Plinio Corrêa de Oliveira

 

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No fundo...

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 5 de julho de 1942, N. 512, pag. 2

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Certa vez, conversando com certa pessoa, ouvimo-la dizer que os que cumprem pena na Penitenciária são bons, no fundo.

Ora, este é um problema que nos aflige, de uns tempos para cá: saber qual a profundidade sob a qual se aninha a bondade do gênero humano. Todo o mundo diz que todo o mundo é bom. Apenas, esta bondade não se vê, não se enxerga, não se apalpa; está no fundo. Mas, qual é o tamanho desta profundidade? Até onde será necessário descer para, afinal, encontrar esta gema preciosa e oculta, que se esconde tão avaramente? Algumas vezes até somos tentados a crer que ela se acha a próxima distância do imenso talento do Pacheco que, como todos sabem, também residia “no fundo”.

Evidentemente, esta bondade não está nos campos de concentração e, muito menos, em Sebastopol. Contudo, já ouvimos dizer que Hitler, no fundo, bem no fundo, guarda ainda um pouco de Fé, que professara na juventude; são tão vivazes, dizem, os sentimentos das primeiras idades. No fundo...

No fundo, é possível que tenham razão. Afinal, até os demônios creem em Deus e é muito verdade que a natureza demoníaca, considerada em si mesma, é coisa excelente, obra perfeita das mãos do Onipotente.

Ora, haverá profundidade maior do que a do Inferno? Estamos, portanto, diante de uma questão complexa. Recorramos, pois, ao Doutor Angélico. Na Suma Teológica, encontraremos (Ia.I Iae., q.109, art.2) afinal a bondade da natureza humana, no fundo onde a colocou o pecado: “Como a natureza humana não foi totalmente corrompida pelo pecado, de maneira a ficar privada de todo o bem da natureza humana, pode, ainda mesmo no estado de natureza corrompida, pela virtude de sua natureza, fazer algum bem particular (assim como edificar casas, plantar vinhas e outras coisas semelhantes).”

Afinal o resultado parece bem decepcionante. No fundo, tão no fundo, encontrar só isto? Parece pouco. Porém se se tiver em conta que o homem não pode praticar o bem perfeita e duradouramente sem a graça, e que a graça só é distribuída pela Igreja, não haverá motivo de estranheza.

Afinal, fora da Igreja não há salvação.

E, no fundo, o LEGIONÁRIO não será bom?


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