Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

Comentando...
 
Falam os números

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 15 de setembro de 1946, N. 736, pag. 2

  Bookmark and Share

 

Os partidários do divórcio a vínculo são declamadores incorrigíveis. Os seus argumentos não são argumentos, são interjeições nervosas: “ahs!”, “ohs” “áha!”, “direito à felicidade”, e o resto é um murmúrio confuso, em que se percebe o ronronar primitivo de impulsos bárbaros. A sua mais alta produção foi um certo cartaz de propaganda, onde apareciam duas criaturas de maus bofes, com os sinais evidentes de doenças inconfessáveis, envolvidas por uma corrente. É assim que eles concebem o casamento.

Entretanto, os fatos insistem em não lhes dar razão. Ainda recentemente, o Serviço Nacional do Recenseamento baixou mais um comunicado, transmitindo novos resultados do Censo de 1940. Aí vemos a composição da população brasileira quanto ao estado civil. É a seguinte: solteiros, 27.177.242; casados, 12.236.256; separados, desquitados e divorciados 67.183; viúvos 1.722.019; estado conjugal não declarado 33.615.

Eis aí a realidade. Para 12.236.256 pessoas que vivem em sociedade matrimonial, sabendo não só apoiar-se reciprocamente, mas também suportar-se reciprocamente os defeitos, com a devida dose de espírito de sacrifício, sem a qual nada é possível neste mundo, encontramos apenas a proporção mínima de 67.183 separados, desquitados e divorciados. E ainda é preciso deduzir daí os casos em que a separação ou o desquite se impunham como necessidade, pois algumas vezes infelizmente assim acontece. E é preciso além do mais considerar que há muitos que embora mal sucedidos no matrimônio, nem por isso acham que o divórcio a vínculo seria a solução. Assim, o divórcio viria beneficiar um número menor do que o acima mencionado.

Como esta situação é diferente da que os divorcistas costumam pintar! A dar ouvido às lamúrias, dir-se-ia que as famílias são ergástulos, onde se ouve gemer todas as queixas, onde grassa o desespero e germinam todas as infelicidades. Se não vier o remédio do divórcio a vínculo, as famílias se transformarão em monturos, e assim, em nome da moral (!?) é preciso evitar este apodrecimento para que toda a sociedade não venha abaixo. No entanto no Brasil todo, só há 67.183 “separados, desquitados e divorciados”, contados um a um, e nem todos querem o divórcio. A família brasileira, graças a Deus, continua fiel às suas tradições cristãs, e ainda sabe praticar os árduos deveres inerentes à vida matrimonial. Os seus detratores, os que desejam a sua ruína, os amolecidos nos prazeres e incapazes de sacrifícios, para quem 12.236.256 de pessoas austeras e dignas são uma acusação perene e intolerável, calem a boca, e se convençam de que são uma ínfima minoria.


Bookmark and Share