Depois do fracasso de dez estrondos publicitários, singular tentativa de “implodir” a TFP

EDIÇÕES BRASIL DE AMANHÃ
Rua Javaés 681 – São Paulo
Impressão e acabamento
Artpress – Papéis e Artes Gráficas Ltda.
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s/d (1989)
Pags. 160 a 164
Depois do fracasso de dez estrondos publicitários, singular tentativa de “implodir” a TFP

A 15 DE AGOSTO de 1984, os leitores da “Folha de S. Paulo” puderam ver, sem dúvida com certa surpresa, uma chamada de primeira página com os dizeres: Dissidência na TFP causa crise interna (39).

(39) Ver, no mesmo dia, também na “Folha da Tarde” (São Paulo).

Em outra página da mesma edição, em matéria assinada por João Vitor Strauss, “em um texto balburdiado por gracejos, debiques e insolências” (40), se procura apresentar a entidade como enleada em uma crise terrível, causada por certo “dissidente”, o qual teria feito revelações sensacionais sobre ela.

(40) Da defesa da TFP, “Folha de S. Paulo”, 16 e 17-8-84.

Quem era esse dissidente, e quais essas revelações? Para respondê-lo, cumpre recuar até meados de 1983. Naquela época, o sr. Orlando Fedeli enviou ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira uma carta em que anunciava sua ruptura com a TFP (41) e enumerava os argumentos em que a fundava. A essa carta juntou duas outras, escritas anteriormente, mas que não chegara a enviar.

(41) Datada de 31-5-83.

O conjunto das três missivas perfazia o total de 63 páginas (mais anexos), nas quais se lê, ao lado de pesadas injúrias em estilo declamatório, a descrição de fatos que alegava terem ocorrido no seio da TFP, acompanhada de comentários do autor. Afirmavam essencialmente aquelas cartas que, na entidade, se professaria às ocultas uma religião estranha, consistente em prestar culto ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e à sua progenitora, Da. Lucília R. Corrêa de Oliveira. As devoções tributadas a Nosso Senhor Jesus Cristo e a Nossa Senhora não seriam senão paraventos para tal culto. Essa acusação totalmente fantasiosa resultava de suposições gratuitas, por sua vez baseadas em argumentos infundados, construídos sobre pequenos fatos reais uns, outros não, arbitrariamente conectados entre si pelo missivista.

Tais cartas desfechavam nas gravíssimas acusações de que seriam professados em setores da TFP erros contra a Fé (42), e se realizariam práticas religiosas em contravenção ao Direito Canônico (43).

(42) Carta de 31-5-83, p. 21.

(43) Id., pp. 21 e 26.

A TFP colocou atenção em tais críticas, não porque tivessem algum apoio em provas válidas ou se baseassem em argumentações concludentes, nem ainda por sua repercussão, mas pela intrínseca gravidade da acusação, especialmente no tocante à ortodoxia e à correção do procedimento dos sócios e cooperadores da entidade face às leis da Igreja.

Assim sendo, alguns sócios da TFP tomaram a iniciativa de oferecer à entidade estudos em defesa da mesma. Resultou daí uma refutação frontal, meticulosa, clara e sobretudo rigorosamente conforme a todos os princípios teológicos, morais e canônicos da Igreja, concernentes à matéria em foco.

Os estudos em apreço foram publicados no livro Refutação da TFP a uma investida frustra, em dois volumes (Edição da TFP, São Paulo, vol. I, junho de 1984, 497 pp.; vol. II, julho de 1984, 453 pp.), de autoria de uma comissão de doutos e dedicados sócios da TFP, srs. Antonio Augusto Borelli Machado, Atila Sinke Guimarães, Gustavo Antonio Solimeo e João S. Clá Dias.

