Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Anúncios imorais

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 18 de setembro de 1938, N. 314, pág. 2

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Já tocamos uma vez no assunto. Nunca pensamos, porém, que a propaganda imoral atingisse aos extremos de verdadeira depravação de um certo anúncio publicado no “Diário da Noite” de 14 do corrente. Este anúncio desce a previsões técnicas por tal forma cruas, que torna o jornal que o publica impróprio para uma casa de família, em que haja senhoras e crianças.

Mas isso não é só. O indecente anúncio é uma completa exposição e propaganda de repugnantes práticas anticoncepcionais, e vão ao requinte de assinalar, em cores negras, os casos em que a natalidade deveria ser evitada. Isto poderá impressionar deploravelmente pessoas de espírito mal orientado, além de deprimi-las.

Até hoje os anúncios desta natureza eram velados, mais insinuavam do que diziam. Mas a imoralidade levanta a cabeça. E começa a aparecer com toda a desfaçatez. Só nos admiramos de que a censura permita semelhante audácia.

Entretanto não são esses os únicos anúncios a se evitar. Há uma segunda espécie de propaganda. Mais inofensiva, não há dúvida, porém mais cruel: é a que explora os sofrimentos que advirão certamente com o progresso de alguma doença, progresso esse dificilmente evitável. Por exemplo, não é raro ver se anúncios deste jaez: “Não deixe que o câncer corroa o seu estômago”, ou então “Se V. está sentindo tais e tais sintomas e não tomar o remédio X, ficará paralítico para o resto da vida. Que coisa horrível ficar preso eternamente a uma cadeira!”

Pode-se perfeitamente imaginar o efeito que essas palavras irão produzir nas pessoas que realmente estejam sentindo aqueles sintomas. E é muito significativo que esse gênero de propaganda seja frequente nesse nosso século de eutanásia, a pseudo-morte piedosa, que evita maiores sofrimentos. Parece que nos dias que correm só se sabe ter piedade para matar, e não para sustentar e valorizar a vida. A isto chegamos!

A vida moderna mercantilizou-se tanto, que até a dor humana tornou-se objeto de comércio...


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