Plinio Corrêa de Oliveira

 

7 Dias em Revista

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 3 de outubro de 1937, N. 263

 

  Bookmark and Share

 

Da Oficina Católica de “Información Internacional”, filiada à Ação Católica da Espanha, recebeu esta folha uma honrosa carta com agradecimentos pelo ardor com que temos apoiado a causa nacionalista [anticomunista] na Espanha.

Esta manifestação espontânea do autorizado órgão da Juventude Católica espanhola é, para nós, uma recompensa abundante que nos estimula a cumprir com crescente ardor o nosso dever de católicos, que nos coloca incontestavelmente ao lado da Espanha nacionalista.

* * *

Depois do excelente requerimento do Sr. Sebastião Medeiros sobre a Pastoral Coletiva, assinala-se a atenção dos observadores o não menos excelente requerimento do Sr. João Carlos Fairbanks propondo que a Câmara fizesse celebrar Missa solene pelo eterno descanso dos militares tombados em 35 [intentona comunista], na defesa da civilização.

O requerimento teria sido aprovado por unanimidade, não fossem os votos contrários dos Srs. Alfredo Ellis Jr., Salvador Gulizzia e... seria preciso dizê-lo? Campos Vergal.

* * *

O Sr. Governador do Estado recentemente em visita à obra que a “Liga das Senhoras Católicas” promove em prol dos menores abandonados, escreveu no livro de ouro, as seguintes palavras dignas de toda a ponderação: “Acabo de percorrer as obras do Educandário que inscreve em seu frontispício o nome de D. Duarte. É por si só um programa de ação e de moral. Somente uma “Liga das Senhoras Católicas”, isto é uma reunião de senhoras com a sensibilidade e o ideal que só a religião cria, é capaz de compreender e realizar a obra que aí está, no início de uma execução que já é a certeza de uma realização”.

Há, em São Paulo, muita gente, e gente graúda, que quereria arrancar as obras de Assistência Social à influência católica. Felizmente, não temos elementos para afirmar que o Departamento de Assistência Social se tenha deixado influenciar neste sentido por tais elementos alheios ao seu grêmio. Mas não falta quem o queira conseguir na alta burocracia do Estado.

As palavras do Sr. Governador do Estado servem de garantia aos católicos, atestando que, ao menos sob a gestão do Sr. Cardoso de Mello Neto, este perigo não parece próximo.

* * *

Foi comovedora a idéia do Sr. Cintra Gordinho de fazer levantar um monumento ao Redentor, no lugar em que ficou demarcada a nova fronteira São Paulo-Minas. Como muito eloqüentemente salientou S. Exa. Rev.ma o Sr. Bispo de Bragança, que presidiu a benção do monumento, é o Cristo Redentor o traço de união verdadeiro entre todos os Estados do Brasil, o único elo resistente, que assegura à nossa Pátria sua unidade.

* * *

Foi muito divulgado em São Paulo o belo telegrama que o Sr. Atila Soares dirigiu ao Sr. José Américo de Almeida, denunciando a infiltração comunista que em largas proporções se está verificando nas fileiras dos partidários de S. Exa. A este corajoso gesto do Secretário do Interior do Distrito Federal, todos os nossos aplausos.

* * *

Achamos deplorável que a imprensa peceísta timbre em proclamar tão alto que o Sr. Pedro Ernesto aderiu ao Sr. Armando Salles de Oliveira, no mesmo momento em que ela declara estar horrorizada com as infiltrações comunistas que sofrem as fileiras do Sr. José Américo de Almeida.

Qualquer homem de bom senso é forçado a desconfiar do Sr. Pedro Ernesto. E, aos olhos dos católicos, sua presença nas fileiras de qualquer candidato não pode deixar de ser comprometedora.

* * *

Por maior que seja a nossa admiração por algumas das obras que o Sr. Mussolini realizou na Itália, obras essas que o elevaram à merecida categoria de um dos maiores homens de nosso tempo, devemos deplorar o caráter de que se revestiu a visita por S. Exa. feita à Alemanha.

É evidente que S. Exa., como chefe da gloriosa nação italiana, estava no direito de visitar a Alemanha sem que, por isto, se pudesse dizer que está solidário com a política antirreligiosa de Hitler. Seria uma visita de cunho inteiramente diplomático, significando a solidariedade política de ambas as nações no terreno internacional. E nada mais.

Mas S. Exa. timbrou em demonstrar o contrário, que sua visita é o abraço de confraternização do fascismo com o nazismo. Por isto fez S. Exa. grandes elogios ao Sr. Hitler e, em lugar de enaltecer tão somente o que a obra do Sr. Hitler tem de realmente louvável - não é muito, aliás - timbrou em elogiar sua atividade com termos que deixam transparecer uma completa indiferença, tolerância sorridente, que chega às raias da simpatia para com a ressurreição do paganismo que o Sr. Hitler promove.

S. Exa., aliás, não parou aí, e convidou o Sr. Hitler a ir à Itália, conquanto a visita do “duce” não exigia a retribuição do convite, porque constituía pagamento da anterior visita do Führer à Itália, como a própria imprensa assinalou.

Como se arranjarão os católicos italianos quando forem convidados a aplaudir o perseguidor da Igreja na Alemanha?

Poder-se-á objetar que Hitler aproveitará sua viagem para tratar com o Santo Padre a respeito de um reajustamento das relações tão delicadas entre o Vaticano e o Reich, isto por interferência do Sr. Mussolini.

Se tal suceder, seremos os primeiros a nos rejubilarmos do fundo do coração com o acontecimento, apontando-o como mais um serviço do Sr. Mussolini à civilização.

Mas acontecerá?

* * *

Dir-se-á que exageramos afirmando que o Sr. Mussolini foi mais longe do que devia nos elogios a Hitler. Documentemos nossa afirmação com frases do discurso oficial do “duce”.

Disse o “duce”: “A vossa revolução deu à Alemanha um caráter novo; novo, sim, mas modelado pelas mais altas tradições que são compatíveis, quer com a vida moderna quer com a vida do passado”. Ora, qual é o caráter novo que o hitlerismo procura dar à Alemanha? É o caráter pagão. Quais as tradições que invoca? As dos obsoletos deuses pagãos. E é esse monstruoso anacronismo, que um dos mais gloriosos estadistas de nossos dias elogia perante o mundo inteiro.

Além disto, S. Exa. exprimiu sua admiração pela “obra de construção moral e técnica que o povo alemão realizou”. Ora, a construção moral, o regime hitlerista a realizou sobre as bases anticristãs das doutrinas de Rosenberg. E é o homem que assinou o Tratado de Latrão que elogia estas obras.

* * *

O Sr. Plinio Barreto escreveu no “Estado de S. Paulo” de 29 pp. um magnífico artigo sobre “Coisas de Assistência”, em que põe em relevo a obra da Escola de Serviço Social e a da Liga das Senhoras Católicas. Aconselhamos nossos leitores a que procurem ler tal artigo, se já não o fizeram. É o depoimento imparcial de um grande pensador a respeito da obra social dos católicos em São Paulo.

E diga-se, depois, que os católicos não combatem o comunismo...

* * *

A péssima peça “Deus lhe pague”, representada por Procópio Ferreira, tinha sido proibida pela polícia. Infelizmente, porém, foi agora autorizada a sua representação.

Deplorável.


Bookmark and Share