primeiro volume tomou por base autores antigos e contemporâneos do melhor quilate, como o Cardeal Charles Journet, de fama mundial, o Pe. Antonio Royo Marin, O.P., eminente teólogo da célebre Pontifícia Faculdade do Colégio de San Esteban em Salamanca, o Pe. Arturo Alonso Lobo, O.P., catedrático de Direito Canônico da Universidade Pontifícia de Salamanca, e muitos outros teólogos, moralistas e canonistas do mundo inteiro.

segundo volume contém episódios extraídos de biografias de Santos, providas do competente imprimatur, e que confirmam, pelos exemplos daqueles que a Igreja elevou à honra dos altares, quanto é ortodoxo e digno de aplauso o procedimento da TFP nas matérias tratadas pelo sr. Orlando Fedeli. Ao todo, 470 citações.

Como se isto não bastasse, a TFP submeteu sua refutação à acurada análise de um dos maiores teólogos contemporâneos, o justamente célebre Pe. Victorino Rodríguez y Rodriguez, O.P., autor de mais de 200 ensaios e estudos de renome sobre teologia, ex-professor da Faculdade Teológica de San Esteban e da Universidade Pontifícia de Salamanca, e hoje prior do Mosteiro de São Domingos el Real, de Madrid, professor contratado do Conselho Superior de Investigações Científicas e Ordinário da Pontifícia Academia Romana de Teologia.

O Pe. Victorino Rodríguez, depois de detida leitura e análise do texto que lhe era submetido à apreciação, e também das três cartas do sr. O.F., exarou um parecer inteiramente favorável às referidas refutações, do qual é de salientar o seguinte tópico: “A resposta, a meu ver, atinge plenamente o seu objetivo: responde de modo adequado às pretensas acusações, com argumentação cristalina e eficaz, a partir de pressupostos teológico-canônicos bem assumidos e da reconstrução de circunstâncias subjetivas e objetivas que serviram de pretexto às denúncias. – Não encontrei nenhum erro teológico, moral ou canônico, ou de qualquer outro ponto de vista concernente aos ensinamentos e às práticas da Santa Igreja Católica Apostólica e Romana”.

Assim, só restava à TFP dar conhecimento dessa refutação às pessoas que, dentro e fora dos quadros da entidade, estavam ao corrente do tema.

*     *     *

Esse era o estado da questão quando a “Folha de S. Paulo”, por meio da matéria já citada, trouxe o assunto a público.

O mesmo diário estampou a réplica da entidade nos dias subseqüentes (44). Seus termos iam diretamente ao âmago da questão: o sr. O.F. está colocado diante da seguinte alternativa: ou aceitar taxativamente a réplica da TFP, tão prestigiosamente aprovada pelo ilustre teólogo Pe. Victorino Rodriguez, O.P., ou retrucar a esta no nível de seriedade e elevação que ela merece.

(44) Cfr. “Folha de S. Paulo”, 16 e 17-8-84; e “Folha da Tarde”, São Paulo, 16-8-84.

Por outro lado, o comunicado da entidade colocava os pingos nos “ii” a respeito da “cisão” apregoada euforicamente pelo jornalista João V. Strauss: “Ao se afastar da TFP, o prof. Orlando Fedeli foi seguido tão-só por 14 cooperadores, que assim deixaram intacta a grande maioria coesa e descontraída dos sócios e cooperadores da TFP: cerca de 1.200, em confronto com os quais o grupinho do sr. O. F. é como uma migalha que se destaca de um bolo sem com isto cindi-lo, nem fracioná-lo”.

Simultaneamente, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira escreveu carta à “Folha de S. Paulo” protestando contra “o modo irreverente, deselegante, eu quase diria soez” com que a matéria do sr. J. V. Strauss se referiu à memória de sua venerada progenitora, Da. Lucilia R. Corrêa de Oliveira. Tendo o matutino acolhido em suas páginas o protesto sem nenhum comentário restritivo, o incidente foi dado por encerrado pela TFP (45).

(45) “Folha de S. Paulo”, 17-8-84.

