Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Propaganda espírita
 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 4 de maio de 1941, N. 451, pag. 2

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Prossegue a propaganda espírita visando, sobretudo, as classes populares. Propaganda sub-reptícia, insidiosa, capciosa. Temos sobre a mesa uma fórmula de admissão de sócio para um centro espírita, destinada aos empregados domésticos. Por que procura o espiritismo alastrar-se pelas camadas menos cultas da população?

Estas porções de nosso povo vem sendo trabalhadas, de há séculos, por toda espécie de abusões e crendices, originários da união do fetichismo africano ao indígena. Neste assunto, possuímos um folclore riquíssimo, um folclore tenebroso, povoado de seres monstruosos, que oprimiu a imaginação e a consciência de gerações e gerações, forçando-as a práticas ridículas, supersticiosas, pouco limpas e perigosas. Ora, este lastro secularmente acumulado e vivido de tradições fetichistas não pode ser abandonado de um momento para outro. As classes inferiores do povo se impregnam delas, e elas vivem uma existência subterrânea, na consciência popular, apesar de todo o progresso e de toda a obra educativa, já realizada. Entretanto, com o tempo, elas tenderão necessariamente a desaparecer, expelidas pela verdadeira civilização, e passarão a ser apenas lendas curiosas, e o objeto das pesquisas dos estudiosos.

É justamente este saneamento da imaginação popular que a propaganda espírita vem perturbar. Quando esta propaganda se dirige tão especialmente às classes baixas, tem por finalidade fazer um apelo a todo fetichismo adormecido nas consciências. É com o ressurgir dos velhos abusões que esta propaganda conta, é nisso que ela espera. E, por isto, tal propaganda é simplesmente nefasta, pois visa arrancar uma grande parte de nosso povo às realidades concretas da vida, para lançá-la nos devaneios escusos, mentirosos e envenenados da superstição.

Ainda que admitamos, para argumentar, a cerebrina distinção entre alto e baixo espiritismo, que pretende esta seita quando quer aproveitar-se da ignorância, da superstição e da ingenuidade popular para progredir? Se daí não resultar o mais insofismável “baixo” espiritismo, já não há mais lógica sobre a terra. Portanto, compete à Polícia coibir tal propaganda a fim de evitar o recrudescimento da “macumba”, do curandeirismo, e de outras aberrações semelhantes.


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