[Os sublinhados e as palavras em maiúsculas são do original]
( I H S )
São Paulo, 14 – V – 1939
Meu caro Dr. Alceu,
Há muito tempo, que lhe devo uma explicação a respeito do relatório do Pe. Marcondes Nitch. Como lhe escrevi em minha última carta, este me prometeu fazer novo relatório, a fim de lho enviar. Entretanto, até hoje, a despeito de muita insistência minha, o relatório ainda não está concluído. Levei minha insistência até o limite que me foi possível, mas devo reconhecer que o Pe. Marcondes luta realmente com dificuldades de toda a ordem: a legislação foi profundamente reformada, e é confusa como tudo que sai do cérebro do Francisco Campos; de mais a mais, como professor de Seminário e Assistente de diversos setores da A.C., o Pe. Marcondes está realmente superlotado. Em todo o caso, como o Sr. pode facilmente imaginar, intervim com toda a minha boa vontade para solucionar o assunto. É possível que o tal relatório me chegue às mãos de um momento para outro, feito o que eu lho remeterei incontinenti.
Em uma revista dos PP. Dominicanos de Uberaba (o “Santo Rosário”, se não me engano), li uma notícia apresentada pelo Frei Tuzin como um “furo”. Segundo tal notícia, depois de alguma vacilação, o Sr. e o Sr. Cardeal teriam chegado à convicção de que seria necessário fazer uma Universidade Católica no Rio de Janeiro, para o que o Sr. Cardeal aproveitaria a oportunidade oferecida pelo próximo concílio. O Sr. compreende facilmente o extraordinário interesse que tal notícia poderia ter para os católicos de São Paulo, que a despeito da Faculdade de Filosofia daqui, sentem muito desejo de que o problema universitário católico seja resolvido quanto antes, com âmbito e projeção nacional. A notícia do Pe.Tauzin é absolutamente segura, ou teria este dado crédito a algum “consta”? Em hipótese afirmativa, é oportuno que também eu noticie qualquer coisa pelo “Legionário”? Peço-lhe que me envie com a possível urgência alguma informação a este respeito.
É verdade que o Sr. Cardeal entregou a “Cruz” aos PP. Paulinos, incumbindo-os de fazerem um diário católico?
Como vão todos os seus? O Jorge-Alceu já frequenta colégio?
Continua difícil uma viagem sua a São Paulo?
Com um afetuoso abraço, recomendo a suas orações o amigo muito sincero em Nosso Senhor
Plinio
Nota: Clique aqui para consultar a vasta correspondência entre o Prof. Plinio e Alceu de Amoroso LIma (Tristão de Athayde), de 1930-1939.