O ex-cooperador da TFP, entretanto, por meio da seção “A Palavra do Leitor”, do mesmo matutino, se obstinou em não se reconhecer derrotado (46).

(46) Cfr. “Folha de S. Paulo”, 23-8-84.

Assim, a controvérsia levantada pelo sr. O.F. assumiu, desde o primeiro momento, um modelo próprio e perfeitamente definido, o qual não variou ao longo dos diversos lances de que se compôs. As pessoas que se interessaram pelo assunto puderam notar:

– De um lado a TFP, cobrando os argumentos que justificassem as pesadíssimas acusações de heterodoxia e transgressão do Direito Canônico, elaborando com paciência o edifício de suas razões, consultando teólogos afamados e pedindo que, se nessa massa de argumentos houvesse algum erro, fosse este apontado (47);

(47) Cfr. “Folha de S. Paulo”, 16 e 17-8-84; “Folha da Tarde”, São Paulo, 16-8-84; “Folha de S. Paulo”, 19-8-84; “Folha da Tarde”, São Paulo, 20-8-84; “Folha de S. Paulo”, 28-8-84.

– De outro lado o ex-cooperador, esquivando-se, sob diversos pretextos, de entrar no mérito da defesa da TFP  – como por exemplo afirmando “não ser filósofo nem teólogo” (48) – não fundamentando nem retirando sua acusação inicial de heterodoxia e procurando turvar as águas com a repetição das mesmas acusações, apresentadas em um tom de exacerbação crescente e fortemente condimentadas com injúrias, grosserias e tiradas jocosas (49).

(48) “Folha de S. Paulo”, 31-8-84.

(49) Cfr. “Folha de S. Paulo”, 19-8-84; “Folha da Tarde”, São Paulo, 20-8-84; “Veja”, 22-8-84; “Folha de S. Paulo”, 23 e 31-8-84; “Isto É”, São Paulo, 5-9-84.

Por isso, o público sentiu que o qualificativo de “controvérsia-realejo”, com que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira qualificou a seguir essa polêmica, estava perfeitamente ajustado à realidade. Disse na ocasião o Presidente do Conselho Nacional da TFP: “Só consentirei em voltar ao assunto no dia em que tenha diante dos olhos uma refutação argumentada com seriedade e riqueza de substância proporcionadas com a altura dos teólogos, moralistas e canonistas célebres em que o livro da TFP se baseia” (50). O sr. O. Fedeli respondeu prometendo publicar um livro sobre o assunto (51). Decorridos quatro anos, do livro saíram apenas dois capítulos, em forma de tablóide, com a monótona repetição do mesmo realejo, e sem apresentar argumentação consistente.

(50) Voltando as costas a uma controvérsia-realejo, era o título da matéria publicada pela TFP na “Folha de S. Paulo” de 28-8-84.

(51) Cfr. “Folha de S. Paulo”, 31-8- 84.

Em março de 1985, o sr. Giulio Folena, em duas páginas de um jornal de Campos (RJ), saía em socorro do sr. Orlando Fedeli (52), dando a impressão de ignorar a ampla e vitoriosa defesa da entidade, e pretendendo com novas “revelações” sustentar que a TFP não teria uma orientação verdadeiramente católica. Pelo contrário, constituiria uma sociedade secreta, cujos integrantes se consagrariam ao fundador da TFP como verdadeiros escravos.

(52) “Folha da Manhã”, 14-3-85.

A matéria publicada pelo sr. G. Folena repercutiu, já no dia seguinte, em jornais da capital paulista (53). Parecia que voltava a funcionar o mecanismo publicitário periodicamente acionado contra a TFP.

(53) “Folha de S. Paulo”, “Folha da Tarde” e “Jornal da  Tarde”.

