Plinio Corrêa de Oliveira

 

Comentando...

“Em que somos irrepreensíveis?”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 25 de abril de 1937, N. 241, pag. 2

 

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Os que querem servir-se da Igreja para seus fins particulares, adaptando-a às suas idéias, apresentam-se sempre como vítimas inocentes, quando Ela os denuncia e os condena. É o caso do sr. Leon Degrelle, chefe do Rexismo belga. O seu movimento fora condenado pelo Episcopado belga há já alguns meses, como foi então noticiado pelo LEGIONÁRIO. Nas vésperas da eleição realizada a 11 do corrente o Arcebispo de Malines reproduziu novamente, em aviso dirigido aos eleitores católicos, a condenação do Episcopado ao referido partido.

O sr. Leon Degrelle, dizem os telegramas de Bruxelas, recebeu a notícia com verdadeiro espanto, afirmando em um comício:

“Bastará que as autoridades religiosas queiram precisar no que os nossos métodos ou princípios são repreensíveis, para que imediatamente sejam introduzidas todas as modificações desejáveis”.

É curioso que só agora, porque se estava em vésperas de uma eleição, o sr. Degrelle se tenha lembrado de perguntar às autoridades religiosas no que “os métodos e princípios” do rexismo “são repreensíveis” e se tenha prontificado a introduzir “todas as modificações desejáveis”. Está claro que o chefe do Rexismo considerou a condenação que lhe foi lançada pelos Bispos belgas como existente apenas no papel. Julgou certamente que ela não o atingiria quando tivesse que apelar para o eleitorado católico. E por isso não pensou em expurgar a corrente partidária que chefia daquilo que nela fora condenado pela Igreja.

É aliás a atitude que os homens costumam tomar diante da autoridade divina. Em primeiro lugar eles se justificam a si próprios, certos e convencidos de que só eles têm a verdade. Depois, quando a Igreja os condena e lhes mostra com sua doutrina clara e insofismável, os muitos erros em que eles estão incorrendo, a resposta é sempre a mesma: “Em que somos repreensíveis?”

Evidentemente Ela não pode manter-se permanentemente em um círculo vicioso, apontando aos homens os erros e recebendo destes sempre a mesma resposta e nunca a menor reparação. Aos católicos, porém, que muitas vezes se deixam encantar pelos que não se consideram “repreensíveis”, torna-se necessária a maior fidelidade à Igreja e o mais completo afastamento dos pseudo-salvadores da Cristandade.


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