Plinio Corrêa de Oliveira

 

7 Dias em Revista

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 4 de fevereiro de 1945

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Sempre fomos contrários aos divertimentos carnavalescos. E especialmente durante o tempo de guerra. Consideramos censuráveis essas orgias de fundo pagão.

Com efeito, há entre todos os membros da grande família humana uma solidariedade objetiva e profunda, que torna indecorosas as diversões feitas em público, e com estrondo, quando tantos homens sofrem nos campos de batalha, e tantas famílias choram nos países em guerra.

A essa solidariedade natural de todos os homens, devemos acrescentar a solidariedade sobrenatural infinitamente mais preciosa, que a todos nos vincula, a todos os católicos, como membros do Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a Igreja Católica. Devemos sentir, como se fossem praticados em nós mesmos, todos os crimes, todas as injustiças que sofrem nossos irmãos. Agoniza a gloriosa Polônia? Periclita a católica Hungria? Gemem nos cárceres da mais detestável das tiranias os católicos alemães antinazistas? Gemem, na Rússia soviética, opressos e perseguidos, nossos irmãos católicos? E nós nos divertimos, divertimo-nos - o que é mil vezes pior - ofendendo a Deus?

Nas épocas das grandes calamidades, é preciso gemer junto ao altar, é preciso rezar, é preciso fazer penitência, é preciso distribuir esmolas. Assim se aplaca a ira de Deus, se vencem os ímpetos desordenados da natureza e se expulsam os demônios.

Pelo contrário, nós abandonaríamos o altar pelo baile, a penitência pela orgia, e esbanjaríamos em futilidades o dinheiro das esmolas. Para quê? Para colocar nas mãos de Deus o látego com que devemos ser punidos?

Em 1945, porém, a nossas anteriores razões para vituperar o carnaval ainda acrescentamos outra, de maior gravidade. Com efeito, são os brasileiros que lutam agora no campo da guerra. É nosso o sangue que se derrama no campo de batalha, é para a preservação de nossa Fé, de nossas fronteiras, de nossa independência, que esse sangue se verte na mais justa das guerras. Entretanto, enquanto na frente se luta, se sofre, se morre, enquanto entre nós as famílias dos bravos expedicionários padecem mil angústias e a dor de uma cruel separação, nós dançamos, bailamos, ofendemos a Deus e a dor de tanta gente, com nossas orgias?


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