Plinio Corrêa de Oliveira

 

7 Dias em Revista

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 3 de janeiro de 1943, N. 543

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A expressão "totalitarismo" vem sendo interpretada de forma cada vez mais incorreta por certos setores da opinião mundial, e particularmente por algumas agências telegráficas. A ouvir determinados artigos ou comentários telegráficos internacionais, ter-se-ia a impressão de que a característica do totalitarismo está em que é uma forma de governo dirigida pelos Srs. Hitler e Mussolini, e que, portanto, a mesma organização, sem ter a sua testa esses dois políticos, já não é totalitarismo.

É impossível ver por um ângulo menor, e com mais miopia, uma tão grande questão. A característica do totalitarismo está longe de consistir no semblante espectral do Sr. Hitler, ou na fisionomia teatral do Sr. Benito Mussolini. Tão pouco não são os campos de concentração que caracterizam o regime totalitário. A este respeito, a definição da Igreja é clara e irretorquível. É totalitário todo e qualquer regime, com toda e qualquer dominação, governado por um, alguns, ou muitos homens, no qual o Estado pretenda invadir esferas que não lhe são próprias, atentando assim contra os direitos da Igreja, da família, e das pessoas, incluindo o direito de propriedade com toda a extensão que o Direito Natural lhe confere.

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É importantíssimo que essa noção se conserve sempre clara. Em última análise é esta a razão pela qual a Igreja condena o nazismo. E é a mesma a razão pela qual a Igreja também condena o comunismo. Totalitarismo e comunismo são termos que se equivalem, qualquer que seja a roupagem de que o totalitarismo se revista.

Neste sentido, é muitíssimo expressivo o seguinte tópico da recente alocução de Natal, pronunciada pelo Santo Padre, em que o Pontífice, ao se referir aos problemas oriundos da guerra, declara: “Novos perigos surgiram da tendência de subordinar todas as coisas ao interesse político, e por isso mesmo ao Estado Nacional, que tudo subordina a suas leis humanas. A Igreja sempre condenou o socialismo marxista e reafirma ainda hoje esse ponto de vista”.

Em outros termos, a hipertrofia do Estado, ainda que Estado Nacional, constitui erro capitulado pela Igreja juntamente com o seu irmão siamês, o socialismo de Estado ou comunismo.

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Também é muitíssimo significativo este outro tópico: “Através da renúncia ao egoísmo nacional acha-se a estrada para a salvação universal. A segurança jurídica para todos, como é solicitada pelos princípios cristãos, significa que as leis, conforme são administradas pelas cortes e juízes, devem resultar num bem ou então devem ser afastadas as medidas legislativas que infrinjam a liberdade e a propriedade ou a melhora do bem estar”.

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Finalmente, também queremos pôr em destaque este outro trecho: “este apelo deve ser vigoroso por causa das centenas de milhares de criaturas que, sem serem acusadas de haver cometido faltas, eles próprios, mas simplesmente por motivos de nacionalidade ou de raça, estão destinados à morte pela gradual inanição”.

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A agência Reuters, publicou na imprensa diária o seguinte telegrama:

“Londres 21 (R!) – A polícia inglesa deteve hoje o Sr. Stuart Morris, secretário geral da União Pró-Paz.

“O detido, que era deão honorário da catedral de Birmingham, renunciou às suas ordens sacras como protesto contra a atitude da Igreja Britânica em face da guerra atual”.

É um caso em que se patenteia de modo característico a impotência das igrejolas protestantes em conservarem sua autoridade espiritual sobre seus membros, paralisadas como estão pelo vírus fatal do livre-exame.

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É digna de registro a notícia de haver entrado em um convento o Sr. Elpídio Gonzalez, ex-presidente da Argentina, que abandonou com isto suas atividades políticas.


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