Carta de Dr. Plinio para Alceu Amoroso Lima, 16 de abril de 1936

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[Os sublinhados e as palavras em maiúsculas são do original]

 

( I H S )
São Paulo, 16 de abril de 1936
Meu  caro Dr. Alceu
Aproveitando uma tarde livre em que estou escrevendo cartas que de há muito deveriam já estar em mãos dos destinatários, aproveito para lhe enviar um saudoso abraço, e pedir notícias suas. Realmente, há muito tempo que não as tenho, exceto pelos jornais, que trazem constantemente artigos seus, prova de sua infatigável atividade. Seja dito, de passagem, que sua conferência sobre Educação e Comunismo teve aqui muita repercussão, e agradou enormemente.
Como vai a vida católica pelo Rio? Aqui, as coisas vão bem. Graças a Deus, o rádio católico parece finalmente maduro, e as irradiações de experiência já têm sido feitas, com muito êxito. A inauguração far-se-á dentro em breve. No Rio ouve-se bem nossa Rádio Anchieta?
Um assunto, de modo particular, me traz à sua presença. O LEGIONÁRIO está precisando de uma seção cinematográfica bem organizada. Não temos cronistas bons, e é tudo quanto há de mais difícil fazer uma crônica cinematográfica que não peque, nem pelo excesso de rigor, nem pelo excesso de indulgência. Por isto, lembramo-nos de entrar em entendimento com alguma entidade norte-americana ou europeia de cinema católico, a ver se poderíamos obter críticas antes de chagarem aqui os filmes. Tem o Sr. algum endereço que me comunicar, relativo a isto? Se o Sr. tiver algum conhecido dado a isto, poderia eu escrever-lhe em seu nome? Peço-lhe que me mande dizer algo a este respeito.
Como vão os seus? E Da. Carmen? Ela não bem mais a S. Paulo?
No Instituto Sedes Sapientiae, estou lecionando atualmente História da Civilização, e tive oportunidade de conhecer seu amigo J.R. Realmente, é muito simpático e interessante. Quero ver se, encontrando-o mais lá, consigo aproveitá-lo mais para nossas atividades religiosas, onde ele poderia prestar excelentes serviços.
Incluo nesta carta trinta mil réis, sendo vinte e cinco para a renovação de minha assinatura da “Ordem”, e cinco da “Vida” que, por sinal, tem estado notável, e tem causado aqui ótima impressão. A primeira impressão que dá sua leitura, é que ela justifica plenamente o título “Vida”, porque se vê que é feita por uma rapaziada que realmente tem vida, no sentido pleno da palavra.
Com um afetuoso e saudoso abraço, recomenda-se às suas orações
Plinio
N.B. É possível pensar-se em sua vinda a S. Paulo este ano? Quando, mais ou menos?
(escrito à mão) N.B. O dinheiro foi por intermédio de Da. C.B., que lho entregará.

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Nota: Clique aqui para consultar a vasta correspondência entre o Prof. Plinio e Alceu de Amoroso LIma (Tristão de Athayde), de 1930-1939.

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