Plinio Corrêa de Oliveira

 

Comentando...
 
História do Brasil

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 5 de novembro de 1938, N. 321, pag. 2

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Na primeira sessão plenária do 3º. Congresso de História Nacional, que ora se realiza na capital do país [à época no Rio de Janeiro, n.d.c.], ficou decidido que se enviasse um ofício ao governo, pedindo que seja restabelecida a cadeira de História do Brasil nos programas oficiais.

Para que seja bem compreendida a resolução acima, é necessário que um fato inacreditável e inconcebível seja explicado: atualmente não se ensina História do Brasil nos colégios; a história nacional não é mais do que meia dúzia de pontos, se tanto, no meio do caudaloso programa de uma vaga e pretenciosa “História da Civilização”.

Semelhante fato é mais um fruto mirrado daquela famigerada mentalidade trombuda, de que já temos falado tantas vezes. No comentário do número anterior, vimos como os portadores dessa mentalidade concebem o casamento como um puro ajuste mecânico entre o homem e a mulher. No caso de hoje, este modo de ver se estende à toda a sociedade. A sociedade inteira é um grande mecanismo, e as pessoas que a compõem não passam de peças deste mesmo mecanismo.

Ora, que interesse há em se conhecer a história de um mecanismo? É de grande utilidade saber-se o pedigree de cavalos de corrida, mas de que serve conhecer-se o passado de uma colmeia?

Ora, aquela mentalidade quer reduzir a sociedade humana a uma colmeia. Para ela, toda a vida do homem se resume em comer, digerir, dormir, e gozar brutalmente de prazeres de segunda classe. Quem tem isto por ideal de vida precisa de conhecer história? Precisa de conhecer tradições nacionais, precisa de ligar-se à experiência moral de seu povo, à linha de vitalidade cultural da nacionalidade? Evidentemente não.

Os indivíduos que têm semelhante concepção da vida tendem, necessariamente, a constituir uma sociedade mecânica, burocrática, monótona, estúpida, medíocre, essencialmente sem história, porque uma tal sociedade giraria perpetuamente sobre si mesma, repetindo sempre as mesmas situações, assim como um relógio repete sempre as mesmas horas.

Porém, nós, católicos, não pensamos assim, não queremos isso. Contra aquela concepção horizontal, chata e quantitativa da vida e da sociedade, opomos a concepção vertical, intensa e qualitativa. Para nós, a vida individual ou social é algo de exuberante, de transbordante, uma floração que vem do passado, uma sementeira que fecundará o futuro, até que tudo se consume na plenitude do Reino de Deus.


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