A elucidação cabal do assunto foi realizada por esta Sociedade em outro livro, o qual mostrava que o que havia de real na acusação do sr. G. Folena era coisa perfeitamente lícita, isto é, a escravidão por amor (servitudo ex caritate) à Santíssima Virgem, ensinada por São Luís Maria Grignion de Montfort (1673-1716) e recomendada enfaticamente por Santos e por Papas – inclusive pelo atual Pontífice João Paulo II. Trata-se, pois, de uma escravidão puramente espiritual, que nada tem a ver com a escravidão dos povos pagãos, ou com a triste condição dos negros no Brasil, antes da Lei Áurea. O livro-defesa da TFP intitulou-se Servitudo ex caritale (54), e foi escrito pelo sócio sr. Atila Sinke Guimarães. Com segurança doutrinária e fartamente apoiado em citações, o autor expôs o fundamento teológico da escravidão por amor à Santíssima Virgem, tal como é posta em prática na TFP. O novo livro contou igualmente com a prestigiosa aprovação escrita do Pe. Victorino Rodriguez:

(54) Edição Artpress, São Paulo, 1985, 302 pp.

“Nesse livro, elucidativo de matéria elevada e cuja leitura pode fazer bem a muitas almas, não encontrei nenhum erro teológico, ético ou canônico, nem incorreções de qualquer outro ponto de vista concernente aos ensinamentos e práticas da Santa Igreja Católica, Apostólica e Romana”, declarou o ilustrado consultor.

A obra continha, ainda, dois pareceres – um do Pe. Arturo Alonso Lobo, O.P., e outro do mesmo Pe. Victorino Rodriguez, O.P. – ambos versando especificamente sobre uma forma de escravidão a Maria Santíssima que se praticou na TFP em tempos remotos, na qual se tomava como intermediário o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Os pareceres declararam  inteiramente lícita e recomendável essa prática, que era precisamente o objetivo dos ataques do sr. Giulio Folena (**).

(**) O próprio Sr. G. Folena de certo modo atestou o caráter vitorioso da réplica da TFP. No livro que, algum tempo depois, escreveu sobre o mesmo tema (Escravos do Profeta, EMW Editores, São Paulo, 1987, 193  pp.) refere-se sempre de maneira esquiva aos diversos livros e outros documentos que contém a defesa de entidade, e descamba para o gênero folhetinesco, acumulando em seu texto uma torrencial massa de insultos, chanchadas e até calúnias. Por essa razão, a obra teve tão escassa repercussão, que a TFP desdenhou de a refutar.

*     *     *

Assim se deu, pois, a vitória da TFP face a mais um estrondo publicitário, o 11° de sua caminhada em defenda civilização cristã (55).

(55) A defesa da TFP em face dos ataques que recebeu não se limitou à publicação dos dois livros mencionados.  Ela divulgou ainda, pela imprensa, os seguintes comunicados, nos quais a posição da entidade é perfeitamente esclarecida: 1. A TFP afirma sua posição doutrinária e interpela opositor (“Folha de S. Paulo”,  17-8-84; 2. TFP explica culto com base em fundamentos teológicos (“Monitor Campista”, Campos (RJ), 23-8-84 – título da redação); 3. Voltando as costas a uma controvérsia-realejo (“Folha de S. Paulo”, 28-8-84); 4. Fanatismo anti-TFP (“Jornal da Tarde”, São Paulo,  1°-10-84); 5. Organização deseja tempo para responder (“Folha de S. Paulo”, 16-3-85 – título da redação); 6. TFP esclarece (“Folha de S. Paulo”, 19-3-85 – título da redação); 7. Sobranceira e serena, a TFP enfrenta o XI estrondo publicitário (“Folha de S. Paulo”, 26-3-85); 8. Controvérsia: só com objetividade, elevação e densidade doutrinária (“Folha de S. Paulo”, 9-5-85).

