Verdades Esquecidas

 

"Uma visão distorcida, mais política e ideológica do que religiosa, da história da evangelização no Brasil"

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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A D V E R T Ê N C I A

A utilidade da leitura dessas "Verdades esquecidas" - com as devidas adaptações - encontra-se ressaltada pelo Prof. Plinio em artigo de "Catolicismo" de abril de 1952: "É necessário que se ponham em foco as máximas que o demônio, o mundo e a carne procuram a todo momento relegar para segundo plano".

Discurso do Santo Padre no encontro com os representantes das comunidades indígenas do Brasil, Cuiabá, 16 de Outubro de 1991:

2. (...) Pouco antes de subir ao Céu, o Senhor Jesus, Deus feito homem e Salvador do mundo, “enviou os Apóstolos a todas as pessoas, a todas as nações e a todos os lugares da terra..., para manifestar e comunicar o amor de Deus a todos os homens e povos” (Redemptoris Missio, 31).

Seguindo este mandato de Cristo, ao longo de cinco séculos, inúmeros missionários entregaram a sua vida, sem medir sacrifícios, para levar aos povos indígenas do Brasil a alegre novidade, a Boa Nova da fé e do amor de Cristo.

A Igreja nunca deixará de repetir a todos os índios que Deus os ama, que Ele “deseja que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tm 2, 4), e que Jesus veio ao mundo para que todos “tenham vida e a tenham em abundância” (Jo. 10, 10). A Igreja, fiel ao Deus da vida, ama a vida de todos os homens e a promove com todas as suas forças. (...)

3. Ao mesmo tempo, sei que outros grupos indígenas têm a felicidade de estar entre os habitantes do Brasil que dispõem, proporcionalmente, das maiores extensões de terra deste país, de imensos territórios, que já eram morada dos seus ancestrais.

A eles queria recordar as palavras de Deus, que se encontram no começo da Bíblia: Deus pôs o homem na terra “para a submeter e dominar” com o seu trabalho, “para a cultivar e guardar” (Gn 1, 28; 2, 15). É um chamado e uma missão que Deus dá a todos os seus filhos, e que estou certo de que esses grupos indígenas não deixarão de acolher com amor e responsabilidade.

4. Dizia que Deus é o Deus da vida. Só Ele é o Senhor da vida e da morte. É preciso agradecer a vida como um dom divino, e lutar para que não haja nunca, por motivo algum, ações que signifiquem um desrespeito à vida própria ou à de outros, sejam eles homens ou mulheres, adultos ou crianças. Nenhum ser humano tem o direito de atentar contra a própria vida ou a de seu irmão. A vida é um dom de Deus!

Foi para anunciar aos povos indígenas esta Vida que é a “graça de Deus, fonte de salvação para todos os homens” (Tt 2, 11) que, desde os alvores da história do Brasil como Nação, milhares de missionários partiram de terras longínquas, deixaram sua pátria e suas famílias, e se consagraram, com uma abnegação sem limites, à evangelização dos índios do Brasil.

Trata-se de uma epopéia grandiosa, que, mesmo no meio de suas dificuldades e inevitáveis fraquezas humanas, merece a nossa admiração e nos leva a levantar o coração a Deus em ação de graças.

Sim, é justo, é justíssimo, prestar um preito de homenagem a todos os valorosos e sacrificados missionários que, ao longo de séculos, consumiram sua existência para que a mensagem salvadora de Cristo iluminasse os corações, as vidas e as culturas dos povos indígenas do Brasil. É realmente admirável verificar que, desde os começos, um grande número deles, seguindo o exemplo do Bem-aventurado José de Anchieta, souberam ter a clarividência de fazer o que hoje se propõe como ideal a todos os missionários: inserir a Igreja nas culturas dos povos, encarnar o Evangelho na vida e, ao mesmo tempo, introduzir a todos com as suas culturas, na própria comunidade da Igreja, transmitindo-lhes sua verdade, assumindo, sem comprometer de modo nenhum a especificidade e a integridade da fé cristã, o que de bom existe nessas culturas, e renovando-as a partir de dentro (Redemptoris Missio, 52).

Estes missionários, de ontem e de hoje, franciscanos, capuchinhos, salesianos, jesuítas, dominicanos, carmelitas, beneditinos e tantos outros, são um exemplo luminoso e perene. Não posso negar a grande dor que sinto ao ter conhecimento de que alguns poucos, inclusive alguns que deveriam ver neles o seu modelo, têm tentado denegri-los, com uma visão distorcida, mais política e ideológica do que religiosa, da história da evangelização no Brasil.

Há onze anos, em Manaus, dizia: “eu me ajoelho... diante de cada uma dessas figuras de missionários, homens como nós, com defeitos e fraquezas, engrandecidos, porém, pelo testemunho do dom pleno de si mesmos às missões” (Homilia em Manaus 7, 11 de julho de 1980). Hoje o Papa, o Sucessor de Pedro quer repetir espiritualmente, como sinal de amor e desagravo, as mesmas palavras e o mesmo gesto. Junto de Deus, na casa do Pai, uma legião de missionários já deve estar gozando da “alegria do seu Senhor” (Mt 25, 21), e, estou certo de que agora intercedem para que as bênçãos do Céu se derramem sobre os missionários de hoje e sobre os seus queridos índios.

5. Amados irmãos índios! (...) Tenham a certeza de que a Igreja está e continuará a estar a seu lado. Ela, que tem a missão de levar a todos os cantos da terra a palavra salvadora do Evangelho, será sempre para todos a servidora do Deus da vida, do Deus que quer para cada um uma vida plena nesta terra e, depois, uma vida de eterna felicidade no Céu.


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