Plinio Corrêa de Oliveira

 

Comentando...
 
A Basílica de Aparecida

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 25 de fevereiro de 1940, N. 389, pag. 2

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Conforme o LEGIONÁRIO já teve ocasião de anunciar oficialmente, é intenção do Sr. Arcebispo Metropolitano fazer erigir em Aparecida uma grande basílica, muito maior do que a atual, evidentemente acanhada e imprópria ao culto da Grande Padroeira Nacional. De acordo, muita gente há de dizer, é mesmo necessária uma igreja em que caibam alguns milhares de pessoas...

Só alguns milhares? As idéias de S. Excia. ainda são mais vastas. O Sr. Arcebispo pretende edificar um templo que possa abrigar algumas dezenas de milhares de peregrinos, e que, portanto, será um dos maiores do mundo. E não é só. Uma série de edifícios suplementares deverá ser levantada, para conventos, retiros e reuniões do Episcopado, sem contar elevadores para galgar a colina. A amplidão do projeto é bem digna de um sucessor de D. Duarte.

Mas por que preço? Não importa. É necessário que os brasileiros aprendam a fazer obras definitivas, não olhando para o âmbito estreito de uma só geração. Até hoje, salvo raras e honrosas exceções, temos vivido apenas da improvisação e do provisório. Já é tempo de realizarmos alguma coisa que fique, alguma coisa colocada “sub species aeternitatis”, que sirva ao seu objetivo enquanto o mundo for mundo, e não precise de ser substituída. Façamos, enfim, a grande experiência destas duas maravilhosas virtudes: a Magnanimidade e a Magnificência, que são dependências daquela outra, cardeal e excelsa, a Fortaleza.

Muito já se tem falado contra a falsa piedade sentimentalista, superficial e sem consistência. Passemos, agora, da teoria aos fatos.

É verdade que a piedade autêntica se caracteriza por uma Fé viva, robusta e esclarecida. Pois bem, a vivacidade da Fé se mede pelas obras. A realização do projeto em apreço vai exigir dinheiro, muito dinheiro. Vai ser preciso que os católicos mostrem o seu desapego e saibam dar a Deus o que a Deus pertence, e que, portanto, a Ele é devido. Muito especialmente é preciso que aquelas pessoas a quem Deus beneficiou com os bens de fortuna, não procedam como o Harpagão [personagem principal da peça teatral “O Avarento” de autoria do compositor francês] de Molière, que, ao ver que tinha sido roubado, exclamou: “Ah! Meu pobre dinheiro, meu pobre dinheiro, meu caro amigo, privaram-me de ti! E, pois, que me fostes roubado, eu perdi meu suporte, minha consolação, minha alegria; tudo acabou para mim, e eu já não tenho o que fazer no mundo! Sem ti, é-me impossível viver”.

Já se tornou um adágio a avareza de nossos ricaços. Mas sempre se tem a obrigação de esperar um milagre...


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