[Os sublinhados e as palavras em maiúsculas são do original]
(I H S )
São Paulo, 2 de janeiro de 1936
Meu caro Dr. Alceu
Um saudoso abraço, com votos de feliz ano novo, extensivos aos seus.
Recebi sua última carta, que muito agradeço. Peço-lhe que não faça comigo a mínima cerimônia. Realmente, suas ocupações são muito absorventes, e contrariar-me-ia verificar que o Sr. se está impondo qualquer sacrifício, para manter mais assiduamente nossa correspondência. Ponha e disponha, como com um velho amigo.
Quanto ao que me pergunta sobre a Universidade aqui, a questão é delicadíssima. Não temos qualquer infiltração comunista declarada, por parte dos lentes, embora haja muito simpatizante encapotado, inclusive toda a “clique” do Anysio, Fernando de Azevedo etc.
O problema mais importante na Universidade de S. Paulo é a orientação da Escola de Filosofia pertencente ao Instituto de Ciências. Se ela tomar uma orientação anticatólica, como tudo indica, poderá fazer à Escola de São Bento uma séria concorrência, a contribuir muito para desorientar os espíritos. O Alexandre Correia, que está aí, poderá dar-lhe informações muito mais precisas.
A Universidade Paulista está descambando para uma mania de exterioridades pasmosa. Querem introduzir o uso das capas tradicionais, para os estudantes, e o Macedo Soares mandou ofertar 80 gratuitas, a 1.000 cada uma! Ao mesmo tempo, cogita-se de regulamentar as becas dos professores, quanto a cores e formas. Fiz os desenhos. Cada instituto terá beca própria com cores distintivas, capelos pomposos etc. O colar do Reitor, que se destina a enfeitar o Porchat, ao que me disseram, custará 25:000 de réis!
Com um afetuoso abraço, recomenda-se às suas orações,
Muito seu, em Nossa Senhora
Plinio
Nota: Clique aqui para consultar a vasta correspondência entre o Prof. Plinio e Alceu de Amoroso LIma (Tristão de Athayde), de 1930-1939.