Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Quem está com o Papa?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 31 de outubro de 1943, N. 586, pag. 2

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O famigerado deão de Canterbury acaba de escrever um artigo indagando com quem está o Papa. E este homem, que não tem pejo de aderir abertamente ao comunismo, insinua malevolamente que o Sumo Pontífice estaria fazendo um jogo maquiavelicamente duplo. Nós sabemos perfeitamente - e o general Mikhailovich também o sabe – quem que é que está fazendo jogo duplo, e que grossa indecência vai sair daí. O deão de Canterbury também sabe, porque faz parte do jogo, e acha que esta manobra vale bem uma Polônia. Tudo isto está certo, porque o deão é protestante, e o protestantismo, desde os tempos de Kramer, é instrumento político: “cujus regio, ejus et religio” [os súditos seguem a religião do rei, n.d.c.].

O que não tem nenhum propósito é o cinismo com que o deão se põe farisaicamente a insultar o Sumo Pontífice. “Sapateiro, não vá além de seus tamancos”. Todo mundo honesto sabe com quem está o Papa: está com Jesus Cristo, de quem é Vigário, está com a Verdade. A questão importante é esta: quem está com o Papa?

Eis o verdadeiro problema. A mentalidade protestante acha que a religião há de ser sempre caudatária de alguma ideia, de alguma instituição, de algum homem. E, por isso, não pode ou não quer compreender que o Papa não se deixe enfeudar em algum dos partidos que hoje se disputam o domínio do mundo.

Ora, o Catolicismo não é trepadeira, que precisa enroscar-se a fortes pontos de apoio, para poder atingir o ar e a luz. O Catolicismo é um tronco pujante e ereto, que se apoia única e exclusivamente em si mesmo, e que serve do suporte a todas as coisas verdadeiramente boas que possam haver neste mundo. Papa, portanto, não pode ser chefiado; não se pode deixar chefiar por ninguém, porque ele é o Chefe. A Igreja não vai na esteira de nenhuma corrente filosófica, científica ou política; Ela não se alicerça em nenhum poder humano, mas Ela é detentora da Verdade suprema e tem por apoio a Omnipotência divina. Por isso o Papa, no caos presente, entre as torrentes caudalosas que tudo vão levando de roldão, é a cabeça firme no meio dos desvarios, é a consciência reta no meio dos Tartufos e dos intrigantes. As coisas e os homens são bons enquanto e na medida em que estão com o Papa. O deão de Canterbury não está com o Papa. Logo, o Deão de Canterbury não presta.

Estejamos com o Papa: este é o nosso dever de católicos; tenhamos sempre presente que a Igreja está essencialmente fundada sobre o único fundamento estável, e não esperemos senão na graça de Jesus Cristo, pois fora dEle não há salvação, eterna ou temporal. Estejamos com o Papa, pois quem não estiver com o Papa estará com o deão de Canterbury.


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