Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

O Patrocínio de São José

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 14 de fevereiro de 1943, N. 549, pag. 2

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Por entre as figuras Patriarcais do Antigo Testamento surge majestosa e não menos cheia de mistérios a personalidade de São José, cuja missão devia refletir sobre o mundo cristianizado como um gigantesco padrão de glória e de patrocínio através das gerações futuras dealbadas (resplandecentes, n.d.c.) com os frutos opimos (ricos, n.d.c.) da Redenção.

Podemos confessar o mesmo, bem alto, publicar intemeratamente que São José é o íris de esperança a colorir-se na divindade de todas as virtudes cristãs, desde a brancura da castidade, à violeta da humildade, até o vermelho da caridade.

Sob esse aspecto e assim revestido, apresenta-se aclamado por todas as classes sociais como original típico de Patrono:

O Sacerdote tem-no por protetor e modelo, pois a vida íntima de São José com Jesus Cristo reflete-se na vida sacerdotal, cuja missão tão augusta e tão nobilitante é tratar com Jesus, tê-lo em suas mãos, custodiá-lo e oferece-lo aos fiéis. Quantas vezes não tem o sacerdote de peregrinar através de inóspitas estradas em demanda de novos Egitos para ocultar Jesus das sanhas de seus inimigos!...

Assim vai palmilhando o caminho árido de seu ministério, tendo como custódio, nesta vida agreste, o grande Patrono.

O pai de família toma São José por guia e orientador no desempenho cabal da árdua missão do lar, pois ele é o “domesticae vitae decus”.

Quanta virtude, que bem estar não pratica e não transparece na vida doméstica quando o ambiente do solar cristão é saturado de uma atmosfera de santidade e retidão, de fidelidade e de amor.

Ah! Se os pais de família hodiernos soubessem o segredo da vida realmente cristã pautariam seus atos pelos exemplos orientadores de São José. Qual a razão de tantas defecções e desordens na família, é porque não tomam por guia na vida do lar o grande Patrono.

O operário na sua operosidade quotidiana, tão árdua e tão agitada, deve toma-lo por original e bem acabado modelo de sua profissão, pois São José é o “exemplar opificum”.

Com que ânimo e resignação cristãs não levaria o operário o curso de sua vida tão laboriosa se soubesse pauta-la no de seu exemplar – São José – que também foi operário e santificou sua profissão de artista. Quanta desventura, quanto desânimo e mesmo desespero e desalento, no transcurso de sua vida quotidiana não venceria o operário se em dados momentos plenos de prementes angústias erguesse seus olhares com uma efusão de alma a São José, mas infelizmente não é assim!... Falta-lhe a formação do caráter e do sentimento religioso, razão porque naufraga no pélago agitado da vida.

A Santa Igreja põe-se também sob o manto de seu patrocínio, pois o grande pontífice da Imaculada, o Papa Pio IX, de gloriosa memória, proclamou-o Padroeiro Universal da Igreja Católica.

Nos mais infrenes perigos, que possa a Igreja arrostar, o auxílio, o amparo e a clemência de São José são admiravelmente sentidos.

Tamanha é sua valia na ação da Igreja, poderosa sua influência na vida dos fiéis que, ainda mais uma vez, a Igreja pela voz inspirada e soberana do brilhante pontífice Leão XIII, de grata lembrança, ordena e preceitua ao povo cristão que, por ocasião dos exercícios do mês do Rosário, recitem uma bem significativa e piedosa oração a São José.

Se é de tanta valia o Patrocínio do Grande Patriarca na Igreja e para com os fiéis e todas as classes sociais, é justo e ainda mais louvável que na terra de Santa Cruz, no nosso extremoso Brasil, seja especial e liturgicamente consagrado como dia Santo de guarda o dia 19 de março. Assim teremos a dita tão gloriosa de contemplarmos, em todos os templos das cidades e vias de nossas dioceses e Estados, representantes de todas as classes sociais, desde a criança, a juventude masculina, a feminina, até o mais velho, cumprindo o preceito da santificação do dia consagrado ao Glorioso Patrono.


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