Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Ainda o "dogma"

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 18 de junho de 1944, N. 619, pag. 2

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Não faz muito, o LEGIONÁRIO teve ocasião de se manifestar acerca do ridículo “dogma” da infalibilidade de Maritain. Muita gente que muito pouco caso faz da palavra do Papa e da própria pessoa do Papa - o que se tornou patente na indiferença que manifestaram para com a situação até há bem pouco tempo aflitiva da Santa Sé - explodia de indignação ante qualquer restrição feita às idéias do “mestre”. Responderam-nos, porém, que não era bem assim, que ninguém queria achar que Maritain fosse infalível, e assim engrolaram algumas desculpas atrapalhadas.

Entretanto, o sr. Pedro Enout veio agora pelas colunas do “Diário” de Belo Horizonte, com umas idéias a respeito de Maritain, que, se não fazem deste filósofo uma autoridade infalível na Igreja, ficam por muito perto. Certamente, a Hierarquia Eclesiástica foi posta num chinelo.

Em suma, o sr. Pedro Enout afirmou o seguinte:

O Espírito de Verdade exige de nós uma doação total. Do mesmo modo, a democracia de Maritain também exige uma entrega total. Por isso mesmo, Maritain participa no Espírito de Verdade e de Sabedoria que é o Mestre único; e quem não percebe isto, confunde-o, a ele Maritain, com qualquer mestre burguês ou revolucionário, não compreendendo o sentido da sua democracia. Em consequência, seria traidor combater a sua doutrina com fogos florais, nem sempre, aliás, muito leais e generosos”. Isto é próprio do mundo, que não pode receber o Espírito de Verdade “porque não o vê e não o conhece” (Jo. 14, 17). Mas, aqueles que encontraram este espírito dentro da Igreja veem em Maritain o “irmão mais velho, que se alimenta conosco da mesma mesa que é mais perfeito do que nós na frequência da ciência do Espírito que assiduamente fala com Deus (sic) por meio de sua doutrina, repetindo e penetrando à medida do esforço e potencialidade humanas (sic), sua Palavra e sua Sabedoria.” Portanto, porque Maritain recebeu quanto é possível ao homem a participação do Espírito, podemos chamá-lo Mestre (com M maiúsculo). E porque isto se verifica em Maritain, confirma-se em nosso tempo, apesar das trevas que cobrem o mundo, aquela palavra de Cristo: “Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, VOS ENSINARÁ todas as coisas e vos lembrará tudo quanto vos disse (Jo., 14, 26)”. Apesar da confusão, “não estamos sem mestres”: há Maritain, o Mestre, para NOS ENSINAR todas as coisas.

Aí está o artigo do sr. Enout, visto quase precisamente de traz para diante, pois é o melhor modo de evidenciar o nexo lógico de suas idéias. Quem duvidar que o sr. Enout não tenha dito o que está lá em cima, é só ler o original que publicamos na íntegra. Para o sr. Enout, a assistência do Espírito Santo à Igreja não se verifica primordialmente no Papa e nos Bispos; é em Maritain, que fala com Deus e participa, na medida da potencialidade humana, de Sua Palavra e Sabedoria.

Confere!


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