São Paulo, 19 de novembro de 1936
Meu caro Dr. Alceu
Há muito tempo, estou para lhe escrever. Mas estive em grandes apuros, nestas últimas semanas, por causa de minhas aulas, que tive de ditar a um taquígrafo extremamente lerdo, no meu escritório, constituindo este trabalho uma verdadeira aula complementar. Some a isso o tempo necessário para preparar as lições, os afazeres relativos a “O Legionário”, que são cada vez mais numerosos e complexos, e o Sr. terá a razão do meu longo silêncio.
Tive o prazer de estar aqui com Da. Carmen. Encontrei-me casualmente com ela por duas vezes, na igreja de Santa Teresinha. Outra vez, estive com ela, também casualmente, na cidade. Por uma coincidência curiosa, eu fui visitá-la em casa de Zuleika, exatamente na mesma tarde, e quase na mesma hora, em que ela veio cá. Desencontramo-nos, portanto, e não pudemos conversar. Também Mamãe, que foi visitá-la, não teve o prazer de a encontrar.
Ela deixou com minha criada o recado de que seguiria Domingo. Domingo, portanto, eu telefonei para a casa de Zuleika, para indagar a que horas ela embarcaria. E, infelizmente, me informaram que ela tinha seguido de manhã, de automóvel. De certo que nem sequer eu me pude despedir dela.
Peço-lhe que explique à Da. Carmen estes desencontros, e lhe mande minhas recomendações.
Quanto à “Ordem”, vou agora aproveitar as férias para escrever alguma coisa. É vergonhoso notar-se como é rara a colaboração de S. Paulo na “Ordem”. Quanto ao que me toca, porém, não sou culpado, porque realmente não tenho tido o tempo necessário. Mas, seguramente escreverei alguma coisa agora.
Tenho muito desejo, como já lhe disse, de que o Sr. venha fazer algumas conferências aqui. Lembro-me de que até já tínhamos combinado algum plano para isto. Para quando poderia ser? Qual seria o assunto? Há muito tempo que não o ouvimos em São Paulo.
Dona Carmen disse-me que o Sr. anda adoentado. Será provavelmente alguma coisa sem importância; ao menos é o que desejo. Peço-lhe que me diga como vai agora.
Recomende-me aos seus e aceite um afetuoso abraço do
Plinio
Nota: Clique aqui para consultar a vasta correspondência entre o Prof. Plinio e Alceu de Amoroso LIma (Tristão de Athayde), de 1930-1939.