Além das publicações já mencionadas, o XI Estrondo Publicitário alcançou repercussão nos seguintes órgãos de comunicação social: “Cidade de Santos” (SP), 16-8-84; “Diário do Povo”, Campinas (SP), 17-8-84; “Indústria e Comércio”, Curitiba, 17-8-84; “Diário do Pará”, Belém, 22-8-84; “Jornal da Tarde”, São Paulo, 27-8-84 e 4-9-84; “Folha de S. Paulo”, 23 e 31-8-84 e 6-9-84; “Isto É”, São Paulo, 5-9-84; “O Estado”, Florianópolis, 9-9-84; “Folha da Tarde”, São Paulo, 11-9-84; “Última Hora”, Rio de Janeiro, 12-9-84; “Jornal de Brasília”, 15-9-84; “Isto É”, 19 e 26-9-84; “Folha de S. Paulo”, 1°-12-84, 13-12-84 e 14-12-84; “Jornal do Brasil”, Rio de Janeiro, 30-12-84; “Radio Continental”, Campos (RJ), 14-3-85; “Folha da Manhã”, Campos (RJ), 16-3-85 e 17-3-85; “Gazeta do Povo”, Curitiba, 17-3-85; “Diário de Mogi”, Mogi das Cruzes (SP), 17-3-85; “Diário do Pará”, Belém, 19-3-85; “Folha da Tarde”, São Paulo, 19-3-85; “Folha da Manhã”, Campos (RJ), 20-3-85; “Folha de S. Paulo”, 20-3-85; “Monitor Campista”, Campos (RJ), 20-3-85; “Última Hora”, Rio de Janeiro, 21-3-85; “Noticias de Itaquera”, São Paulo, 23 a 29-3-85; “O Estado do Rio”, Campos (RJ), 23 a 29-3-85; “TV Manchete”, 24 e 31-3-85; “Diário de Pernambuco”, Recife, 24-3-85; “Folha de S. Paulo”, “O Dia”, Rio de Janeiro, e “O Estado de S. Paulo”, 24-3-85; “Folha de S. Paulo”, 25-3-85; “Diário do Pará”, Belém, 28-3-85; “Folha da Tarde”, São Paulo, 28-3-85; “Diário do Pará”, Belém, 31-3-85; “Folha de S. Paulo”, 31-3-85 e “A Província do Pará”, Belém, 26-4-85.

Já ia esse caso mergulhando nas brumas do passado, quando começaram a circular rumores de que a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), reunida em Itaici para sua 23a. Assembléia Geral, iria fazer um pronunciamento sobre a TFP. E, com efeito, esse pronunciamento veio sob a forma de uma nota, vazada nos seguintes termos:

É “notória a falta de comunhão da TFP (Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade) com a Igreja no Brasil, sua hierarquia e o Santo Padre. O seu caráter esotérico, o fanatismo religioso, o culto prestado à personalidade de seu chefe e progenitora, a utilização abusiva do nome de Maria Santíssima, conforme notícias veiculadas, não podem de forma alguma merecer a aprovação do Igreja.

“Lamentamos os inconvenientes decorrentes de uma sociedade civil que se manifesta como entidade religiosa católica, sem ligação com os legítimos pastores.

“Sendo assim, os bispos do Brasil exortam os católicos a não se inscreverem na TFP e a não colaborarem com ela” (“Folha de S. Paulo”, 20-4-85 – grifos nossos) (56).

(56) Publicaram a nota da CNBB: “Folha de S. Paulo”, “Folha da Tarde”, São Paulo; “Jornal da Tarde”, São Paulo, “Jornal do Brasil”, Rio de Janeiro; “O Globo”, Rio de Janeiro; “O Estado de S. Paulo”, “Correio Popular”, Campinas (SP), todos no dia 20-4-85; “Diário do Povo”, Campinas (SP), 21-4-85; “Centro Informativo Católico” (CIC), 23-4-85; “O São Paulo”, 26-4 a 2-5-85; “A Noticia”, Campos (RJ) e “Voz de Nazaré”, ambos em 28-4-85.

