Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Os escudos do Congresso

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 11 de outubro de 1942, N. 531, pag. 2

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Que os regimes totalitários consigam realizar formidáveis manifestações coletivas e ainda mais formidáveis plebiscitos em que a unanimidade é a regra, não há que estranhar. A alma do totalitarismo são os [funcioná]rios de propaganda, que apoiem sua atividade persuasória, sobre processos científicos, técnicos e extremamente eficientes de conquista da opinião pública; e, além disso, sobre a persuasão muito mais eficiente técnica e científica da polícia política. Evidentemente toda facúndia inesgotável de Rosenberg seria muito mais estéril se não fosse fecundada pela Gestapo; sobre isso ninguém poderia ter dúvidas. Enfim, sob o regime nazista tudo é dirigido, até o entusiasmo.

O que será sempre um motivo de admiração é o movimento geral de entusiasmo que Igreja sempre levanta em torno de Si. A Igreja, que não promete vitórias terrenas; a Igreja, que não promete os prazeres deste mundo; a Igreja que jamais possuiu ministérios de propaganda; a Igreja, cuja doutrina parece antes destinada a causar repugnância à natureza humana decaída do que a aliciar os favores das multidões; é esta mesma Igreja Católica Apostólica Romana que, há vinte séculos, pela virtude do Espírito Santo, vem realizando este milagre de provocar as manifestações mais espontâneas e desinteressadas de afeto, de abnegação, e do mais sublime heroísmo. Bem Nosso Senhor disse que este mundo e seu príncipe estavam vencidos. Porque, contra todas as expectativas e cálculos puramente humanos, a Igreja aí está sempre em oposição ao mundo, e paradoxalmente sempre mais pujante e sempre senhora dos destinos da humanidade.

Ora, o Brasil tem sido testemunha deste fato singular e estupendo. Mesmo aqui em São Paulo poderíamos citar nestes últimos anos, o enterro de D. Duarte Leopoldo e Silva, a recepção ao Sr. Arcebispo Metropolitano, quando de sua posse, e a procissão triunfal que encerrou o Congresso Eucarístico, soberbas manifestações populares inteiramente desproporcionadas aos recursos de propaganda postos em prática. Mas, há ainda outro fato que pela sua absoluta espontaneidade não deve ficar no olvido: a permanência dos escudos do Congresso nas fachadas das casas, sem que isto fosse sequer insinuado por quem quer que seja, quando já se extinguiram os últimos ecos do magno certame. A mesma ideia brotou simultaneamente numa espécie de acordo tácito: ninguém retirou os escudos. Aliás, para honra do catolicismo brasileiro, é preciso que se diga que o acontecimento não é inédito. Em Belo Horizonte, por exemplo, a mesma coisa sucedeu, e até hoje ainda podem ser vistos na capital mineira os distintivos do II Congresso Eucarístico Nacional. Isto, certamente, são índices animadores da pujança da Igreja no Brasil.


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