Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Outra vez o malthusianismo clássico?

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 2 de setembro de 1945, N. 682, pag. 2

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Como se sabe Malthus, pastor protestante inglês e estudioso das questões econômicas, como consequência de suas pesquisas neste campo chegou à “lei” que lhe leva o nome e o tornou célebre. Esta pseudo-lei afirmava que, enquanto a população do mundo cresce em proporção geométrica (1:2:4:8 etc.), os recursos econômicos crescem apenas em proporção aritmética (1:2 :3:4 etc.). Assim sendo, a humanidade caminha célere, e inevitavelmente para uma terrível crise econômica de infra produção. Segundo Malthus, só havia um recurso para afastar esta perspectiva sombria: a redução do crescimento da humanidade, condicionando-a ao dos meios de produção, através do controle da natalidade, ou em outros termos a limitação dos filhos. Note-se, porém, que para atingir este objetivo, Malthus não recomendava quaisquer processos antinaturais, mas apenas, o controle de ordem moral.

Posteriormente, verificou-se que a chamada lei de Malthus não era verdadeira. Foi o contrário o que aconteceu, isto é, o desenvolvimento dos meios de produção foi muito maior do que as necessidades humanas, originando-se daí sérias crises econômicas de superprodução. Isto não impediu, entretanto, que surgisse um neo-malthusianismo, que não tinha mais nada que ver com as relações entre o crescimento da humanidade e o dos meios de produção, mas que, sob pretextos vários, propagava – e ainda propaga infelizmente com êxito crescente – a prática de métodos anticoncepcionais. Esta nova espécie de malthusianismo estimula o egoísmo e a sede de prazeres, dissociando inteiramente a vida matrimonial de sua finalidade primária, que é a procriação.

Agora, parece que ressurge o malthusianismo clássico. Um número recente da revista “7 dias (em revista)” – que por sinal tem o mesmo nome de uma tradicional seção desta folha, ligeiramente disfarçado – transmite-nos a notícia de que dois peritos norte-americanos publicaram um livro, em que afirmam que, a continuar o atual ritmo do desenvolvimento da humanidade, mesmo apesar das guerras e epidemias, logo o ecúmeno não terá recursos, suficientes para sustentá-la. E para obviar este mal será necessário empregar largamente a limitação da natalidade.

Parece-nos ousado que, após a tremenda crise de superprodução ainda de ontem e, principalmente, em face dos recursos inimagináveis e imprevisíveis que as pesquisas científicas desvendaram nesta guerra, ainda se queira ressuscitar a lei de Malthus.

Uma coisa porém é certa: não será violando a natureza humana e a lei divina que a humanidade conseguirá viver bem nesta terra. A experiência de todos os dias está mostrando que, quanto mais a humanidade se afasta de Deus, mais fundo se perde no labirinto dos problemas insolúveis, em que a vida se torna cada vez mais árida, mais triste, mais vil e menos humana.


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