Plinio Corrêa de Oliveira

 

Polônia

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 13 de junho de 1943, N. 566

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Um colaborador estrangeiro da “Folha da Manhã”, Sr. Walter Lippmam, escrevendo sobre o futuro da Polônia em correspondência datada de Nova York, expendeu acerca do futuro da Polônia algumas considerações, que se resumem no seguinte: a história polonesa não é senão uma série de lutas para manter sua independência contra os dois polos que irremediavelmente a comprimem, Rússia e Alemanha; procurando servir de fiel da balança entre estas duas grandes potências, e consolidar sua independência pela perpétua desinteligência entre suas poderosas vizinhas, a Polônia serviu de arena de luta para ambas, e, nos tratados de paz, seu esquartejamento foi o preço da reconciliação. De tudo isto decorreria que a Polônia precisaria experimentar uma nova política, consistente em servir à Rússia de estado-vassalo, auxiliando-a a conter, em perpétua sujeição, o povo teutônico; e o Sr. Lippmam insinua que a Rússia, livre de qualquer compromisso quanto à integridade da fronteira oriental polonesa, cortará para seu uso uma importante parcela do antigo território da Polônia, em compensação do que garantirá pelo menos as fronteiras ocidentais deste país. O Sr. Lippmam julga muito suportável a solução.

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“Quaerite primum regnum Dei, et haec omnia adjicientur vobis”. “Procurai antes de tudo o reino de Deus, e todas as coisas vos serão dadas por acréscimo”.

A esta regra não pode escapar a política internacional. Nela, também, devemos procurar, antes de tudo, o reino de Deus. E, assim, todas as nossas preocupações devem girar em torno da ideia de que a organização do mundo de pós-guerra deve tomar em consideração primordial as conveniências da expansão do reino de Deus, ou seja, a exaltação da Santa Igreja e a preservação dos povos católicos dentro do redil dos sucessores de São Pedro.

Não se pense que há nisto um unilateralismo rançoso, e que ignoramos que também os problemas étnicos e econômicos devem ser tomados em consideração. Falando em “importância primordial” não queremos dizer senão o contrário. A expressão indica que também outros fatores devem entrar em linha de conta, já que o primordial pressupõe necessariamente o secundário. O que afirmamos é que a Religião deve vir antes de tudo. E, se cremos no Evangelho, devemos reconhecer que as coisas materiais e secundárias só prosperarão na medida em que o reino de Deus florescer.

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A Polônia é católica, e nossa principal preocupação no que diz respeito a ela consiste em que lhe sejam propiciadas todas as circunstâncias necessárias à conservação de sua Fé. Esmagada entre a Prússia protestante e pagã e a Rússia ateia ou cismática, a Polônia deve contar com o apoio de todos os países católicos, para se manter independente. Por isto, a solução fleumaticamente aventada pelo Sr. Lippmam não nos satisfaz.

Para católicos, entregar uma parte da Polônia ao domínio soviético implica em atirar irmãos às feras. Por isto, não podemos aceitar qualquer ideia de partilha. Mas, sobretudo, desgosta-nos a perspectiva de ver a parte eventualmente independente da Polônia transformada em mero protetorado bolchevista. Para um católico, esta ideia é absolutamente insuportável.

Exceto para os católicos ingênuos, que acreditam na conversão do comunismo, e que, por estranho paradoxo, proclamam que a Igreja não está em oposição aos princípios sociais e econômicos do bolchevismo.


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