário era apontado: a Revolução, isto é, o processo já cinco vezes secular que vem destruindo a Cristandade, desde o declínio da Idade Média até nossos dias. Eram também analisadas, do ponto de vista teológico e filosófico tomista, as causas profundas do fenômeno, os agentes que o promovem, os elementos essenciais da doutrina que o inspira, a importância respectiva dos vários terrenos em que ele se passa, o vigor de seu dinamismo, o mecanismo de sua expansão.

E ainda eram estudados os pontos simétricos referentes à Contra-Revolução, isto é,  o processo que se deve opor à Revolução, e suas condições de vitória (Ver: Livros publicados por várias TFPs 1).

Revolução e Contra-Revolução logo se transformou em livro de cabeceira dos membros do “Grupo de Catolicismo”, e de todos aqueles que mais tarde ingressaram não apenas na vasta família de almas da TFP brasileira, mas também das demais TFPs e entidades afins espalhadas pelo mundo.

 

Tradição, Família, Propriedade: “a reunião desses três termos não se deve ao acaso .... trata-se de bloco coerente que se aceita ou se rejeita, mas cujos elementos não se pode separar .... As novas comunidades não podem nascer e subsistir senão ultrapassando (sic) a família, a propriedade privada e a tradição”. Max Delespesse (30).

 

A TFP desfila no Viaduto do Chá em 1970, em São Paulo, na abertura da campanha pelo Natal dos Pobres

Surge, enfim, a TFP, realização de um sonho de Plinio Corrêa de Oliveira

COM A PUBLICAÇÃO de Revolução e Contra-Revolução, estava tudo preparado para o passo decisivo que mudaria a fisionomia do “Grupo de Catolicismo”, conferindo feição jurídica a essa família de almas que se formara pouco a pouco, organicamente: em julho de 1960 fundava-se a SOCIEDADE BRASILEIRA DE DEFESA DA TRADIÇÃO, FAMÍLIA E PROPRIEDADE – TFP.

Esta Sociedade teve, pois, como sócios fundadores e diretores, membros do “Grupo de Catolicismo”. Seu surgimento assinalaria, para todos os amigos que o idealismo, a desventura, a fidelidade e as recentes alegrias haviam tão intimamente unido numa só alma, o início de outra fase de sua luta. 

* * * 

Na narração que segue, a história de Plinio Corrêa de Oliveira e a da TFP brasileira se confundem. E isto de tal maneira, que cada palavra, cada letra deste livro faz parte, a títulos diversos mas muito realmente, da gesta daquele sem o qual a TFP brasileira, e em algum sentido também as demais TFPs, não existiriam.

Qualquer observador pode notar que todas as realizações que trazem o cunho das TFPs, grandes ou pequenas, possuem um estilo inconfundível e criam uma atmosfera moral de extraordinária elevação. Sente-se que há uma afinidade que se comunica de alma a alma, até as últimas capilaridades dessa grande árvore. Ora, essa afinidade – não há quem o possa negar – está alicerçada na palavra e no exemplo de Plinio Corrêa de Oliveira.

A substância, o estilo, o élan da TFP brasileira são a própria substância, o estilo e o élan de Plinio Corrêa de Oliveira. O que analogamente também se pode dizer, mutatis mutandis, das outras TFPs em expansão pelos cinco continentes, das quais o insigne filho da Santa Igreja é inspirador.

Aí está, pois, uma forma superior de paternidade, normalmente característica dos fundadores das grandes correntes de pensamento e de ação ou das grandes instituições religiosas e temporais.

Vem a propósito lembrar um episódio da vida do Bem-aventurado Dom Nuno Álvares Pereira, Condestável de Portugal.

Perguntaram-lhe, depois da batalha de Aljubarrota, como uma tão diminuta tropa conseguira vencer um tão mais numeroso exército do adversário. Ao que o guerreiro, bom conhecedor da alma de seu povo, deu esta resposta: nosso Rei venceu porque seu exército não é de soldados, é um exército de filhos.

Afirmação análoga se pode fazer das TFPs. E é exatamente por essa razão que seus sócios e cooperadores levam a dedicação e o destemor ao ponto de participarem intensamente da grande gesta global que é o objeto deste livro.


Notas:

(1) Cfr. Plinio Corrêa de Oliveira, Kamikaze, “Folha de S. Paulo”, 15-2-69.

(2) Apud Bernard Botte, O.S.B., O movimento litúrgico, Ed. Paulinas, São Paulo, 1978, p. 217.

(3) 242, 2-5-37.

(4) Alceu Amoroso Lima, que exerceu a crítica literária sob o pseudônimo de Tristão de Athayde, foi líder católico, professor universitário e membro da Academia Brasileira de Letras.

(5) Cfr. “Legionário”, 223, 20-12-36. Oswaldo Euclides de Souza Aranha foi um dos mais importantes articuladores da revolução getulista de 1930, tendo sido Ministro da Justiça e da Fazenda no governo Getúlio Vargas. Em 1947, presidiu a Assembléia Geral da ONU.

(6) D. Duarte Leopoldo, Illuminuras, Empreza Graphica da “Revista dos Tribunaes”, São Paulo, 1937, p. 126.

(7) Cfr. Plinio Corrêa de Oliveira, Kamikaze, “Folha de S. Paulo”, 15-2-69.