Essa nota da CNBB não chegou a impressionar a opinião católica, por ser completamente carente dos predicados necessários para tal.

A CNBB alega que é “notória” a falta de comunhão da TFP com a Igreja no Brasil, sua Hierarquia e o Santo Padre. Ora, essa notoriedade é inexistente. É bem verdade que a Sociedade tomou atitudes que exprimem um desacordo com certas autoridades eclesiásticas brasileiras, por considerar que elas preparam, de fato, o caminho para o socialismo e para o comunismo.

Mas tais atitudes da entidade em nada transgrediram o Direito Canônico. E por isso, também em nada lesaram ou debilitaram a comunhão da TFP com a Sagrada Hierarquia.

Tão-só de passagem, é o caso de registrar a esse propósito que, poucos dias depois, tendo Frei Leonardo Boff sido suavemente punido pela Santa Sé, 17 Arcebispos e Bispos brasileiros se declararam expressamente “inconformes” com a medida (57). Mas a CNBB nada fez para desaprovar tão notória, e, no caso, real, “falta de comunhão” com S.S. João Paulo II.

(57) 1. D. Sinésio Bohn, Bispo de Novo Hamburgo (RS) (cfr. “O Estado de S. Paulo”, 10-5-85); 2. D. Fernando Gomes dos Santos, Arcebispo de Goiânia (cfr. “Folha de S. Paulo”, 15-5-85); 3. D. Augusto Alves da Rocha, Bispo de Picos (PI) (cfr. “Folha de S. Paulo”, 11-5-85); 4. D. Pompeu Bezerra Bessa, Bispo de Limoeiro do Norte (CE) (cfr. “Folha de S. Paulo”, 11-5-85); 5. D. Antonio Possamai, Bispo de Ji-Paraná (RO) (cfr. “Folha de S. Paulo”, 11-5-85); 6. D. José Gomes, Bispo de Chapecó (SC) (cfr. “Folha de S. Paulo”, 11 e 16-5-85); 7. D. Pedro Casaldáliga, Bispo de São Félix do Araguaia (GO) (cfr. “Folha de S. Paulo”, 10, 11 e 16-5-85); 8. D. Tomás Balduino, Bispo de Goiás Velho (cfr. “Folha de S. Paulo”, 11-5-85); 9. D. Celso Pereira de Almeida, Bispo de Porto Nacional (GO) (cfr. “Folha de S. Paulo”, 11-5-85); 10. D. Antonio Batista Fragoso, Bispo de Crateús (CE) (cfr. “Folha de S. Paulo”, 11-5-85 e “Jornal do Brasil”, 14-5-85); 11. D. Aparecido José Dias, Bispo de Registro (SP) (cfr. “Folha de S. Paulo”, 11-5-85); 12. D. Mauro Morelli, Bispo de Duque de Caxias (RJ) (cfr. “Folha de S. Paulo”, 13-5-85); 13. D. Quirino Adolfo Schmitz, Bispo de Teófilo Otoni (MG) (cfr. “Jornal do Brasil”, 13-5-85); 14. D. Adriano Hypólito, Bispo de Nova lguaçu (RJ) (cfr. “Folha de S. Paulo”, 14-5-85); 15. D. Fernando Figueiredo, Bispo-coadjutor de Teófilo Otoni (MG) (cfr. “Folha de S. Paulo”, 14-5-85); 16. D. Orlando Dotti, Bispo-coadjutor de Vacaria (RS) (cfr. “Folha de S. Paulo”, 14-5-85); 17. D. Jorge Marskel, Bispo de ltacoatiara (AM) (cfr. “Folha de S. Paulo”, 20-5-85).

