São Filogônio (20/12): a beleza e o valor dos pioneiros na luta contra o mal – Meditações e impostações de alma por ocasião do Natal

Santo do Dia, 20 de dezembro de 1965

 

A D V E R T Ê N C I A

Gravação de conferência do Prof. Plinio com sócios e cooperadores da TFP, não tendo sido revista pelo autor.

Se Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá Dr. Plinio em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.

 

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Hoje é festa de São Filogônio, Bispo e Confessor (sec. IV).

“Ele morreu ainda em suas atividades de Bispo. Ele foi advogado e chamado para governar a Igreja de Antioquia, por uma particular disposição da vontade divina. E tornou-se um dos primeiros – com Santo Alexandre, Bispo, e outros Bispos – a combater pela fé católica o ímpio Ario”.

Quer dizer foi dos que levantaram o estandarte da batalha contra Ario.

“Cheio de méritos, morreu no Senhor. São João Crisóstomo pronunciou em honra dos Santos um belíssimo panegírico no dia de sua festa”.

É uma glória especial aquela de dar começo a qualquer coisa. Nós costumamos homenagear o fundador de uma cidade, de uma dinastia, de uma diocese, o primeiro povoador de um país. Tudo isto se costuma homenagear.

E por tal motivo, “a fortiori, devemos celebrar também os que levantam uma luta santa. Aqui eles são os fundadores da luta, da reação. Têm, portanto, a glória de haverem sido os primeiros a lutar quando estavam isolados e não sabiam com quem haviam de contar. E – em terceiro lugar – tiveram a glória de haver corrido o risco da ventura de levantar o estandarte, de serem os pais espirituais de toda a luta que veio depois deles. De maneira que, por esta razão, S. Filogônio nos deve ser extraordinariamente digno de veneração, porque foi dos que se levantaram na luta contra Ario, um precursor de Lutero portanto, um precursor do Anticristo.

 

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Como cada vez mais estamos próximos da Natividade de Nosso Senhor, é interessante ter também o pensamento voltado para esta grandíssima data.

Tenho aqui uma ficha de Catarina Emmerick, que trata dos efeitos da vinda próxima de Nosso Senhor sobre toda a natureza, tomada a palavra “natureza” não só no sentido dos reinos mineral, vegetal e animal, mas também e sobretudo do homem, quer dizer, de toda a criação divina.

Ana Catarina mostra que nas vésperas do Natal e com ele houve uma transformação e um movimento profundo nas almas, um movimento profundo na matéria. Isto é expresso de um modo muito bonito, com estas palavras dela mesma:

“Todos os corações piedosos estavam aflitos com um santo desejo. Palpitavam sem querer nem saber em presença da Redenção”.

São estes movimentos profundos que há nas almas boas, quando algo de grandioso que se aproxima, sem que saibam o motivo.

“Tudo está em movimento. Os pecadores sentem tristeza, arrependimento e esperança. Os que não querem se arrepender, os pecadores empedernidos, os inimigos, os que hão de crucificar o Salvador, sentem angústia, inquietação e confusão cuja causa não compreendem; porém percebem um movimento indescritível no tempo, cuja plenitude se aproxima”.

Dou muito valor à descrição dessa natureza, porque mostra muito os influxos profundos da graça – e do demônio – no subconsciente das pessoas. Mas tocando no que há de mais interno na personalidade, e mostrando todo o papel do subconsciente nos grandes movimentos da História. O que tem certa afinidade com o tema do livro “Baldeação Ideológica Inadvertida e Diálogo”.

“Esta plenitude e a felicidade que traz consigo estão no coração puro, humilde e humano de Maria, que olha a presença do Salvador do mundo, que nele se fez homem e que, com Luz feita carne, virá dentro em pouco a esta vida, a seus domínios, onde os seus não o conheceram. Por que há homens que procuram e não encontram? Aqui eles deveriam ver que o bem produz sempre o bem, e o mal produz mal quando não é destruído pelo arrependimento e pelo sangue de Cristo. Assim como os santos, os que vivem piedosamente e as pobres almas do Purgatório estão em constante relação entre si, trabalhando juntamente e ajudando-se e comunicando-se mutuamente os meios de salvação e santificação, assim vejo isto mesmo na natureza”.

Então há três movimentos: 1) de todos os maus; 2) de todos os bons e 3) da natureza. E estes três movimentos são habituais na ordem da Criação. Digamos que representam uma luta de uns com os outros, e são fatos fundamentais da História do mundo.

