Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

7 Dias em Revista

 

 

 

 

 

Legionário, N.º 758, 16 de fevereiro de 1947

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Registramos a auspiciosa noticia de que o Revmo. Monsenhor Emílio Salim, Diretor das Faculdades Católicas de Campinas e vice-reitor da Universidade Católica de São Paulo, recebeu na semana passada, da Sagrada Congregação dos Seminários, da qual é Prefeito Sua Eminência Reverendíssima, o Senhor Cardeal Pizzardo, o "Breve" pontifício que aprova os estatutos da referida Universidade.

No mesmo "Breve", Sua Santidade o Papa Pio XII, gloriosamente reinante, se dignou de confirmar no cargo de reitor da Universidade Católica a S. Excia. Revma., o Senhor Dom Paulo de Tarso Campos, Bispo Diocesano de Campinas.

Comentando o fato, o "Osservatore Romano", órgão oficioso da Santa Sé, traz elogioso artigo.

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A crise do carvão na Inglaterra está assumindo proporções gigantescas e põe em foco, de modo sensacional, o problema da competência do governo trabalhista no traçar e executar os planos necessários para o soerguimento britânico neste duro pós-guerra. Considerando o problema de um ponto de vista ainda mais alto, é o próprio valor doutrinário e prático do socialismo que está sendo experimentado e discutido através dos acontecimentos ingleses desta semana.

Não entramos no âmago do assunto, tratada na seção "comentando" de nossa redação de hoje. Mas não queremos dispensar-nos de transcrever aqui algumas das críticas de Wiston Churchill contra o gabinete Attlee.

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Disse o famoso leader de guerra: "estamos experimentando uma amostra do socialismo, isto é, de um socialismo sem amparo total, sem ação. Os socialistas estão atarefados de tal forma com a nacionalização doutrinária e com a guerra de classe, que não tem tempo, nem capacidade, nem cérebro para tomar providências administrativas comuns, que o mais simples bom senso exige. O fato real, nu e cru, que se nos apresenta, é o de que o socialismo é má administração, economia doméstica precária, incompetência e degenerescência progressiva na vida quotidiana dos habitantes desta ilha".

Não se diga que, sendo chefe da oposição conservadora, Churchill é suspeito para formular qualquer acusação contra os trabalhistas. Devemos lembrar-nos todos de que, por ocasião da campanha eleitoral da qual saíram vitoriosos os trabalhistas, Churchill previu precisamente o que está sucedendo. Acharam-no suspeito na previsão. Achá-lo-ão ainda suspeito agora, quando a realidade dos fatos confirma tudo quanto ele disse?

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As atitudes de desculpas do elemento trabalhista justificam por sua vez, e de modo mais insuspeito, as acusações de Churchill. Partido todo-poderoso, pois que tem forte maioria parlamentar, os socialistas pediram, contudo, uma espécie de coligação com os conservadores, à vista da crise, como que tentando, por meio de alguns lugares no governo, ou qualquer outra compensação deste gênero tapar a boca aos conservadores. A esta sugestão, Churchill respondeu em plena Câmara dos Comuns, com sua costumeira energia, exclamando "nada de coligações".

O Ministro do Tesouro levantou-se para refutar Churchill. E o que disse ele para justificar a política dos trabalhistas, seus correligionários? A lição desta crise é dura, mas estamos aprendendo assim a não enfrentar o inverno com estoques tão pequenos. Em outros termos os estoques acumulados pela Inglaterra, foram insuficientes. Ela exportou demais, guardou de menos. Em outros termos ainda: o governo foi incompetente.

Sim, o governo, porque hoje em dia todas as minas de carvão da Inglaterra pertencem ao Estado, por obra e graça dos trabalhistas.

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Aliás, tudo isto não escapa à percepção dos observadores sadios de outros países. Assim, o “Daily Mirror” de New York comentando a crise britânica escreveu que sob o socialismo na Inglaterra "tudo, inclusive a liberdade do povo, está sendo sacrificado".

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O fato de haver sido libertado pela França o chefe muçulmano Abd-el-Krim, talvez a figura que mais agudamente simbolize o espírito de hostilidade muçulmana contra o Ocidente cristão, é muito digno de nota.

Trata-se de uma autêntica vitória da Liga árabe. Abd-el-Krim, preso em possessão francesa da África meridional há vinte anos, foi o chefe arrojado infatigável de uma longa revolta dos nativos da África do Norte contra a França e Espanha. Foi uma verdadeira guerra, tão séria que o governo francês teve de destacar o generalíssimo Pétain para chefiar as operações do exército metropolitano.

Bastou que um secretário da Liga árabe pedisse a soltura de Abd-el-Krim ao embaixador francês do Egito, para que imediatamente o governo de Paris atendesse ao pedido.

Abd-el-Krim residirá na Côte d'Azur, que hoje mantém comunicações marítimas e aéreas incessantes com a África do Norte, onde fervilham os descontentes. Não é (difícil) prever qual será o resultado desta medida imprudentíssima, uma vez que Abd-el-Krim está sexagenário. Mas sua libertação despertou contentamento em todos os seus antigos súditos que, “au su et au vu” do governo de Paris, organizam deputações, caravanas, etc., que vão homenagear o antigo cabecilha.

Depois do imenso triunfo que foi a libertação do Mufti, é esta a vitória moral mais expressiva obtida pela Liga árabe. Certamente, tudo isto está inflamando o entusiasmo do mundo muçulmano, e lhe dá uma consciência de sua força... e da debilidade das nações cristãs, que, por sua vez, convida a maiores audácias.


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