(8) “Jornal de Minas”, Belo Horizonte, 3-7-86.

(9) O Movimento Litúrgico no Brasil – Estudo Histórico, Ed. Vozes, Petrópolis, 1983, p. 314.

(10) Ver estatística em outro local desta obra.

(11) Cfr. Plinio Corrêa de Oliveira, Kamikaze, “Folha de S. Paulo”, 15-2-69.

(12) Apud Bernard Botte, O.S.B., op. cit., p. 221.

(13) Cfr. Plinio Corrêa de Oliveira, Como ruiu a Pirâmide de Queops, “Folha de S. Paulo”, 8-2-69.

(14) Cfr. Plinio Corrêa de Oliveira, Kamikaze, “Folha de S. Paulo”, 15-2-69; Eloi de Magalhães Taveiro, Para evitar as prescrições da História, “Catolicismo”, 150, de junho de 1963.

(15) Ed. Ave Maria, S. Paulo, 384 pp.

(16) Apud Luis Alberto Gómez de Souza, A JUC: os estudantes católicos e a política, Ed. Vozes, Petrópolis, 1984, 259 pp., p. 9. A JUC era uma das organizações em que se subdividia a Ação Católica brasileira. A “Teologia da Libertação” deita raízes, portanto, na JUC dos anos 60, da mesma forma como esta deu continuidade à JUC dos anos 30 e 40, cujos desvios já vinham sendo denunciados pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. É de se notar que o Pe. Gustavo Gutierrez (Peru) é considerado um dos pais da “Teologia da Libertação”, e um de seus principais corifeus.

(17) A Igreja e a Política no Brasil, prefácio de Frei Betto, Ed. Brasiliense, São Paulo, 1979, 268 pp., p. 228. Deputado federal pelo extinto Estado de Guanabara, Marcio Moreira Alves esteve na origem de grave crise político-institucional em 1968 quando, por ocasião da Semana da Pátria, proferiu discurso considerado subversivo. Exilou-se voluntariamente na Europa, a partir desse ano.

(18) D. Helvécio Gomes de Oliveira, Arcebispo de Mariana; D. Atico Eusébio da Rocha, Arcebispo de Curitiba; D. João Becker, Arcebispo de Porto Alegre; D. Joaquim Domingues de Oliveira, Arcebispo de Florianópolis; D. Antonio Augusto de Assis, Arcebispo-Bispo de Jaboticabal; D. Otaviano Pereira de Albuquerque, Arcebispo-Bispo de Campos; D. Alberto José Gonçalves, Arcebispo-Bispo de Ribeirão Preto; D. José Maurício da Rocha, Bispo de Bragança Paulista; D. Henrique Cesar Fernandes Mourão, Bispo de Cafelândia; D. Antonio dos Santos, Bispo de Assis; D. Frei Luís de Santana, Bispo de Botucatu; D. Manuel da Silveira D'Elboux, Bispo-Auxiliar de Ribeirão Preto (depois Arcebispo de Curitiba); D. Ernesto de Paula, Bispo de Jacarezinho (hoje Bispo Titular de Gerocesarea); D. Otávio Chagas de Miranda, Bispo de Pouso Alegre; D. Frei Daniel Hostin, Bispo de Lajes; D. Juvencio de Brito, Bispo de Caetité; D. Francisco de Assis Pires, Bispo de Crato; D. Florencio Sisino Vieira, Bispo de Amargosa; D. Severino Vieira, Bispo de Piauí; D. Frei Germano Vega Campón, Bispo-Prelado de Jataí; também o Pe. L. Riou, S.J., Provincial da Companhia de Jesus no Brasil Central.

(19) Cfr. Plinio Corrêa de Oliveira, A Igreja ante a escalada da ameaça comunista – Apelo aos Bispos Silenciosos, Editora Vera Cruz, São Paulo, 4ª ed., 1977, pp. 43 a 53.

(20) Cfr. Plinio Corrêa de Oliveira, A Igreja ante a escalada da ameaça comunista – Apelo aos Bispos Silenciosos, Editora Vera Cruz, São Paulo, 4ª ed., 1977, pp. 37 a 46.

(21) Apud Fr. José Ariovaldo da Silva, O.F.M., op. cit., p. 352.

(22) Plinio Corrêa de Oliveira, Kamikaze, “Folha de S. Paulo”, 15-2-69.

(23) Cfr. Plinio Corrêa de Oliveira, Nasce a TFP, “Folha de S. Paulo”, 22-2-69.

(24) Cfr. Plinio Corrêa de Oliveira, Nasce a TFP, “Folha de S. Paulo”, 22-2-69.

(25) Cfr. Plinio Corrêa de Oliveira, Nasce a TFP, “Folha de S. Paulo”, 22-2-69.

(26) Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo – Dissertação de Mestrado, 1984, p. 19.

(27) Cfr. Plinio Corrêa de Oliveira, Nasce a TFP, “Folha de S. Paulo”, 22-2-69.

(28) Em lembrança do Alcácer do Sal, onde se realizou uma das batalhas da Reconquista em Portugal.

(29) Prefácio para a primeira edição norte-americana da obra. Educator Publications, Fullerton, 1972, p. 7.

(30) Tradition, Famille, Propriété: Jésus et la triple contestation, Fleurus-Novalis, Paris-Ottawa, 1972, 200 pp., pp. 7-8.

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