[Os sublinhados e as palavras em maiúsculas são do original]
( I H S )
São Paulo, Todos os Santos de 1938
Meu caro Dr. Alceu,
Escrevo-lhe rapidamente para lhe enviar a inclusa entrevista, que foi publicada no “Correio Paulistano” daqui, órgão do antigo P.R.P. atrás do qual está “camuflada” toda essa mesma corrente política, ora situacionista.
Os traços gerais da entrevista – aliás muito oportunos – estão conformes ao que conversamos por via telefônica. Entretanto, há algumas expressões que parecem não ter sido fielmente apanhadas pelo repórter. Não sei, também, se ele não terá acentuado, para proveito do P.R.P., o tom amistoso em relação ao governo. Evidentemente, este tom se impunha pelo próprio conteúdo da entrevista. Mas parece-me que foi mais acentuado do que o Sr. quereria. Sublinho a parte que me parece não corresponder ao seu pensamento e ao que o Sr. me disse sobre as Ordens [religiosas] estrangeiras. Pela redação dada à entrevista, tem-se a impressão de que o Sr. faz restrições às Ordens estrangeiras, o que, evidentemente, não seria seu intuito.
Por estar bem ciente de seu pensamento neste assunto, e porque não quereria que lhe fossem emprestadas palavras menos precisas do que de direito, é que tomo a liberdade de lhe propor uma outra entrevista, esta então para o “Legionário”. Fica ao seu critério desmentir o “Correio Paulistano”, ou simplesmente repetir os mesmos conceitos em outros termos. Em todo o caso, peço-lhe que me envie isto com grande urgência, para sair no próximo Domingo, ANTES DE 10 de NOVEMBRO. A entrevista deveria estar aqui ao mais tardar na sexta-feira cedo. Mas, quer o Sr. resolva mandar a entrevista, quer não, peço-lhe que me telefone logo que receber esta carta, a fim de que eu possa fazer convenientemente a paginação do “Legionário”, que começa na quinta-feira.
A este propósito devo lembrar-lhe de que, há perto de um ano, estamos à espera de um retrato seu, para nossa sala de redação. Quando virá? Não seria esta uma ocasião propícia para podermos também publicar seu retrato no jornal juntamente com a entrevista?
Seria difícil obter também uma fotografia a respeito da chegada do Sr. Cardeal? Esta fotografia, se possível, deveria estar aqui na quinta-feira.
Como chegou de saúde o Sr. Cardeal?
E como vão os seus? Recomendo-me a eles, aceite para si um abraço de
Plinio
P.S. Muito grato por seu artigo sobre Jackson.
Nota: Clique aqui para consultar a vasta correspondência entre o Prof. Plinio e Alceu de Amoroso LIma (Tristão de Athayde), de 1930-1939.