Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Associação Cristã de Moços

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 2 de maio de 1943, N. 560, pag. 2

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De há muito vem este semanário combatendo a Associação Cristã de Moços. Aliás, nisto não estávamos sozinhos, mas éramos acompanhados por toda a imprensa católica. O maior perigo que a A. C. M. apresentava era o seu protestantismo encapotado, que iludiu não poucos católicos. O maior dever, portanto, do jornalismo católico consistia em desmascarar a A.C.M., em tornar patente a sua orientação protestante, em revelar aos olhos do público o verdadeiro significado da palavra “cristã”, quando precedida de um A. e seguida de um M. Assim, a deslealdade foi manifestada e o confusionismo foi desfeito.

Entretanto, se é verdade que o protestantismo da A.C.M. constitui um defeito mais do que suficiente para condená-la, é preciso não perder de vista que não é este o seu único mal. A A.C.M. inclui, em sua própria estrutura, um erro fundamental, erro muito característico da mentalidade protestante, do qual deriva a deslealdade, que tanto custou combater. É necessário, portanto, que o vigor que empregamos para tornar bem conhecido o protestantismo da A.C.M., não nos leve a desviar os olhos deste erro funestíssimo, que seria por si só bastante para condenar esta instituição, ainda que ela não fosse de inspiração, de orientação e de direção protestante.

Este erro é o interconfessionalismo. São interconfessionais as sociedades que, visando uma finalidade moral ou educativa, de qualquer ordem, admitem em seu seio indivíduos de todas as religiões e, mesmo, sem religião alguma, como acontece com a A.C.M.

Ora, a Santa Sé sempre se mostrou infensa às sociedades interconfessionais. Uma das principais razões por que Pio X, de santa memória, condenou em princípios do século o movimento do “Sillon”, que se alastrava na França, dando a impressão de um grande sucesso para a Igreja, foi o interconfessionalismo de tal movimento. Pelo contrário, Roma sempre louvou as associações que ostentam o seu caráter oficialmente católico, e, rejeitando todo interconfessionalismo, só admitem membros católicos. É o caso, por exemplo, da União Popular Católica de Viena, que foi elogiada porque não somente rejeita com energia toda doutrina ou tendência errada, principalmente em matéria social e política, e se declara totalmente estranha à ideia de introduzir, nestas regiões católicas, o sistema das sociedades interconfessionais, sociedades declaradas pelo Augusto Pontífice não ilícitas, sob condições precisas em países determinados, unicamente em vista de circunstâncias particulares em que se achem, como também reconhece além disso etc., etc.” (Carta a Mons. Piffl).

Por conseguinte, não queiramos nada do interconfessionalismo da A.C.M., que, se está de acordo com espírito protestante, não está de acordo com o espírito da Igreja, sempre sincero e leal, sem subterfúgios doutrinários e atitudes dúbias, mas que a tudo diz, sempre, “Sim, sim” ou “Não, não”, porque o que não é isto vem do demônio. Atenhamo-nos à definição clássica e tradicional de associação católica, que é uma associação feita por católicos, de católicos, para católicos.


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