Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

7 Dias em Revista

 

 

 

 

 

Legionário, Nº 734, 1º de setembro de 1946

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Quando da vitória do Partido Democrata Cristão na Itália, e do MRP na França, acentuamos que o futuro de ambas essas organizações dependeria essencialmente da prudência de seus chefes. A vitalidade da opinião católica em um e outro país estava demonstrada pelo número de sufrágios dados às legendas católicas. Bastava, para consolidar a vitória, que fosse assegurada a união entre os católicos. E, evidentemente, esta união só se poderia alcançar desde que, nas questões em que os católicos divergissem, uma das correntes não procurasse impor-se à outra.

O Sr. De Gasperi, neste ponto, decepcionou as mais longânimes expectativas. Com sua atitude anti-monárquica, deu ao comunismo um handcap precioso, com o que desagradou e pôs de sobreaviso numerosos católicos. Ele não teve a prudência necessária para perceber que este gesto infeliz traria forçosamente a divisão. E esta divisão veio agora.

Acaba de fundar-se na Itália o Partido Nacional Cristão, que já lançou em Roma um jornal diário e pretende agir em grande escala em toda a península. Sua orientação nos parece mais segura do que a do Sr. De Gasperi. Acompanharemos, pois, com simpática atenção o desenvolvimento de suas atividades.

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Tanto quanto pudemos verificar, parece que a imprensa diária publicou em São Paulo nota insignificante desse importante fato. Data vênia, transcrevendo das colunas do nosso estimado confrade, o "Santos-Jornal", uma notícia mais extensa sobre o assunto:

ROMA, 27 (R) "O partido nacional cristão é um partido puramente católico como o partido democrático cristão, mas dele se afastando no domínio temporal.

Acusarão os partidos da esquerda de aproveitarem a situação crítica atual em benefício dos seus objetivos e acusando também o governo atual como "uma verdadeira ditadura em tudo semelhante ao governo fascista", declarou Padoan, que o Partido Nacional Cristão é antes de tudo anticomunista e se pronuncia claramente contra a Rússia na política exterior, "porque a Itália jamais será neutra e deverá lutar fatalmente cedo ou tarde contra o imperialismo soviético". Conclui asseverando que "a colaboração com o comunismo é uma verdadeira traição ao ideal católico".

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Em polêmica com o "marechal" Tito o "Osservatore Romano". Tito fez um discurso em que pedia que o Clero não interferisse em questões políticas, e o Vaticano redargüiu, muito ao pé da letra, que competia, isto sim, à política de não se imiscuir em assuntos de Religião.

Em seguida, mostra que o Clero continua a ser perseguido pelos comunistas na Iugoslávia, e acrescenta que, agrade ou desagrade a Tito, a Santa Sé continuará a advogar uma paz equânime, em favor de todos, e não apenas de alguns.

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Continua cada vez mais manifesta a coloração socialista do Partido Trabalhista Britânico. Assim, realiza-se no momento, na França, uma "Conferência Internacional Socialista", na qual se fazem representar os partidos socialistas de vários países. Para representar o socialismo inglês, figuram no dito congresso os delegados do trabalhismo britânico, que se mantiveram durante toda a conferência "em estreito contato com o Sr. Bevin", segundo nos informa o noticiário telegráfico.

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Nesta semana, acentuou-se extraordinariamente o movimento pan-árabe, na Tunísia, pela agitação do Partido Destour, que em virtude de sua "ligação cultural e religiosa com países árabes do Oriente Médio" tem agido no terreno político, social e clandestinamente, pela unidade do mundo árabe. É o que informa um telegrama da A.F.P.

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Lamentamos que o Sr. Cônsul do Líbano nesta capital haja oferecido um almoço de confraternização à sua colônia, por motivo da festa de confraternização religiosa dos maometanos, há pouco verificada, e que se chama "Id al Fitr" do mês de Ramadan.

Evidentemente a colônia libanesa aqui goza de toda a estima, e pode confraternizar quando entender e com quem entender. Não é digno de aplauso, entretanto, que se confraternize a propósito de uma data muçulmana em terra Cristã, sobretudo quando, no final das contas, o Líbano não é uma potência puramente muçulmana...


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