Dois pesos e duas medidas…

No dia 23 de abril, a TFP divulgou seu comentário a respeito da nota da CNBB, um comentário sereno, objetivo, e verdadeiramente eficaz para a salvaguarda da sua própria reputação. Estava ele vazado nos seguintes termos:

“À TFP custou crer que o texto da nota da CNBB, publicada por ‘O Estado de S. Paulo’ em sua edição de 20 do corrente, exprimisse realmente o pensamento do ilustre órgão episcopal. Tal é, no texto, o acúmulo de  afirmações carentes de realidade, bem como de apreciações unilaterais e apaixonadas.

“A TFP não renuncia à eventualidade de ainda fazer uma  análise mais pormenorizada do pronunciamento da CNBB. Se ela o fizer, será, entretanto, fiel a sua inquebrantável tradição. Isto é, prestará à Autoridade eclesiástica toda a medida de respeito e de obediência preceituada pelo Direito Canônico, às entidades cívicas de inspiração católica.

“Desde já afirma a TFP estar, como sempre esteve, disposta a acatar a vigilância da Sagrada Hierarquia no concernente à Fé e aos bons costumes.

“Se a CNBB considera que a TFP emitiu algum conceito heterodoxo, ou praticou uma só ação que seja, na linha do comunicado de ontem, queira especificar qual: a TFP, sem dúvida, acatará o reparo desde que provada a autenticidade do erro ou a iliceidade da ação imputada.

“Entretanto, por um imperativo de justiça, não pode ela aceitar como válidas acusações vagas e genéricas como as – tão graves – do texto da CNBB. É indispensável especificar fatos e exibir provas.

“A enumeração de tais fatos e provas, a TFP aguarda, pois, com a consciência absolutamente tranqüila. E, ademais, disposta a defender sua honra perante a opinião pública, em toda a extensão do legítimo e do necessário. E isto ainda quando – oh dor! – tal defesa deva exercer-se em relação a sagrados Pastores. – Paulo Corrêa de Brito Filho, Diretor de Imprensa da TFP” (58).

(58) “Folha de S. Paulo” e “Jornal da Tarde”, São Paulo, 23-4-85; “O Estado de S. Paulo”, 24-4-85; “A Cidade”, Campos (RJ), 29-4-85. O “Jornal do Brasil” publicou um resumo em 22-4-85.

O desfecho foi o de todos os estrondos publicitários contra a TFP: o assunto, por falta de consistência, caiu no desinteresse geral.

Esse desinteresse não foi rompido pela publicação, no Boletim da Diocese de Santos (SP) (59), e na revista “SEDOC” (60), de parecer do Pe. Gervásio Fernandes de Queiroga, consultor jurídico da CNBB, e um outro estudo feito pela Comissão Episcopal de Doutrina – CED, versando ambos sobre a TFP. Vinham procedidos de carta introdutória de D. Luciano Mendes de Almeida, Presidente da CNBB, que, sem endossar propriamente os referidos documentos, os encaminha para conhecimento do Episcopado brasileiro.

(59) Santos, 31-10-86.

(60) Vol. 20, n° 204, setembro/outubro de 1987, p. 233 ss.

A TFP preparou uma cabal réplica a tais documentos. Mas esta tomou necessariamente as proporções de um livro inteiro. E, dado o alheamento geral pelo assunto, seria muito difícil vendê-lo ao público. Razão pela qual ficou ela guardada no arquivo de seus exímios autores, absolutamente pronta para ser publicada caso alguma circunstância o torne necessário.

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Desde sua fundação até dezembro de 1988, “Catolicismo” recebeu 418 cartas elogiosas de eclesiásticos ou religiosos. Subscreveram-nas um Cardeal, um Núncio Apostólico, oito Arcebispos, 38 Bispos, 16 monsenhores, três cônegos, 299 sacerdotes, nove religiosos, 30 religiosas e 13 seminaristas.

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Maio de 1985

TFPs levantam barreira de indignação

contra filme blasfemo

Ver TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional nº 17

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Torreão da sede do Conselho Nacional da TFP brasileira (1970-2004), no bairro de Higienópolis, na capital paulista. A pintura acima ilustra a contra-capa de uma das obras da entidade

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