“É inexplicável o que vejo. O que é simples e segue a Jesus, recebe-O gratuitamente. Este terá sempre a graça deste tempo. Nestes dias o demônio está acorrentado, arrasta-se e treme. Por isso aborreço os animais que se arrastam pela terra.”

Observem a conclusão interessante! O animal que se arrasta pela terra é uma figura do demônio, como, aliás, está escrito no Gênesis.

“Também o demônio detestava inausiente (?) da heresia, anda encurvado e não pode fazer nada nestes dias. Tal é a graça eterna deste tempo”.

É curioso que realmente as graças de Natal trazem como que uma renovação disto. Antigamente, quando o Natal ainda não estava comercializado, não estava transformado numa feira para impor o escoamento dos produtos industriais – custe o que custar -, no tempo em que o Natal não estava industrializado, sentia-se muito isto. Uma doçura que vinha, uma cordialidade, uma alegria sobrenatural, nenhum caráter laico nem de longe! Exatamente a industrialização do Natal, a meu ver, é feita para cobrir esta atmosfera. E acabar com o ambiente de Natal, para colocar uma atmosfera de fundo diabólico, que é exatamente feita para liquidar os prejuízos que o demônio têm nesse tempo.

Os senhores querem ver essas influências como são verdadeiras: nas vésperas do nascimento de Nosso Senhor os homens bons estavam alegres; os pecadores que não eram endurecidos estavam arrependidos; os maus estavam profundamente perturbados. Nas vésperas da eclosão do protestantismo, da Revolução Francesa, notava-se completamente o contrário: os homens bons profundamente angustiados, sem saber por que às vezes; os homens ruins alegres, cheios de esperança. Por quê? São as tais influências que percorrem o mundo e que dão o sentido profundo da História.

O que devemos pedir em função disso?

Em primeiro lugar, que Nossa Senhora atue sobre nós e sobre nossa fraqueza, nos dando uma orientação exata destas influências para o lado bom e para os (?) à vantagem de nossa alma.

E, em segundo lugar, que Ela nos dê um meio de resistir neste Natal à atmosfera desse Natal comercializado e péssimo que temos diante de nós. E que é celebrado por toda parte com estas cestas enormes com pseudo-presentes. Cestas de mentira, com presente de mentira, para o Natal de mentira. E  com estas manifestações natalícias horrorosas que se preparam.

Também que Ela nos dê um espírito verdadeiro do Santo Natal. Quer dizer, algo dessa alegria do Natal que vem e da renovação do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Entretanto, gostaria de acrescentar algo e este algo deve marcar nossas festas de Natal.

Não podemos celebrar este Natal como se este fosse um ano qualquer. Nosso Natal deve ser como o Natal numa casa de família quando a mãe está gravemente doente, passando dores atrozes. Compreende-se que se faça uma árvore de Natal, sobretudo que haja um intenso movimento de piedade a propósito do Natal, que haja alguma coisa da alegria natalina, perfeitamente. Mas isto tudo deve ser dominado pela ideia, pela lembrança da mãe que está doente. Quer dizer, há uma espécie de luz de tristeza, luz arroxeada nesse Natal. E é bem isto que deve haver também no nosso Natal por razões que os senhores estão fartos de saber.

Devemos carregar a dor de nossa Mãe [a Santa Igreja Católica, n.d.c.] durante este Natal. Pois que é como filhos dEla que celebramos o Natal.

Gostaria de insistir também no ponto de que, portanto, no momento do Santo Natal, devemos fazer atos de reparação. Nossa Senhora, com certeza, desde o primeiro instante reparava junto ao Menino Jesus todos os sofrimentos que Ele viria a padecer. O dia de Natal teve tristezas e aquele que não é acompanhado de tristezas não presta, de um lado. De outro, nesta situação, não ter esta tristeza é uma coisa completamente inconcebível! Então, o cálice está sendo bebido até a última gota e nós, em vez de pensarmos nos cálices com fel, pensamos nas taças com champagne?! Como é que se pode ter alma para isto?! É evidentemente impossível!

De maneira então que insisto: na própria noite de Natal é preciso sabermos ter um espírito de reparação nos atos de piedade que nesta ocasião vamos oferecer.

Nota: Consulte o ESPECIAL de Natal, com coletânea de documentos do Prof. Plinio.

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